Leptodelphax maculigera, comumente conhecida como cigarrinha-africana, é uma espécie de inseto da família Delphacidae.
Recentemente, foi registrada pela primeira vez no Brasil, especificamente no estado de Goiás, representando a primeira ocorrência dessa espécie nas Américas.
Culturas atacadas
A cigarrinha-africana possui hábito alimentar oligófago, alimentando-se principalmente de plantas da família Poaceae (gramíneas).
No Brasil, sua presença foi identificada em culturas de milho (Zea mays), capim-elefante (Pennisetum purpureum), braquiária (Brachiaria sp.) e feijão (Phaseolus vulgaris).
Biologia
Leptodelphax maculigera pertence à família Delphacidae, grupo de cigarrinhas que se caracteriza pela presença de um esporão na tíbia das pernas posteriores. Esse esporão auxilia o inseto no salto, facilitando sua mobilidade entre plantas.
Os adultos da cigarrinha-africana medem entre 3,0 a 3,5 mm de comprimento e apresentam coloração predominantemente palha-clara com olhos escuros e uma mancha marrom-escura no clípeo (parte frontal inferior da cabeça).
Suas asas são membranosas e podem apresentar variações de comprimento (formas macrópteras e braquípteras).
O ciclo de vida de L. maculigera inclui as seguintes fases:
- Ovos: depositados nos tecidos vegetais das plantas hospedeiras. Pequenos e de coloração esbranquiçada, ficam protegidos dentro do tecido vegetal, tornando sua detecção difícil.
- Ninfas: passam por cinco instares ninfais antes da fase adulta. Durante esse período, alimentam-se da seiva das plantas e desenvolvem gradualmente as asas.
- Adultos: após a última ecdise, tornam-se insetos alados, capazes de dispersão para novas áreas de cultivo. O tempo de vida dos adultos pode variar conforme as condições ambientais.
A reprodução da L. maculigera ocorre por oviposição direta nos tecidos vegetais, o que contribui para sua persistência nas lavouras.
Além disso, sua biologia sugere uma alta taxa de reprodução, fator que pode favorecer surtos populacionais em culturas suscetíveis.
Ecologia e Características
Originalmente descrita nas Ilhas Maurício, a cigarrinha-africana é encontrada em várias regiões da África e, mais recentemente, no Brasil. Alimenta-se da seiva de plantas hospedeiras, principalmente gramíneas de importância econômica. Sua capacidade de adaptação a diferentes ambientes e hospedeiros facilita sua disseminação em áreas agrícolas.
Assim como outras cigarrinhas, L. maculigera alimenta-se por sucção de seiva floemática, utilizando peças bucais do tipo estilete perfurador-sugador. Esse comportamento pode causar estresse fisiológico nas plantas hospedeiras, resultando em amarelecimento das folhas, redução no crescimento e queda na produtividade agrícola.
Além disso:
- Possui grande capacidade de dispersão, podendo ser transportada pelo vento para novas áreas agrícolas.
- Condições climáticas quentes e úmidas favorecem sua reprodução e desenvolvimento.
- Sua presença em pastagens e gramíneas espontâneas nas proximidades de lavouras pode servir como reservatório populacional, permitindo sua migração para áreas cultivadas.
A combinação de sua alta capacidade de reprodução, mobilidade e adaptação a diferentes gramíneas torna a Leptodelphax maculigera um inseto de potencial impacto econômico significativo na agricultura.
Danos
Além dos danos diretos causados pela sucção de seiva, que pode enfraquecer as plantas e reduzir a produtividade, há preocupação quanto ao potencial de L. maculigera atuar como vetor de fitopatógenos.
Estudos recentes indicam que essa espécie pode carregar patógenos associados ao complexo do enfezamento do milho, como o fitoplasma do enfezamento pálido do milho (MBSP) e o vírus do raiado fino do milho (MRFV).
Controle
Para o manejo de Leptodelphax maculigera, recomenda-se uma abordagem integrada que inclua:
- Controle biológico: promover a presença de inimigos naturais, como predadores e parasitoides específicos de cigarrinhas, para auxiliar no controle populacional.
- Controle cultural: implementar rotação de culturas e manejo adequado de restos culturais para reduzir populações do inseto.
- Controle químico: utilizar inseticidas registrados para o controle de cigarrinhas, seguindo as recomendações técnicas e respeitando os períodos de carência.
- Monitoramento: realizar monitoramento constante das lavouras para detecção precoce da presença do inseto e avaliação da necessidade de intervenções.
A identificação correta de L. maculigera é fundamental para a adoção de medidas de controle eficazes, diferenciando-a de outras espécies de cigarrinhas presentes nas lavouras brasileiras.
Para saber mais sobre Leptodelphax maculigera, clique em:
- doi.org/10.21203/rs.3.rs-2818951/v1
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