Avaliação de ponteiras de semeadoras
Avaliação de tipos de ponteiras de hastes sulcadoras mostra qual perfil de sulco de cada uma e quais as melhores soluções para cada tipo de plantio
A construção de terraços ainda é uma necessidade no cultivo de diversas culturas, como a cana-de-açúcar, que exigem equipamentos específicos para realizar a operação.
Nos trópicos, a erosão hídrica é a principal forma de ocorrência do processo de degradação das áreas agrícolas, causado pelo desprendimento e carreamento das partículas do solo pela ação da água. A erosão resulta na degradação das terras agrícolas, provocando consideráveis prejuízos ao meio ambiente, em virtude desses danos, várias técnicas conservacionistas foram e vêm sendo desenvolvidas e aprimoradas com vistas a minimizá-los.
Dentro das práticas que reduzem o escoamento superficial da água, a construção de terraços destaca-se por sua capacidade de minimizar o efeito da ação da água em áreas agrícolas em que há a supressão total ou parcial da cobertura vegetal. O terraceamento consiste basicamente da elevação de terra transversal ao sentido do declive do terreno de forma a interceptar a enxurrada antes que ela atinja uma velocidade capaz de provocar o arraste de partículas do solo. A estrutura de interceptação criada pela movimentação de solo permite a infiltração da água de forma lenta, mantendo a umidade do solo e contribuindo para o reabastecimento dos aquíferos.
Após o desenvolvimento de grupo de estudos do Brasil no sentido do desenvolvimento de técnicas conservacionistas, a prática da construção dos terraços ganhou força na década de 70, utilizada tanto no sistema de preparo convencional com mobilização total do solo, como nos sistemas considerados conservacionistas, citando o Cultivo Mínimo com movimentação do solo verticalmente e o Sistema Plantio Direto sem movimentação praticamente.
Os terraços são confeccionados levando em consideração algumas características e são classificados de acordo com a sua função e dimensão.
Quanto à função, pode ser classificado como terraço de drenagem, neste caso ocorrem a interceptação e o escoamento parcimoniosamente do excesso de água, que é conduzida para um canal escoadouro. Este tipo de terraço é indicado para solos com permeabilidade moderada ou lenta e de baixa infiltração. A movimentação de terra para construção da estrutura deste terraço é com curvas em desnível, denominado também de terraço em desnível. Já o terraço de infiltração ou em nível possui movimentação das terras para elevação da estrutura, ocorre em curvas em nível por isso, com função de interceptar a água e retê-la, fazendo-a infiltrar lentamente no perfil do solo.
A dimensão dos terraços diz respeito à largura da faixa de movimentação de terra, sendo classificados como: terraço de base estreita, recomendado nas condições de alto declive; terraço de base média, indicado para pequenas e médias áreas, sendo utilizados os arados de disco ou de aiveca para movimentação do solo; e terraço de base larga, recomendado para grandes áreas com declividade entre 6% e 8%, neste caso, requer um maquinário de grande porte denominado terraceador agrícola.
Apesar de ser uma técnica conhecida e difundida no Brasil, ainda existe grande dificuldade quanto ao seu uso pela falta de conhecimento da importância da técnica para preservação das áreas agrícolas e, muitas vezes, pelo descaso produtor agrícola. Um dos maiores problemas verificados a campo é o dimensionamento incorreto para a alocação dos terraços levando em consideração as características do sistema de produção onde se pretende introduzir, reduzindo, desta forma, a sua eficiência.
O terraceamento altera a superfície do terreno de acordo com o tipo de terraço dimensionado previamente para a área com as diretrizes de conservação de solo. Dada esta característica, os terraços podem ser construídos utilizando-se vários equipamentos agrícolas disponíveis nas propriedades rurais, desde implementos tracionados por animal ou trator, a exemplo de arados, plainas e terraceadores agrícolas.
Utilizando-se os terraceadores, a terra é escavada e desagregada acumulando-se até formar uma estrutura elevada. O terraceador é o implemento que promove a desagregação, elevação da terra e acabamento na construção dos terraços com maior eficiência e qualidade. A mobilização é feita em dois sentidos, de cima para baixo e de baixo para cima, transversal à linha de declive e, neste momento, se faz necessário observar se as leivas de terra estão se sobrepondo, formando uma elevação uniforme após algumas passadas.
