“PL do Veneno”: envenenado é o ativismo que nega a ciência
A tecnologia por trás da moderna agricultura tem como um de seus principais aliados os produtos fitossanitários, frutos de anos de pesquisa, desenvolvimento e avaliações criteriosa
No último mês de janeiro grande parte das lavouras do Centro Norte do Brasil, abrangendo os estados do Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Bahia registrou volumes de chuvas acima da média. Já a Região Sul do país tem experimentado eventos de seca prolongada, com temperaturas acima da média do período.
As temperaturas abaixo da superfície do oceano, em janeiro, estavam acima do normal partindo do Oeste em direção à região Central, e abaixo do normal na parte Leste do Pacífico Equatorial (Figura 1).
A intensidade dos ventos alísios que convergem no Pacífico Equatorial, soprando do Leste na parte mais baixa da troposfera, ainda se encontram próximo do normal, e as atividades convectivas no entorno da linha de data (posição de 180º na Figura 1) se encontram somente um pouco abaixo do normal. Tais condições atmosféricas e oceânicas são semelhantes àquelas observadas no início de um evento La Niña. Portanto, considera-se que o La Niña ainda se mantém na atualidade. Os principais centros de previsões climáticas do mundo estimam o fim do La Niña para a segunda metade do outono, com previsão do retorno para as condições de neutralidade (quando não ocorre um evento El Niño ou La Niña).
Na Figura 2 as áreas em tons azuis, vermelhos, laranja e amarelo representam as anomalias das temperaturas com base na média desse elemento meteorológico para o período considerado. Os tons azuis representam as áreas que têm probabilidade aumentada (superior a 40%) das temperaturas ocorrerem abaixo do tercil superior, e os tons variando entre o amarelo e o vermelho representam as áreas que têm probabilidade aumentada (superior a 40%) das temperaturas ocorrerem acima do tercil superior ao longo de março até maio. Objetiva-se, com a Figura 2, destacar apenas as áreas com a probabilidades superiores a 40%, sendo portanto, que as demais regiões em branco não representam valores dentro da média.
Em março, as temperaturas devem permanecer acima da média na região Sul do Brasil e na parte litorânea entre o Pará e Alagoas. Em abril e maio é esperado que em quase todo o Brasil as temperaturas ocorram dentro da média do período. Sendo que na parte Leste de Minas e no Espírito Santo são esperadas temperaturas abaixo da média do período.
Na Figura 3, as áreas em tons marrom, bege e verdes representam as anomalias das precipitações com base média das chuvas para o período considerado. Os tons marrons e bege representam as áreas que têm probabilidade aumentada (superior a 40%) das chuvas ocorrerem abaixo do tercil superior, e os tons variando em verde representam as áreas que têm probabilidade aumentada (superior a 40%) das chuvas ocorrerem acima do tercil superior ao longo de março até maio.
Nos meses de março a maio é esperado que a “falta de chuvas” se intensifique em toda a região Sul chegando até ao Mato Grosso do Sul. A tendência é que em março ocorra redução das chuvas também no Sul de Minas, Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
Diferentemente do que tem ocorrido nos últimos meses, em abril o volume de chuvas será reduzido nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e Goiás, que poderão apresentar chuvas dentro da média do período. Em maio, as chuvas poderão ficar dentro da média em quase todo o Brasil, sendo previstas chuvas acima da média somente na faixa litorânea do Nordeste brasileiro, no Noroeste do Pará, no Nordeste da Amazônia e em Roraima.
Até o início de março, o volume acumulado de chuvas deve diminuir na região Sudeste do Brasil, sendo que o maior volume de chuvas deve ocorrer em Goiás, na parte Centro-Sul de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Norte de São Paulo.
Até o dia 13 de fevereiro em Minas Gerais, solos com umidade variando entre 90 e 100% foram identificados nas regiões: de Paracatu, que fica no Noroeste; de Patrocínio, Patos de Minas e Araxá e na porção Leste de Uberlândia e Uberaba, que ficam no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba; na porção Oeste de Bom Despacho, na região Central Mineira; em Piumhi e Campo Belo, no Oeste de Minas; em Passos, Varginha, Alfenas e São Lourenço, Sul de Minas; em Lavras, que fica no Campo das Vertentes; e em Juiz de Fora e Manhuaçú, na Zona da Mata.
