Pulverização em lavouras de café
Escolher e fazer uso adequado das pontas de pulverização são fundamentais para melhoria das condições de precisão e segurança na aplicação
Ferramenta importante para proteger a germinação e a emergência de plântulas de soja o tratamento de sementes com fungicidas deve ser adotado com critério e de modo adequado, com especial atenção a aspectos como necessidade, volume de calda, eficiência e compatibilidade de produtos.
O tratamento das sementes com fungicidas oferece garantia de melhor estabelecimento da população de plantas por controlar patógenos importantes transmitidos pelas sementes e diminuir a chance de sua introdução em áreas indenes.
As condições desfavoráveis à germinação da semente e a emergência da plântula de soja, especialmente a deficiência hídrica, tornam mais lento esse processo, expondo as sementes por mais tempo a fungos do solo, como Rhizoctonia solani, Pythium spp., Fusarium spp. e Aspergillus spp. (A. flavus), entre outros, que podem causar a deterioração ou a morte da plântula.
Os principais patógenos transmitidos pela semente de soja são: Cercospora kikuchii, Fusarium pallidoroseum (syn. F. semitectum), Phomopsis spp. anamorfo de Diaporthe spp. e Colletotrichum truncatum. O melhor controle dos quatro primeiros patógenos citados é propiciado pelos fungicidas do grupo dos benzimidazóis. Dentre os produtos avaliados e indicados para o tratamento de sementes de soja, carbendazin, tiofanato metílico e thiabendazole são os mais eficientes no controle de Phomopsis spp., Fusarium pallidoroseum (syn. F. semitectum) Cercospora kikuchii e principalmente Sclerotinia sclerotiorum, quando presente na semente, na forma de micélio interno, dormente. Os fungicidas de contato tradicionalmente conhecidos (Captan, Thiram e Tolylfluanid), que têm bom desempenho no campo quanto à emergência, não controlam, totalmente esses fungos, principalmente Phomopsis spp. e Fusarium pallidoroseum (syn. F. semitectum) nas sementes que apresentam índices elevados desses patógenos (>40%).
Os fungicidas de contato e sistêmicos, já formulados e mais indicados para o tratamento de sementes de soja são apresentados na Tabela 1.
A função dos fungicidas de contato é proteger a semente contra fungos do solo e a dos fungicidas sistêmicos é controlar fitopatógenos presentes nas sementes. Assim, é importante que os fungicidas estejam em contato direto com a semente.
O tratamento de semente com produtos indicados como fungicidas, inseticidas, micronutrientes e inoculantes pode ser feito de forma sequencial, com máquinas específicas de tratar semente desde que disponham de tanques separados para os produtos, uma vez que não foi regulamentada a mistura de agroquímicos em tanque (Instrução Normativa 46/2002, de 24 de julho de 2002, que revoga a Portaria SDA Nº 67 de 30 de maio de 1995). Em pequenas propriedades, o tratamento da semente pode também ser realizado com tambor giratório ou com betoneira.
Vantagens em relação ao tratamento convencional (tambor)
a) menor risco de intoxicação do operador, uma vez que os fungicidas são utilizados via líquida;
b) melhores cobertura e aderência dos fungicidas, dos micronutrientes e do inoculante às sementes;
c) rendimento em torno de 60 a 70 sacos por hora;
d) maior facilidade operacional, já que o equipamento pode ser levado ao campo, pois possui engate para a tomada de força do trator.
Em muitas empresas, o tratamento industrial de sementes (TIS) já faz parte das etapas do beneficiamento das sementes, sendo realizado com a utilização de equipamentos especiais e altamente sofisticados, que combinam a aplicação de fungicidas, inseticidas, micronutrientes, nematicidas, entre outros produtos. Este tipo de tratamento ganha espaço no mercado de sementes de soja (no Brasil, na safra 2015/16, cerca de 30% das sementes foram tratadas neste sistema), em que grande parte das empresas que comercializam as sementes já realiza o tratamento no pré-ensaque, antes do armazenamento ou no momento da entrega das sementes ao produtor.
