Sobre as águas

O aerobarco, última novidade para a aplicação de herbicidas aquáticos, possui sistemas eletrônicos para controle e monitoramento em barragens

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

As plantas aquáticas que infestam os cursos d’água representam um problema considerável para a geração de energia elétrica no país. O acúmulo de espécies como o aguapé, a alface d’água e a egéria nas tomadas d’água das usinas hidroelétricas geram perdas que podem chegar a 10% do potencial de geração.

No sentido de gerar tecnologia para o manejo de plantas aquáticas, alguns projetos de pesquisa estão sendo desenvolvidos na FCA/UNESP - Botucatu (SP), incluindo métodos biológicos, químicos e mecânicos.

Através de um financiamento da CESP - Companhia Energética de São Paulo - a FCA desenvolveu um aerobarco para aplicação de herbicidas aquáticos dotado de sistemas eletrônicos para controle e monitoramento das aplicações. Baseado em componentes importados, na sua maioria, este aerobarco possui motorização veicular (motor GM V8 com 350 cv a 4500 rpm), hélice de passo fixo e sistemas de direcionamento dotado de dois lemes fixados no fluxo de ar da hélice. Assim, o aerobarco pode navegar sobre as áreas infestadas com plantas aquáticas sem os problemas inerentes aos sistemas convencionais de propulsão com hélice dentro da água. Como exemplo dessa característica, um barco com motor de popa dificilmente navegaria sobre as plantas sem que sua hélice ficasse presa na vegetação. Outro problema é o risco que um motor de popa pode representar para a fauna em alguns reservatórios (danos mecânicos causados pela hélice). Por isso, em alguns locais o uso desse tipo de propulsão é proibido. No caso do aerobarco, considerando-se que sua hélice fica fora d’água, a navegação se torna segura neste sentido.

O sistema de pulverização do aerobarco da FCA foi desenvolvido e equipado com correção de volume aplicado em função de variações da velocidade de nevegação, garantindo precisão nas aplicações. Dada a impossibilidade de utilização de dispositivos como radar ou sensores de rodas, a velocidade de navegação é obtida através de um equipamento DGPS (sistema de posicionamento global diferencial), o qual possui grande acurácia na definição da velocidade. Além disso, o sistema pulverizador se utiliza de um controlador com válvula reguladora de pressão acionada por motor elétrico e um sensor de fluxo, possibilitando o ajuste automático do volume aplicado. Diversos componentes do sistema eletrônico de controle da aplicação foram reprojetados pelo fabricante, de acordo com o projeto desenvolvido na FCA.

Em termos operacionais, o aerobarco pode se deslocar com velocidades de até 50 km/h. Entretanto, as aplicações são realizadas com velocidades entre 8 e 20 km/h, aplicando-se uma faixa de 6 m de largura.

Outra cartacterística importante deste sistema é que ele é utilizado também para registrar todas as fases do processo de aplicação, gerando mapas georeferenciados de todos os deslocamentos do aerobarco. Assim, estes registros informam onde as aplicações foram realizadas, assim como a quantidade de produto que foi utilizada. Ainda, um sistema de barra de luzes (“light bar”) oferece ao operador a possibilidade de navegar tendo como referência as linhas virtuais geradas pelo DGPS, garantindo assim a precisão necessária para sobrepor as faixas de aplicação de maneira adequada. Toda essa tecnologia se torna necessária para que se possa ter um sistema seguro de aplicação e monitoramento, pois as exigências dos órgãos ambientais no Brasil para este tipo de atividade são muito maiores do que em outros países.

O trabalho desenvolvido na FCA é o primeiro do gênero no mundo, para aerobarcos, onde são unidas a tecnologia de aplicação e a eletrônica para controle e monitoramento.

Um novo projeto de aerobarco está sendo desenvolvido na FCA, agora contando com a maioria dos componentes desenvolvidos no Brasil. O casco, inclusive, está sendo desenvolvido por um aluno do curso de pós-graduação da FCA. Neste novo aerobarco, financiado pela empresa que administra os reservatórios do rio Tietê no Estado de São Paulo (AES-Tietê), os conceitos do sistema de pulverização, controle, navegação e monitoramento estão sendo ainda mais otimizados. A partir do desenvolvimento de novas tecnologias em conjunto com empresas nacionais, haverá também redução de custos na produção do aerobarco.

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FCA/UNESP - Botucatu/SP

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