Sumitomo Chemical investe na expansão do portfólio para uma produção agrícola sustentável
Por Emily Stoutenborough, Gerente de Comunicações Corporativas da Valent BioSciences LLC; e Ronald Weber, BioRationals Head LATAM da Sumitomo Chemical
Testamos o R65 da LS Tractor trabalhando no interior de aviários, operação que exige um trator com altura reduzida, além de manobrabilidade, facilidade na inversão do sentido de deslocamento, pequeno raio de giro, ampla gama de velocidades e potência na TDP
A equipe do Laboratório de Agrotecnologia do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas da Universidade Federal de Santa Maria esteve, a convite da Revista Cultivar Máquinas, na cidade de Tapejara, no Rio Grande do Sul, para avaliar o desempenho do trator marca LS, modelo R65, em atividades mecanizadas da produção de frangos de corte.
Especificamente fomos visitar as instalações e acompanhar as atividades que são desenvolvidas pelo LS R65 no interior dos pavilhões de produção de frangos de corte da empresa Agrodanieli, de Tapejara.
Analisando os processos como eles ocorrem, nos moldes em que se praticam as operações na empresa, configura-se uma atividade agrícola, mas com forte tendência industrial. A avicultura de grande porte compreende uma sequência de atividades, controles e operações, com grande aporte tecnológico, de modo que, em uma área de aproximadamente 270 mil m² cobertos se busca aumentar a produtividade com o uso de tecnologia, diminuindo a dependência da mão de obra, tão escassa em todas as regiões, e reduzindo o risco mecânico e sanitário dos funcionários.
Depois de uma recepção do patriarca da família, Adelírio Danieli, pudemos conhecer uma empresa notável, com atividades de produção de frangos, unidades de recebimento e esmagamento de soja, abate suíno, varejo de supermercado e combustíveis e, mais recentemente, produção de fertilizante. A partir de uma pequena propriedade e sua descendência de imigrantes italianos, passando por vários períodos de intenso trabalho, a família e a empresa chegam aos dias atuais, com a satisfação de poder influir muito positivamente com seu empreendedorismo na economia local.
A atividade de produção de frangos de corte é muito explorada no Brasil. Iniciando-se na década de 1950, durante alguns anos concentrou-se em estados do Centro do País e na década de 1970 deslocou-se para os estados da região Sul, de forma que atualmente os maiores estados produtores do País são Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Embora o sistema varie de região para região, algumas características são comuns. São cada vez menos frequentes as instalações não climatizadas, e cresce a intensidade de empresas maiores, com forte adoção de tecnologia e controle dos processos.
Com o aumento do volume produzido, principalmente para atender à demanda do mercado exterior, em que se destacam as compras do Oriente Médio, da Europa e da Ásia, o consumo interno também cresceu. Os sistemas atualmente adotados no País têm em comum a necessidade de atendimento a uma legislação cada vez mais rígida e também para conseguir um aumento da produtividade, com critérios de controle sanitário e de conforto animal.
Para alcançar esses objetivos há uma tendência clara para um incremento tecnológico nessa atividade, principalmente em automatização de processos, adoção da climatização e mecanização de operações, que antes eram feitas de forma manual.
Alguns pontos-chave na atividade envolvem aqueles processos que utilizam recursos externos como a água e a energia, assim como aqueles que se derivam da atividade, como o manejo dos resíduos e o impacto ambiental promovido pela atividade. Por isso, cada vez mais se cuida da saúde, higiene e segurança dos trabalhadores, do controle ambiental e principalmente a sanidade e o conforto dos animais em produção.
Para conhecer aspectos dessa produção e, principalmente, a mecanização da atividade, fomos à comunidade de São Domingos, na cidade de Tapejara, visitar uma unidade composta de dois aviários que estava sendo preparada para receber novos pintos. Fomos recebidos pelo senhor Lusinei Sassett, um dos funcionários mais antigos da Agrodanieli, responsável por um conjunto de aviários da localidade. Em geral, no sistema adotado pela empresa, cada família cuida, dependendo da dimensão das instalações, de dois ou três pavilhões, construídos um ao lado do outro. Com adoção de muita tecnologia é possível reduzir consideravelmente a demanda por mão de obra, de forma que apenas um casal, sob a orientação de um supervisor-geral, possa ser responsável pelas atividades na granja.