Os terraços ao longo dos anos sofreram transformações causadas por agentes externos, como transporte de máquinas, vento, infiltração de água das chuvas em função de construção de galerias por animais. Outro problema que se observa ao longo dos anos é o acamamento do terraço, perdendo sua forma regular e, consequentemente, sua funcionalidade. Diante disso são importantes a avaliação periódica e a manutenção regular.
O terraceador agrícola indicado para construção de terraços é formado por três chassis, sendo um frontal, um direito e um esquerdo, e o cabeçalho com engate para acoplamento a barra de tração ou sistema de levante hidráulico do trator. O chassi frontal possui um conjunto de rodas acionadas por um pistão hidráulico através do controle remoto utilizado tanto no transporte quanto na operação, participando na regulagem do ângulo de corte dos discos, dando forma ao terraço. Nos chassis laterais estão acoplados os discos de corte, estes também são dotados de braços telescópicos articuláveis, que permitem o fechamento dos chassis facilitando o seu transporte. Ao final do último disco nos chassis laterais há a possibilidade de adicionar um complemento opcional com três discos, o que permite um melhor acabamento no desnível deixado pelo terreno. Há também a opção da roda guia dotada de regulagem para o alinhamento do terraceador quando em uso. Cada disco possui um mancal de rolamento que necessita regularmente ser lubrificado com óleo ou graxa.
Os modelos de terraceadores disponíveis no mercado diferenciam-se principalmente quanto ao número de discos de corte, variando de 14 até 48 discos. Quanto maior o número de discos, maior o peso do implemento e, consequentemente, maior a potência requerida no trator para fazer a operação de forma eficiente.
A prática do terraceamento deve atender aos critérios de atenuação ou eliminação de fatores físicos, químicos e biológicos que limitam o desenvolvimento das culturas. Dentre eles, o estado de umidade do solo no momento da construção do terraço merece maior importância, pois interfere de forma significativa em sua eficiência. É preciso ficar atento ao momento correto de se fazer a construção dos terraços, o ideal é que a prática seja feita quando o solo estiver friável, ou seja, na sua capacidade de campo. Nos solos com elevada umidade, os tratores não terão suporte para tracionar o implemento e ocorrerá patinagem, reduzindo a eficiência da prática. Solos com baixa umidade dificultam a movimentação da terra, implicando maior resistência dos discos ao penetrar no solo. A construção dos terraços nesta condição promoverá a formação de torrões, fragilizando a estrutura.
Apesar de ser uma tecnologia difundida em todo o Brasil, seu uso é limitado pela falta de conhecimento sobre sua implantação e custo, principalmente pelos pequenos e médios agricultores. No dimensionamento é preciso considerar fatores indispensáveis para que haja eficiência dos terraços no controle da erosão. Apesar dos modelos existentes no mercado possuírem características gerais parecidas, a escolha do terraceador deverá atender às características da propriedade a qual será destinado. É fundamental para o sucesso da operação a capacidade do operador de entender as relações máquina-solo para que a qualidade final dos terraços, principalmente quanto à existência de fragilidade do camalhão. Os produtores agrícolas, ao reconhecerem o quanto é impactante a perda de solo de suas áreas agrícolas, como se fosse a perda de um patrimônio irrecuperável, se apropriam do conhecimento sobre manejo e conservação do solo, principalmente sobre as técnicas mecânicas de controle de erosão, como é o caso do terracemanto, estes perenizarão as áreas de produção do ponto de vista ambiental. E, sem dúvida alguma, o terraceador é um implemento que apresenta a melhor capacidade operacional e qualidade para a construção dos terraços quando comparado com os outros métodos, e a depender da condição da propriedade e cultura agrícola a ser explorada apresentará um menor custo operacional.
Marcos Roberto da Silva, Fabrício Pedreira Santos, Instituição, UFRB/CCAAB/GPESOA
Artigo publicado na edição 164 da Cultivar Máquinas.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura