Como controlar pinta-preta no tomateiro
Manejo exige integração de medidas que incluem uso de fungicidas aplicados preventivamente ou assim que aparecerem os primeiros sintomas
Disseminação fácil e difícil controle caracterizam o mofo branco em feijoeiro, doença agressiva causada fungo Sclerotinia sclerotiorum, capaz de redundar em perdas de até 100%. Integrar os métodos genético, cultural, biológico e a aplicação preventiva de fungicidas, preferencialmente de modo preventivo, são as principais estratégias para minimizar os prejuízos.
O mofo branco em feijoeiro, doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary, encontra-se amplamente disseminado nas regiões produtoras das mais diversas culturas no país. É fungo polífago e pode causar doença em muitas espécies de plantas.
O mofo branco é conhecido também pelos nomes comuns podridão da haste, podridão branca, podridão aquosa, podridão de esclerotinia e murcha de esclerotinia. Essa doença era considerada como de regiões de clima frio a temperado, porém no Brasil encontra-se disseminada em muitas áreas e tem ocorrido de forma generalizada na maioria das regiões produtoras de feijão e outras culturas hospedeiras. Com o aumento da incidência e da severidade tende a causar, em condições ideais ao seu desenvolvimento, perdas de até 100% se medidas de controle não forem adotadas.
A contaminação dos solos brasileiros por S. sclerotiorum chegou a essa situação devido ao aumento do potencial de inóculo desse fungo, em forma de estrutura de resistência, os escleródios. Além disso, esse patógeno é capaz de se adaptar a condições ambientes adversas. Sua ocorrência e severidade têm sido maior em cultivos de inverno, sob irrigação, ou em safras quando ocorrem clima ameno e períodos chuvosos, com aumento da umidade relativa e do solo.
O uso de sementes portadoras do patógeno contribuiu com a introdução e disseminação da doença, auxiliado pelo movimento de máquinas e implementos de um solo contaminado a outro, sem a sua devida limpeza e desinfecção, dentre outros métodos de manejo não adotados ao longo do tempo por muitos agricultores.
As cultivares de feijão não tem apresentado resistência ao patógeno S. sclerotiorum, que, uma vez introduzido na área, é de difícil controle. Sua estrutura de resistência, o escleródio, pode sobreviver por muitos anos, sob condições adversas, além de ser privilegiado com ampla gama de hospedeiros, incluindo-se algumas plantas daninhas e ser transmitido por sementes.
O patógeno S. sclerotiorum é fungo polífago, pode causar doença em mais de 200 gêneros de plantas, abrangendo 408 espécies, desde culturas de alta expressão econômica a pouca expressão, além de algumas plantas daninhas.
O fungo S. sclerotiorum pode se desenvolver em toda parte aérea da planta e produzir inúmeros escleródios, externa e internamente nos tecidos. A formação de escleródios é favorecida em meio ácido. No processo de colheita do feijão, muitos desses escleródios caem ao solo, contaminando-o e permanecendo viáveis por muitos anos, até em condições adversas.
Normalmente, quando a cultura do feijoeiro atinge a fase de fechamento e as condições climáticas são de baixa temperatura, alta umidade relativa e do solo e na presença de escleródios de S. sclerotiorum, pode ocorrer a formação de estruturas de reprodução, os apotécios e ascósporos.
Os ascósporos são ejetados na sua maturidade e poderão atingir tecidos das plantas suscetíveis e dar início ao processo da doença. Ao atingir as pétalas das flores, o fungo encontrará nutrientes que favorecem o seu desenvolvimento, podendo progredir colonizando outras partes da planta e até causar sua morte. Os ascósporos podem também dar origem a doença em outro tecido, além das pétalas.
Outra forma de início da doença se dá pela formação de micélio branco de aspecto cotonoso, a partir do escleródio presente no solo ou em restos culturais ou introduzidos através de contaminação concomitante com as sementes. Ao atingir o tecido da planta começa a infecção e colonização.
O fungo S. sclerotiorum pode também ser introduzido em uma área, a curtas e longas distâncias, pela veiculação dos escleródios em contaminação concomitante às sementes e em forma de micélio dormente nas sementes. A água de chuva e de irrigação também pode disseminar o patógeno.
Ascosporos de S. sclerotiorum vindos de plantas ou culturas vizinhas também, ao atingir o tecido da planta, dão início a infecção e colonização. Os ascosporos podem ser disseminados pelo vento a longas distâncias.
O fungo S. sclerotiorum pode causar sintomas em toda parte aérea do feijoeiro. As condições ideais são alta umidade relativa e no solo e temperatura entre 20ºC a 25ºC, sendo que pode ocorrer desde 5ºC a 30ºC.