Particularmente esse conjunto de aviários estava no período de vazio sanitário, pois os animais haviam sido retirados há seis dias e novos animais chegariam em breve. O vazio sanitário é um período em que toda a instalação fica desocupada por um tempo, para respeitar um princípio de biossegurança. Os pintinhos chegam às instalações com um dia de vida e são retirados e levados para abate após o período de 38 a 40 dias, dependendo do peso exigido pela empresa abatedora. Após cada retirada dos animais, é promovido o vazio sanitário, que perdura por 15 a 20 dias. Com esse sistema, em cada aviário são produzidos em torno de seis lotes (corte) por ano.
Segundo informações que colhemos durante a visita, atualmente a empresa preconiza que os aviários tenham uma dimensão média de 150m de comprimento por 16m de largura, em que se podem alojar 33 mil aves. No entanto, por questões de relevo e período de implantação, existem outras dimensões, como 150m de comprimento por 14m de largura, para 28 mil aves, 100m x 12m para 14 mil aves e 150m x 30m para 60 mil aves. No pavilhão de maior dimensão, 150m x 30m, a área é de 4.500 metros quadrados, ou seja, um aviário com quase meio hectare. Portanto, são áreas de manejo relativamente grandes, em que se demanda considerável quantidade de mão de obra ou tecnologia. Além disso, os aviários da Agrodanieli contam com comedouros e bebedouros que descem até o solo quando utilizados e, de forma automática, levam água e comida a cada ponto. Esses sistemas, quando suspensos para a operação de movimentação da cama, ficam a uma altura aproximada do chão de 1,7m.
No fundo do pavilhão é colocada uma linha de exaustores que se combinam com cortinas laterais que, quando abertas, favorecem a umidificação do ambiente e consequente abaixamento da temperatura. Estruturas acessórias como um gerador próprio e um painel de controle fazem a automatização da maioria das ações dentro do aviário.
O trator LS R65 adquirido pela Agrodanieli é equipado com um carregador frontal da marca LS, modelo LL4101, que tem altura máxima de levante de 2.440mm, profundidade de escavação abaixo do nível de 150mm, largura de 1.828mm e capacidade de 0,45m³. Na Agrodanieli ele é utilizado para atividades como manuseio de insumos e para o recolhimento de frangos mortos para o descarte. Os frangos são recolhidos por uma empresa terceirizada do município de Água Santa e são destinados para a fabricação de fertilizante líquido.
Uma utilização mais intensa do LS R65 é realizada imediatamente após a saída dos frangos para o abate, sendo necessária a queima de restos de penas dos animais, com o objetivo de um bom manejo e controle sanitário. Essa operação, normalmente realizada com carrinhos contendo botijões de gás e empurrados manualmente, pode ser feita com o auxílio do trator LS R65 acoplando toda a estrutura equipada com botijões, mangas e bicos queimadores, realizando todo o processo de queima mecanicamente.
No sistema hidráulico de três pontos, outros equipamentos são utilizados, como um distribuidor de calcário e uma enxada rotativa. Durante o vazio sanitário são realizadas diversas operações no interior do aviário e no seu entorno. Nesse método, o trator agrícola da LS Tractor modelo R65 tem um papel importante em diferentes operações que auxiliam e facilitam o processo. Na sequência, é necessário revolver a cama de aviário, com o intuito de descompactá-la e retirar umidade. Esse processo, denominado de “bater a cama de aviário”, tem por objetivo evitar o chamado calo de pé nos animais, que ocorre em face à dureza do piso. Esse processo, quando realizado de forma manual, consome tempo e mão de obra, indisponível nessa e em outras regiões, no entanto com a utilização de trator e enxada rotativa acoplada aos três pontos do sistema hidráulico e acionada pela tomada de potência se torna rápido e econômico. Para essa operação, o LS R65 estava trabalhando a uma rotação de 2.000rpm no motor, com a TDP a 540rpm e em uma marcha correspondente à 3ª simples e no segundo grupo.
Ainda com o auxílio do trator LS R65 e de um distribuidor de calcário é aplicado o cal virgem, não apenas nas dependências internas do aviário, mas em todo o seu perímetro externo. Esse processo tem por objetivo reduzir a concentração de patógenos e preparar a sanidade para a entrada dos novos animais. Todo esse procedimento é repetido, em média, seis vezes por ano e a cada 1,5 a dois anos a cama de aviário é substituída completamente. É importante destacar que a cama de aviário é composta por serragem de madeira proveniente da região, que antes da utilização é tratada e esterilizada. Durante os testes que fizemos para constatar algumas virtudes do trator LS R65, que facilitam a execução do trabalho em ambiente confinado e restrito em dimensões, pudemos destacar como principais a sua dimensão, a reduzida altura total, que permite trabalhar dentro dos aviários, mas principalmente a facilidade de realizar manobras em pequeno espaço, devido ao menor raio de giro, à praticidade do reversor Synchro Shuttle, que garante manobras rápidas mesmo em espaços reduzidos, e à elevação da concha frontal. De acordo com o senhor Lusinei e com o senhor Paulo Roberto Negrini, supervisor-geral de todas as granjas, por essas e outras vantagens do trator LS, assim que termina o trabalho em um aviário, ele é deslocado para outras granjas da empresa, para executar as atividades.
