
Telenomus podisi (Ashmead, 1893) é uma vespa parasitoide da família Platygastridae, subfamília Telenominae. A espécie atua como agente de controle biológico natural de percevejos pragas em sistemas agrícolas. Sua importância econômica deriva da capacidade de parasitar ovos de pentatomídeos fitófagos, reduzindo populações danosas às culturas.
Posição taxonômica
A classificação sistemática posiciona Telenomus podisi no reino Animalia, filo Arthropoda, classe Insecta, ordem Hymenoptera. Pertence à superfamília Platygastroidea, família Platygastridae.
Mudanças taxonômicas recentes transferiram o gênero Telenomus da família Scelionidae para Platygastridae, baseadas em análises filogenéticas moleculares e morfológicas.
O gênero Telenomus compreende aproximadamente 570 espécies descritas mundialmente. Apresenta distribuição cosmopolita. Especializa-se no parasitismo de ovos de Hemiptera, principalmente Pentatomidae. T. podisi integra o complexo podisi, grupo que inclui espécies morfologicamente similares separadas por caracteres da genitália masculina.
Características morfológicas
Adultos de Telenomus podisi medem 0,8-1,2 mm de comprimento. Corpo apresenta coloração preta com reflexos metálicos. Cabeça transversa possui olhos compostos proeminentes. Antenas clavadas exibem 11 segmentos nos machos e 12 nas fêmeas. Clava antenal contém 4 segmentos. Asas hialinas mostram venação reduzida.
Mesossoma compacto apresenta pronoto reduzido dorsalmente. Escutelo convexo conecta-se ao propódeo com carenas longitudinais. Metassoma fusiforme possui tergito 1 alongado. Fêmeas possuem ovipositor retrátil para deposição de ovos. Polimorfismo cromático documentado resulta em variações de preto brilhante a marrom-escuro.
Ciclo biológico
Telenomus podisi desenvolve-se através de metamorfose holometábola. Ciclo completo dura 12-15 dias a 25°C. Compreende quatro estágios: ovo, larva, pupa e adulto.
Ovos depositados no interior de ovos hospedeiros incubam por 1-2 dias. Desenvolvimento larval endoparasítico percorre três ínstares em 8-10 dias. Larvas consomem conteúdo do ovo hospedeiro progressivamente. Pupação ocorre dentro do córion hospedeiro durante 2-3 dias. Adultos emergem através de orifício circular no córion.
Longevidade adulta varia entre 7-14 dias. Temperatura influencia duração do ciclo. Desenvolvimento interrompe-se abaixo de 12°C. Mortalidade elevada ocorre acima de 35°C. Faixa ótima situa-se entre 22-28°C.
Reprodução e comportamento
Reprodução arrenótoca facultativa caracteriza a espécie. Fêmeas acasaladas produzem descendentes de ambos os sexos. Fêmeas virgens geram apenas machos. Razão sexual favorece fêmeas na proporção 2:1.
Cópula realiza-se nas primeiras 24 horas pós-emergência. Oviposição inicia-se 12-24 horas após acasalamento. Capacidade reprodutiva alcança 50-100 ovos por fêmea. Taxa intrínseca de crescimento varia entre 0,15-0,20 por dia.
Localização hospedeira ocorre através de cairomônios voláteis. Quimiorreceptores antenais detectam concentrações de 10⁻⁹ g/ml. Distância máxima de detecção atinge 50 centímetros. Reconhecimento tátil via tamborilar antenal confirma adequação hospedeira.
Hospedeiros e especificidade
Telenomus podisi parasita ovos de Pentatomidae. Hospedeiros primários incluem Euschistus heros, Piezodorus guildinii, Nezara viridula e Dichelops melacanthus. Especificidade hospedeira moderada permite aceitação de hospedeiros alternativos em condições laboratoriais.
Preferência manifesta-se por ovos com 0-24 horas de idade. Taxa de aceitação alcança 85% nesta faixa etária. Ovos com 48-72 horas reduzem aceitação para 30%. Marcação química pós-oviposição previne superparasitismo por 72 horas.
Distribuição e ecologia
Distribuição geográfica abrange as Américas, desde o Canadá até a Argentina. No Brasil, ocorre em todos os estados produtores de soja. Adaptação às condições climáticas locais confirma-se através de estabelecimento populacional.
Habitat associa-se a agroecossistemas, especialmente cultivos de soja, milho e algodão. Microhabitat preferencial localiza-se na folhagem, concentrando-se na face inferior das folhas. Atividade limita-se ao dossel vegetativo.
Umidade relativa crítica determina sobrevivência. Dessecação letal ocorre abaixo de 40% UR. Sobrevivência máxima situa-se entre 70-90% UR. Precipitação elevada reduz atividade. Vento forte limita dispersão.
Dinâmica populacional
Crescimento populacional sincroniza-se com hospedeiros. Picos populacionais coincidem com períodos de postura dos percevejos. Gerações múltiplas ocorrem por ciclo da cultura. Tempo de geração varia entre 15-18 dias.
Taxa de parasitismo oscila entre 30-80% em condições naturais. Competição interespecífica ocorre com Trissolcus basalis e Telenomus remus. Partição temporal de recursos favorece T. podisi em ovos recém-depositados.
Fatores limitantes incluem disponibilidade hospedeira, temperatura e umidade. Ausência de percevejos resulta em colapso populacional local. Predação por aranhas, formigas e percevejos predadores afeta densidade populacional.
Controle biológico
T. podisi representa estratégia sustentável para manejo de percevejos em sistemas produtivos. Liberações aumentativas realizam-se nas fases vegetativa e reprodutiva das culturas. Densidade recomendada situa-se entre 5.000-10.000 indivíduos por hectare.
Liberações semanais durante picos populacionais dos percevejos otimizam eficácia. Compatibilidade com manejo integrado de pragas demonstra-se através de seletividade a defensivos. Sensibilidade a inseticidas organofosforados e piretroides limita aplicação simultânea.
Potencial de controle manifesta-se através de taxa reprodutiva elevada e capacidade de busca eficiente. Raio de ação alcança 2-3 metros. Estabelecimento populacional depende de hospedeiros alternativos e condições microclimáticas favoráveis.