No início, no ponto de infecção aparecem pequenas lesões com aspecto encharcado, evoluindo-se ao desenvolvimento de micélio branco, que lembra algodão, sobre o tecido do feijoeiro. Essas lesões progridem, atingem extensas áreas, onde continua a formação de micélio branco, e após formam-se as estruturas de resistência, os escleródios, interna e externamente nas hastes e nas vagens. O meio ácido torna-se propício ao desenvolvimento dos escleródios. Quando o tecido afetado por S. sclerotiorum torna-se mais velho ou seco apresenta coloração palha claro, que se destaca no campo.
O controle da doença é complexo, pois além de não haver cultivares de feijoeiro com bons níveis de resistência genética disponíveis, o fungo S. sclerotiorum apresenta duas formas de ataque às plantas. Por via aérea, pelos ascósporos produzidos em apotécios, que são formados nos escleródios e através do solo pelos escleródios, que germinam e começam o processo do seu ciclo de vida. As partes afetadas pelo fungo, que caem nos tecidos do feijoeiro ou ao solo e o micélio atingindo a planta também podem dar início a infecção e sua colonização.
Para o controle do mofo branco deve ser realizado o manejo integrado, pois apenas poucas medidas não conduzem ao combate almejado. Na maioria das situações, incluem-se fungicidas.
No manejo integrado, devem ser adotadas todas as medidas de controle possíveis.
É o controle ideal, eficiente, econômico e de fácil adoção, porém como não se encontram cultivares de feijoeiro com resistência genética ideal à Sclerotinia sclerotiorum, é preciso dar preferência a cultivares de porte ereto. A cultivar de porte ereto, semeada com maior espaçamento, facilita a aeração na cultura, proporcionando ambiente desfavorável ao desenvolvimento do patógeno.
Compreende várias técnicas. É importante que o solo contaminado com S. sclerotiorum seja preparado de forma a eliminar o patógeno, através de aração profunda para enterrar os restos culturais contaminados e os escleródios e assim ocorrer sua degradação.
É fundamental usar sempre sementes certificadas isentas de S. sclerotiorum, evitando-se sua introdução e/ou disseminação na área. Existem também produtos para o tratamento de sementes.
A rotação de culturas, principalmente com gramíneas e adubos verdes é ideal para reduzir o potencial de inóculo no solo, aumentando-se a população da microfauna e microflora, parasitas benéficos, antagônicos e competidores com o patógeno, além de melhorar as estruturas físicas, químicas e biológicas e proporcionar maior aeração no solo.
O plantio direto na palha, como de braquiárias, tem proporcionado bons resultados na redução da incidência de mofo branco pela barreira física que evita a entrada de luz, necessária para a formação dos apotécios e na disseminação dos ascósporos.
A escolha da época de plantio para evitar a ocorrência do mofo branco no estádio mais vulnerável da cultura é importante técnica para se evitar prejuízos causados por essa doença.
A redução da densidade de plantio pode reduzir a umidade, através da maior ventilação no interior da cultura, o que desfavorece o desenvolvimento da doença.
Na época propícia à ocorrência do mofo branco, reduzir a irrigação e melhorar a drenagem, mantendo-se baixa a umidade do solo e do ambiente da cultura.
É importante a nutrição da planta, pois planta bem nutrida mantém o maior vigor e a resistência natural, porém deve-se evitar o excesso de nitrogênio, que pode deixar o feijoeiro mais vulnerável ao ataque de S. sclerotiorum.
Adotar o procedimento de limpar, lavar e desinfetar ferramentas, botas e utensílios, tratores e implementos utilizados em áreas contaminadas com S. sclerotiorum com produtos químicos desinfetantes a cada operação.
Os escleródios de S. sclerotiorum podem ser parasitados por fungos como Trichoderma spp., Coniothyrium minitans, Sporidesmium sclerotivorum, Aspergillus spp. etc., sendo mais empregado Trichoderma spp., atualmente. Alguns isolados de Trichoderma sp. podem também promover melhor crescimento da planta. Bacillus subtilis também tem mostrado eficácia no controle da doença.
A aplicação de fungicida deve ocorrer preferencialmente de forma preventiva. É importante atingir o alvo, escleródios e apotécios no solo, toda parte aérea das plantas, com cobertura adequada e realizar repetição conforme a necessidade indicada pelo monitoramento, seguindo-se as recomendações do fabricante.
A época a partir do florescimento, quando do fechamento da cultura é a fase mais propícia ao início do desenvolvimento do mofo branco. Portanto, nessa fase deve-se redobrar a atenção na cultura, às condições climáticas, para não perder o momento de se iniciar a aplicação de fungicida.
Margarida Fumiko Ito, Instituto Agronômico - IAC
Artigo publicado na edição 204 da Cultivar Grandes Culturas.
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