Conectividade rural acelera de forma expressiva em 2022
Por Gregory Riordan, vice-presidente da ConectarAGRO
Desde a aprovação da tecnologia Bt (transgenia) no Brasil em 2007, o manejo de lagartas atingiu um novo patamar tecnológico. Em cultivares de soja transgênicas, aprovadas em 2010, a tecnologia proporcionou mais proteção para as plantas em relação aos danos causados pelo complexo de lagartas.
O último lançamento de soja no mercado, denominada INTACTA 2 XTEND, apresenta três proteínas (Bt): Cry1A.105, Cry2Ab2 e Cry1Ac. Nessas variedades, as proteínas atuam simultaneamente para oferecer proteção mais abrangente. Em seu alvo agora constam duas espécies de grande importância: Helicoverpa armigera e Spodoptera cosmioides. E mantêm a ação contra lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), falsa-medideira (Chrysodeixis includens), broca-das-axilas (Crocidosema aporema) e lagarta-das-maçãs (Chloridea virescens). Até o momento não foram relatados escapes de lagartas listadas em sua garantia de proteção em lavoura de soja.
Todavia, na safra atual (2022/23), na cidade de Acreúna (GO), um fato chamou a atenção: lavoura com soja INTACTA 2 XTEND apresentou surtos de lagartas pequenas e grandes alimentando-se da cultura, com características de Helicoverpa ssp.
Exemplares dessa população foram coletados no dia 10/11/2022, em fase larval, e mantidos no laboratório da MRE Agropesquisa. No dia seguinte, 30 lagartas foram colocadas em tubos falcon, contendo álcool 96%, e envidas para laboratório qualificado realizar a identificação através da análise molecular. O resultado foi surpreendente: todas as lagartas foram identificadas como Helicoverpa zea (lagarta da espiga do milho). A lagarta típica da cultura do milho agora quebra barreiras e passa a ocasionar danos na soja.
É possível que estejam ocorrendo escapes de lagarta em outras regiões produtoras pelo Brasil. As cultivares de soja disponíveis no mercado com tecnologia (Bt) garantem proteção contra a Helicoverpa armigera. Nenhuma confere proteção para Helicoverpa zea. Sendo assim, pode estar ocorrendo predominância de Helicoverpa zea nas lavouras de soja.
Como táticas de controle a serem recomendadas, pode-se considerar referencialmente as mesmas ferramentas utilizadas no controle da Helicoverpa armigera na soja.
Essa primeira identificação da ocorrência de Helicoverpa zea em soja que apresenta três proteínas (Bt) acende o alerta para que se intensifiquem as amostragens nas lavouras de soja. E também para resgatar o engajamento dos produtores rurais em relação às táticas que visem retardar a evolução da resistência de insetos.
Por Estevão Rodrigues, Raphael Neumeister, MRE Agropesquisa; Evânia Alves, Engª Agronoma; Márcio F. Peixoto, Biotech e Peixoto Agropesquisa -- Artigo publicado na Edição 284 da revista Cultivar Grandes Culturas
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