Tecnologia na dose certa

Potência, versatilidade e modernidade são as características que mais se destacam no trator John Deere 7505 testado pela equipe da Revista Cultivar Máquinas.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Um trator moderno, potente, versátil e com a dose exata de tecnologia necessária às suas principais aplicações. Não se pode saber, sem ser participante das equipes, quais as prioridades dos projetistas, ou quais as aplicações que foram visadas com cada um dos projetos das indústrias. No entanto, o que se pôde ver nesta avaliação é que o modelo de trator foi muito bem selecionado pela John Deere Brasil para atuar num segmento de mercado que envolve agricultores tecnificados, que buscam rentabilidade e eficiência. Neste grupo estão os produtores que utilizam a técnica do plantio direto, como o Sr. Juarez Michelini de Colorado-RS, na região de Carazinho, que recepcionou a equipe de Cultivar Máquinas e cedeu seu trator com cerca de 100 horas de trabalho.

O trator modelo 7505 é equipado com um motor JD modelo 6068T, série 350 de 6 cilindros em linha, cilindrada de 6,8 litros. A sobre-alimentação (turbo) assegura potência adicional e menor consumo de combustível. A rotação de trabalho é de 2100 rpm, mas o motor fornece potência constante desde os 1800 rpm, ou seja, pode-se conseguir um ótimo desempenho sem acelerar “fundo” o que favorece a economia de combustível.

O torque máximo de 605 Nm (61,5 m.kgf) ocorre na rotação de 1400 rpm, possibilitando a elasticidade mencionada no subtítulo. Uma reserva de torque de 31 % reforça esta afirmativa.

A potência máxima desenvolvida na rotação nominal, medida pelos padrões ABNT (Norma NBR 5484) é de 103 kW (140 CV) que se convertem em 88 kW (119 CV) na Tomada de Potência. Embora sem realizar um ensaio de pista, usando coeficientes universalmente aceitos podemos estimar uma potência efetiva na Barra de Tração de 76 kW (102,5 CV) em condições de pista de ensaio, ou de 65 kW (88 CV) em condições reais de campo.

O conforto que se sente ao operar a transmissão começa na embreagem: hidráulica, auto-ajustável, multidiscos com cinco discos de 228 mm de diâmetro, arrefecida a óleo.

No entanto nem sempre o operador necessita do uso da embreagem, pois quatro marchas são servo-assistidas (multidiscos de acionamento hidráulico) e podem ser trocadas só com um toque na alavanca, sem uso de embreagem. Um grupo mecânico de quatro velocidades, sincronizadas, completa o conjunto de 16 velocidades à frente ou à ré. Interessante detalhe: as velocidades à ré são cerca de 15 % mais rápidas que à frente, na mesma marcha. Esta característica favorece as manobras de cabeceira.

O arranjo das marchas oferece 8 velocidades nas faixas mais usuais (de 4 a 12 km/h). A gama baixa poderia ser um pouco mais lenta, pois em primeira velocidade alcança-se 2,7 km/h com o motor completamente acelerado. No outro extremo da gama o trator atinge 32,7 km/h, que lhe dá boas condições de deslocamento em rodovias.

O diferencial possui bloqueio com confortável acionamento eletro-hidráulico.

As reduções finais, posicionadas logo à saída do diferencial, são do tipo epicíclico (planetárias).

A tração dianteira possui diferencial autoblocante e acionamento eletro-hidráulico, com um simples toque de botão no console se consegue este recurso adicional, montagem padrão deste trator. Não existe 7505 4X2.

Para “segurar” uma massa de no mínimo 5970 kgf (8000 kg no máximo, com lastragem completa) é necessário ter bons freios. E isto o 7505 tem: freios independentes a disco, em banho de óleo, auto-ajustáveis e de acionamento hidráulico. Portanto, eficácia e pouco esforço para o operador.

A montagem padrão do sistema hidráulico é com bomba de engrenagens que fornece uma vazão máxima de 66 litros por minuto. Opcionalmente pode-se ter uma bomba de pistões axiais com compensação de pressão e vazão, chegando a 100 l/min e 190 bar de pressão máxima.