Já os solos que se encontravam com umidade variando entre 40 e 60 % foram identificados em Frutal e Ituiutaba, que ficam no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba; Salinas, Janaúba e Grão Mogol, que ficam no Norte de Minas; Araçuai e Pedra Azul e a porção mais ao Norte de Capelinha, que ficam no Vale do Jequitinhonha; em todo o Vale do Mucuri; e em Governador Valadares e Aimorés, que ficam no Vale do Rio Doce.
Destaca-se que as localidades mais secas no estado com a umidade do solo variando entre 30 e 40% são: Pará de Minas e Florestal, que ficam na microrregião de Pará de Minas; em Rio Pardo de Minas, que fica na microrregião de Salinas, e em Ataláia, que fica na microrregião de Teofilo Otoni. Porém, as fortes chuvas ocorridas após 13 de fevereiro devem contribuir para mudar esse cenário.
O excesso de chuvas nas principais regiões produtoras de cafés do país nos últimos meses contribuiu para que o controle de plantas espontâneas, as pulverizações e outros tratos culturais fossem prejudicados, dificultando, assim, a recuperação dos cafezais. Por outro lado, as chuvas acima da média podem favorecer o período de enchimento dos grãos e, consequentemente, a qualidade final dos frutos da próxima safra.
O produtor deve estar mais atento àquelas lavouras que foram podadas, sendo, portanto, necessário atenção redobrada nas “desbrotas”, nas pulverizações para controle das deficiências, principalmente de boro e zinco, bem como também no controle de pragas e doenças.
Nos plantios novos a atenção deve se voltar para o “pegamento” das mudas, pois existe a possibilidade de morte destas, sendo necessário o replantio o mais rápido possível, enquanto os solos ainda estão úmidos.
Considerando que ainda estamos no meio do verão, a probabilidade de ocorrência de chuva de granizo diminui cada vez mais, entretanto,esse fenômeno ainda pode, eventualmente, ocorrer de modo isolado. Nesse caso, se constatada a ocorrência de perdas, o produtor que contratou uma apólice de seguro rural deve acionar esse instrumento de política agrícola que o protege, principalmente, na ocorrência das adversidades climáticas. O produtor que já possui um contrato de crédito rural, na ocorrência desse sinistro, deve procurar a sua instituição financeira e fazer a notificação, bem como solicitar a prorrogação do contrato de crédito rural já existente.
Normalmente, o custo do seguro é alto e de pequena adesão, mas, diante de situações climáticas indesejáveis pode amenizar perdas maiores. Nos últimos dias os preços do café voltaram a subir e existe a tendência de serem melhores nos próximos meses. Diante do atual cenário, os produtores devem ponderar sobre a possibilidade de fazerem suas vendas parceladas, de acordo com suas necessidades, retendo os cafés de melhor qualidade para serem vendidos posteriormente.
As análises e os prognósticos climáticos aqui apresentados foram elaborados com base nas estatísticas e nos históricos da ocorrência de fenômenos climáticos globais, principalmente daqueles atuantes na América do Sul. Considerou-se, também, as informações disponibilizadas livremente pelo NOAA; pelo Instituto Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade — IRI; pelo Met Office Hadley Centre; pelo Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo — ECMWF; pelo Boletim Climático da Amazônia elaborado pela Divisão de Meteorologia (Divmet) do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) e com base nos dados climáticos disponibilizados pelo INMET. (5º Disme) / CPTEC-Inpe.
O prognóstico climático faz referência a fenômenos da natureza que apresentam características caóticas e são passíveis de mudanças drásticas. Desta forma, a EPAMIG e a Embrapa Café não se responsabilizam por qualquer dano ou prejuízo que o leitor possa sofrer, ou vir a causar a terceiros, pelo uso indevido das informações contidas no texto. Portanto, é de total responsabilidade do leitor o uso das informações aqui disponibilizadas.
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