Este tratamento realizado na Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS) apresenta uma série de vantagens em relação ao tratamento convencional (tambor ou betoneira). Destacam-se precisão do volume de calda e quantidade de sementes a serem utilizados; melhor cobertura da semente com o produto químico; menor risco de intoxicação dos operadores e maior rendimento por hora (existem no mercado máquinas para tratamento industrial, com capacidade de tratar até 30 toneladas de sementes por hora).
Entretanto, deve-se tomar cuidado com os pacotes de tratamento de sementes, pois muitas vezes é utilizada uma ampla gama de produtos na mesma semente, como a combinação de fungicidas, inseticidas, inoculantes, micronutrientes, nematicidas, reguladores de crescimento e polímeros, que podem causar fitotoxicidade às sementes, além do impacto ambiental, devido ao excesso de produtos utilizados, os quais muitas vezes não são necessários em determinadas realidades agrícolas ou situações.
O efeito fitotóxico pode afetar a qualidade fisiológica das sementes, reduzir a germinação e a emergência de plântulas. Esse efeito provoca engrossamento, encurtamento, rigidez e fissuras longitudinais em hipocótilos, principalmente em semeaduras profundas; atrofia do sistema radicular; retardamento do desenvolvimento vegetativo da parte aérea das plantas, associado ao encurtamento da distância de entrenós e em algumas situações a presença de multi-brotamento no nó cotiledonar, reduzindo assim o estabelecimento e a produtividade da cultura.
Diante disso, é fundamental que os agricultores fiquem atentos a forma com que o mercado impõe esses pacotes de tratamento de sementes, devendo ser levados em consideração alguns aspectos antes da sua realização.
Antes de realizar o tratamento o agricultor deve conhecer a necessidade da sua lavoura, pois de que adianta tratar as sementes de soja com determinados inseticidas, nematicidas, entre outros produtos de ação especifica se não existe a presença destes insetos-praga ou nematoides em sua área?
Um aspecto muito importante reside em conhecer a eficiência dos fungicidas (Tabela 2) que estão sendo aplicados nas sementes. Para isso o técnico que irá recomendar o tratamento deve estar constantemente informado, através de dados de pesquisa ou informações técnicas, a fim de evitar uma aplicação menos eficiente e que somente elevará o custo da produção final da lavoura.
É necessário sempre utilizar os produtos que são recomendados (e registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para a cultura, e conhecer a compatibilidade entre as formulações aplicadas, como quando se aplicam inoculantes, pois em alguns trabalhos é possível verificar a redução da eficiência de alguns inoculantes através da influência de produtos (fungicidas).
Trata-se de um aspecto muito importante, pois com a ampla variedade de produtos e pacotes para o tratamento de sementes de soja existentes no mercado muitas vezes são aplicadas várias formulações, que podem exceder o volume de calda recomendado.
No passado utilizava-se 600 mL /100 kg de sementes, quando os produtos eram pós secos (em sua maioria) e a água era usada como o veículo para a aplicação dos fungicidas. Atualmente, a maioria dos produtos (misturas de fungicidas de contato + sistêmico) já vem formulada com outros veículos, incluindo corantes, polímeros, etc. Por essa razão que dependendo dos produtos (formulações) volumes de até 1.100 mL/ 100 kg de sementes já foram empregados sem prejuízo à qualidade das sementes. Porém, vale ressaltar que as sementes devem conter alta qualidade fisiológica (germinação e principalmente vigor) e a semeadura ser efetuada logo após o tratamento. Sementes com danos mecânicos e baixo vigor tendem a soltar o tegumento quando se utiliza volumes elevados de calda, prejudicando a qualidade da semente,
O ideal é que a semeadura seja realizada logo em seguida ao tratamento e a inoculação da semente. Porém estudos realizados com embalagens de polipropileno trançado, laminado, para o armazenamento de sementes tratadas industrialmente, não revelaram problemas desde que as sementes possuam elevada qualidade fisiológica (vigor e germinação) e o volume final de calda não ultrapasse 0,6 L/100 kg de sementes. Por outro lado, se as sementes forem tratadas e inoculadas industrialmente, seguir as recomendações dos fabricantes quanto aos cuidados com o transporte, armazenamento e prazo de validade do inoculante.
Ademir Assis Henning, Embrapa Soja
Artigo publicado na edição 210 da Cultivar Grandes Culturas.
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