Duas válvulas de controle remoto (ou três opcionalmente) fornecem vazão de 60 l/min (ou 96 com a bomba opcional de pistões).

Os acoplamentos seguem as normas ABNT e internacionais, Categoria II.

A barra de tração pode ser usada fixa, ou oscilante.

O Sistema Hidráulico de Levantamento em 3 pontos, com pistões externos de levantamento, tem capacidade de 4850 kgf na rótula de engate ou de 2950 kgf a 650 mm do engate, de acordo com a Norma NBR 13145. O controle é feito eletronicamente por sensores posicionados nos braços inferiores.

A Tomada de Potência independente opera com acionamento eletro-hidráulico e oferece 540 ou 1000 rpm na rotação do motor de 2000 rpm. A troca de rotação é obtida através de engenhoso sistema que inversão da posição da própria árvore da tomada, expondo o acoplamento devido (6 ou 21 estrias).

As bitolas dianteiras podem ser variadas de 1598 a 2098 mm, e as traseiras de 1579 a 2727 se o trator for sem cabine e de 1637 a 2727 se estiver equipado com cabine.

No eixo dianteiro a mudança das bitolas é feita pelo sistema de trocas de posição entre o aro e o disco da roda, com castanhas. No eixo traseiro existe um sistema que é clássico da John Deere: cremalheira na semi-árvore final e movimentação da roda por um pinhão. O sistema facilita a montagem de rodagem dupla, opção para conscientes produtores que desejam diminuir a pressão sobre o solo ou incrementar o potencial de tração em solos argilosos.

A direção hidráulica é acionada por um sistema sensível à carga (“load sensing”) o que lhe assegura prioridade de funcionamento frente ao restante do sistema hidráulico, através de uma válvula de vazão prioritária.

Com distância entre-eixos de 2650 mm e bom angulo de esterçamento das rodas (52º ) aliado a um ângulo de caster de 12º consegue-se surpreendentes manobras do trator. Apesar do comprimento total de quase 5 metros quando equipado com lastros frontais, pode-se realizar manobras com raios de giro livre ao redor de 5.500 mm, ou 4.500 mm com os freios acionados.

A cabine é um “mundo” à parte neste trator. A começar pelo acesso que é fácil e amplo. O degrau da escada poderia ser um pouco mais baixo, porém é largo e anti-derrapante.

A estrutura é de proteção anticapotamento, e a sensação de segurança é complementada pelo cinto de segurança pélvico.

O painel é analógico, de fácil e imediata interpretação. Os comandos estão ergonômicamte dispostos, em sua maioria no console de operação à direita do operador. O esforço para acionamento e a dimensão dos comandos é ajustado à ação que se quer comandar.

O sistema de iluminação é completo, adequado inclusive ao trânsito em rodovias, com luzes indicadores de direção.

O ruído é surpreendentemente baixo no momento em que se fecha a porta da cabine. Nem o eficiente sistema de ar condicionado consegue perturbar com seu ruído.

O assento ajustável e a ergonomia aplicada em todos os comandos completam o conforto, permitindo trabalho sem cansaço por longas horas.

Seguindo uma tendência moderna, retomada na década passada na Europa, a estrutura do 7505 é feita por um chassi externo, de chapa de aço fruto de uma construção modular, que garante robustez ao conjunto, durabilidade dos componentes estruturais, flexibilidade e facilidade de acoplamento de equipamentos como pás-carregadeiras, capinadeiras, etc.

A manutenção é facilitada pela abertura das laterais e da parte dianteira da lataria, permitindo o acesso aos componentes como filtros, correias, tubulações, etc.

Uma máquina moderna, forte, confortável e confiável. Agilidade no serviço, eficiência operacional, que mais se pode esperar de um trator com a dose exata (gerenciável) de tecnologia embarcada?

Se o leitor não estiver de acordo com o preço, bem, recomendamos pensar em custos operacionais e não no preço inicial puro e simples. Bons negócios!

* Confira este artigo, com fotos e tabelas, em formato PDF. Basta clicar no link abaixo:

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