Desde 1993 o mercado externo sinaliza a necessidade de uvas apirênicas (sem semente). A necessidade deve ser crescente. Naquela época o Vale tinha basicamente para exportação tínhamos a variedade Itália. Os produtores realizaram pequenos testes de forma amadora sem obter nenhum resultado concreto.
Um grupo de produtores que compunha o BGMB – Brazilian Grape Marketing Board, uniu-se para realizar as exportações de uva e verificaram que havia necessidade urgente de iniciar-se uma pesquisa que viabilizasse a produção de uvas apirênicas no Semi-Árido Nordestino. Dessa forma foi criado em 1994 o Projeto de Uva sem semente, um esforço conjunto de empresários e de órgãos de pesquisa pública, com apoio do Sebrae.
Atualmente as variedades de uvas sem semente mais promissoras são: Festival, Catalunha (
) e Crimson seedless. A Festival é a cultivar apirênica mais plantada, com um ciclo de aproximadamente 100 dias e com uma produtividade média anual de cerca de 30 t/ha/ano, proporcionando um bom retorno econômico ao produtor por atingir um excepcional preço de mercado.
Importadores procuram
A procura das uvas apirênicas por parte de importadores é muito grande, enquanto que o mercado de uvas com semente apresenta pouco crescimento. Um dos grandes problemas enfrentados atualmente no cultivo de uvas sem semente é sua baixa produtividade, inferior a seu potencial produtivo, havendo necessidade de contínuos esforços para melhorar as produtividades e qualidade bem como a obtenção de novas variedades no sentido de ser competitivo em qualquer mercado. A baixa produtividade é resultado do pequeno percentual de ramos com cacho; isso limita muito a produtividade bem como aumenta a irregularidade de produção, ou seja, há safras boas e outras ruins. Na busca do aumento de gemas frutíferas estão sendo feitos trabalhos com porta-enxertos que confiram um melhor equilíbrio à planta e trabalhos na área de nutrição.
O comportamento da uva sem semente é muito parecido com problemas encontrados anteriormente na variedade Red Globe. Inicialmente começou-se com baixas produtividades e hoje se consegue altas produtividades e sem grandes oscilações, com qualidade excepcional. Por esta razão o aumento da produtividade e qualidade nas uvas apirênicas também é uma questão de tempo e muito trabalho. Em trabalhos realizados com Ethephon (Ethrel) com a cultivar Red Globe, observou-se o aumento significativo no número de cachos emitidos, em aplicações após a colheita, no repouso vegetativo. No início era uma incógnita o motivo deste aumento porque sabemos que a definição das gemas frutíferas ocorre no período compreendido entre a florada e 30 dias após a florada. Assim, com um tratamento de repouso, ou seja, a aplicação de Ethephon após a definição da gema poderia aumentar o número de cachos emitidos. A hipótese é que muitas gemas definidas como frutíferas não conseguem emitir o cacho por falta de reserva de nutrientes que suprem os brotos nos estágios iniciais; através do uso de Ethephon com o objetivo de incrementar a reserva, aumentou-se o número de cachos.
Acúmulo de reservas
O uso de análise de fertilidade de gemas que consiste em observar-se através de uma lupa a gemas e verificar se ela é frutífera ou vegetativa, uma técnica muito utilizada em outros países para determinar o procedimento na poda, veio a comprovar que muitas gemas que eram frutíferas não emitiam cachos por falta de reserva. Isso mostrou-nos a necessidade de ter um repouso adequado para ter-se um acúmulo de reservas. Os trabalhos estão direcionando-se para aumento da fertilidade das gemas e no aumento da reserva da planta e um deles consiste no uso de Ethephon com esta dupla finalidade, especialmente nas uvas apirênicas. Apesar dessas dificuldades a áreas de uvas apirênicas é crescente, mostrando a confiança do produtor nesta empreitada para atender uma exigência de mercado. Maiores informações sobre este tipo de viticultura podem ser obtidas na Publicação do Sebrae intitulada “Uva sem Semente” de autoria de Cesar Hideki Mashima.
Roberto D. Hirai
Consultor
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