O trator LS, modelo R65 plataformado, utilizado nas instalações da Agrodanieli tem um motor Diesel da marca LS, modelo L4AL-T1-Tier 3, com quatro cilindros, 2.621cm³ de volume deslocado e 16 válvulas, com turbocompressor. A potência máxima produzida é de 65cv a 2.500rpm (norma ISO TR 14396) e o torque máximo disponível é de 203Nm a 1.600rpm. São características comprovadas deste motor, o reduzido consumo de combustível, o controle de emissões padrão Tier 3 e o baixo nível de ruído, que garante maior conforto acústico, muito importante para ambientes fechados.
A transmissão sincronizada LS modelo Synchro Shuttle oferece 32 marchas à frente e 16 marchas à ré, com super-redutor (creeper) e um reversor mecânico sincronizado. O eixo dianteiro é motriz com acionamento mecânico. A tomada de potência (TDP) é independente com acionamento eletro-hidráulico, três velocidades, 540/750 e 1.000rpm, e 58cv de potência máxima.
O sistema hidráulico tem vazão total de 46,8 litros/minuto, pressão máxima de 167kgf/cm² e o sistema de engate de três pontos de categoria II alcança uma capacidade de levante de até 2.100kgf na rótula. O controle remoto é do tipo independente, com duas válvulas na versão standard e três válvulas como opcional, apresentando vazão máxima de 31,2 litros/minuto.
O trator pode ser equipado com pneus 9,5 x 24 R1, 11.2 x 24 R1 e 12.4 x 24 R1 para atividades com limitação de tráfego da máquina em função da largura, e as opções 14.9 x 24 R1 e versão Radial com 250/80 R18 dianteiro e 380/85R24 traseiro para atividades sem restrições da largura, indicados para aplicações que exigem maior capacidade de tração. As opções de rodagem poderão ser escolhidas conforme a necessidade de cada aplicação.
Tanto o trator agrícola LS Tractor R65 Rops como o modelo R50 foram desenvolvidos para trabalhos em áreas restritas, onde a limitação de largura ou espaço nas manobras de cabeceira é difícil, como no caso de aviários, fruticultura, horticultura, floricultura e pecuária em ambientes confinados, como é o caso do trabalho em aviários que pudemos constatar durante o teste. Os dois modelos tem tração dianteira (4x2 TDA) marca LS, utilizando um sistema pivotado. Uma característica importante intrínseca a esses modelos é o ângulo maior de esterçamento, resultando em maior agilidade nas manobras em áreas restritas.
Os tratores, embora pequenos, podem ser equipados com sistema de proteção eletrônica do motor, com a função de resguardar o motor em situações críticas, como a elevação da temperatura ou a queda da pressão no sistema de lubrificação, de modo que se interrompe o seu funcionamento, evitando, assim, danos ao motor.
Ainda como opcional em seu portfólio, o sistema de telemetria é indicado para produtores que buscam melhorar a gestão das máquinas a campo. O sistema disponibiliza informações on-line do funcionamento, como velocidade de deslocamento, temperatura de motor, pressão de óleo, rotação da tomada de potência, localização geográfica, dentre outros. Esse sistema gera um relatório de campo que auxiliará nas tomadas de decisões, melhorando a gestão da frota em campo ou mesmo dentro dos aviários. Essa tecnologia pode ser instalada em todos os equipamentos da fazenda ou granja, integrando a gestão em uma única ferramenta.
A LS Tractor, empresa do grupo LS Mtron, iniciou as suas atividades agrícolas em 1976 na Coréia do Sul. Atualmente o grupo LS é o 13° maior grupo empresarial do país asiático.
No Brasil, a unidade fabril está localizada no município de Garuva, Nordeste do estado de Santa Catarina, próximo a Joinville. Desde 2012, quando ocorreu o estabelecimento da empresa no nosso País, com o início da construção da fábrica, até 2013, quando houve a inauguração da unidade brasileira, a empresa tem apresentado um portfólio variado de pequenos e médios tratores. Atualmente, no Brasil são disponibilizadas aos clientes seis séries de tratores com dez modelos e 15 versões, entre modelos cabinados e plataformados.
O modelo LS R65 que testamos foi lançado no nosso país em 2018, na versão Rops, e em 2019 na versão cabinada. Para esse teste tivemos o apoio estratégico e logístico de Beto Fracaro, que é supervisor nacional de Vendas da LS.
O Grupo Agrodanieli tem sua sede na cidade de Tapejara, região Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul e da microrregião geográfica da cidade de Passo Fundo. A cidade possui população de 24.973 habitantes, de acordo com dados do IBGE de 27 de agosto de 2021, um índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM) de 0,76, considerado médio a alto pelo Atlas de Desenvolvimento Humano dos Municípios, e uma renda per capita de R$ 52.608,60. É conhecida como “Terra do Empreendedorismo e de Oportunidades”. Isso em razão dos seguintes percentuais de retorno de ICMS: 46% da indústria de transformação, beneficiamento e de montagem; 28% do agronegócio; 17% do comércio atacadista e varejista; e 9% do setor de serviços.
É nessa terra que o Grupo Agrodanieli vem a cada ano inovando, gerando novos projetos e contribuindo para o desenvolvimento da região. O grupo está no mercado do agronegócio desde 1990, hoje atua nos segmentos de grãos, fertilizantes, industrialização de soja, avicultura, abate de suínos, supermercados, atacarejo, postos de combustíveis e construção civil. Com destaque para unidades de recebimento de grãos (Tapejara, Água Santa, Vila Lângaro e Sertão), que possuem uma estrutura de descarga de até cinco mil toneladas por dia e armazenagem de 60 mil toneladas.
O grupo surgiu em 1984, comercializando grãos. A adoção do nome Agrodanieli se consolidou em 1997. No ano de 2016 houve reestruturação com a saída de um sócio familiar do senhor Adelírio Danieli e a integração dos seus filhos à sociedade e à administração. A partir desse momento, o foco foi investir em aviários e na avicultura.
Com dois frigoríficos, um incubatório, uma fábrica de ração e uma de subprodutos e insumos para avicultura, recria de aves, postura e corte, a empresa ultrapassou os 2,6 mil colaboradores, responsáveis por toda a cadeia de produção. Em 2021, o Grupo Agrodanieli, iniciou um reposicionamento estratégico, nesse movimento ocorreu a venda das operações industriais de para a Aurora, e passou a fornecer aves para o abate.
A partir dessa reestruturação, concentrou-se em outros negócios, principalmente os aviários, com introdução de tecnologia e redução dos custos de mão de obra. Também criou uma fábrica de adubos organominerais, a Neorgan, que utiliza dejetos da avicultura e biocompostadores, que aceleram o desenvolvimento de micro-organismos, gerando fertilizante organomineral granulado, NPK no grão para o produtor rural. A ideia é harmonizar meio ambiente e sustentabilidade através do reaproveitamento dos resíduos gerados no processo de produção.
As Granjas Danieli, pertencentes ao grupo, são responsáveis por cerca de 2,8 milhões de aves produzidas em cada “criada, sendo seis "criadas" anuais. A cadeia é composta por granjas de recria (preparação para a produção), granjas de produção de ovos (para as granjas de incubatório) e granjas de corte (para envio ao frigorífico). Ao todo, são 21 granjas, sendo seis de recria, quatro de produção e 11 de corte, num conjunto formado por 60 núcleos e 119 aviários. Destes, 81 se destinam ao frango de corte (212 mil m2), 15 à produção e 23 à recria. A estrutura está distribuída em 27 hectares de área coberta.
O Grupo Agrodanieli emprega mais de 500 colaboradores diretos, que atuam em toda a cadeia de produção. Além disso, contribuiu para a chegada do frigorífico Aurora no Município de Tapejara. No conjunto, mantém mais de 2,6 mil colaboradores, ajudando no desenvolvimento empreendedor da cidade. O grupo envia 16,8 milhões de aves por ano para abate.
Esse grupo pretende ir mais longe do que as 38 safras de experiências já adquiridas. O Grupo Agrodanieli ainda tem projetos e sonhos; e um olhar visionário para o mercado. Mesmo com a instabilidade econômica, projeta investimentos no mercado do agronegócio, como a produção de eucalipto para madeira que, segundo Adelírio, “em um futuro próximo, será tão valiosa como a soja hoje”.
José Fernando Schlosser
Henrique Eguilhor Rodrigues
Daniel Ciro de Souza
Laboratório de Agrotecnologia
Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas - UFSM
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Por Estevão Rodrigues, Raphael Neumeister, MRE Agropesquisa; Evânia Alves, Engª Agronoma; Márcio F. Peixoto, Biotech e Peixoto Agropesquisa -- Artigo publicado na Edição 284 da revista Cultivar Grandes Culturas