Irrigação auxilia no aumento de produtividade no cultivo protegido
Por Maxwell Soares da Silva, Especialista Agronômico da Netafim
As empresas de sementes de milho vêm apresentando ao longo dos anos avanços significativos em genética e biotecnologia e, consequentemente, têm aumentado a eficiência produtiva e qualitativa dos grãos, agregando assim valores a toda a cadeia do agronegócio do milho. Pode-se dizer que a escolha de uma semente com alta tecnologia embarcada define o nível técnico de uma lavoura, bem como o seu potencial produtivo.
A boa semente é capaz de mostrar para o produtor toda a trajetória da sua futura lavoura desde o momento do plantio até sua colheita. Por essa razão é comum dizer que, dependendo do nível de tecnologia de uma semente, o produtor terá uma lavoura de baixo, médio ou de alto nível tecnológico. Portanto, a adoção de sementes de alta tecnologia, aliada a um manejo de plantas adequado e à dedicação do produtor, permitiu colocar o Brasil entre os três primeiros produtores e exportadores de milho do globo.
O gasto com a semente pode chegar a até 20% do valor das despesas de custeio de uma lavoura de milho. Por essas e outras razões, como região de cultivo, condições de solo e de clima, o produtor de milho sempre deve optar por uma semente certificada de qualidade, seja ela transgênica ou não.
Analisando o mercado de sementes considerando o levantamento de cultivares realizado anualmente pela Embrapa Milho e Sorgo, temos os seguintes dados. Na safra passada 98 novas cultivares foram disponibilizadas no mercado. Já para a safra 2021/2022, 259 cultivares estarão disponíveis, das quais algumas lançadas exclusivamente para a safra verão e inverno 2021/2022, bem como cultivares lançadas em safras anteriores, mas ainda demandadas pelo mercado em decorrência do alto nível de tecnologia e da facilidade de aquisição nas diversas regiões de cultivo.
Em relação a novos eventos, pode-se dizer que permanecem os mesmos, mas com destaque para o VT PRO 3 e o Agrisure Viptera 3, tanto na safra de 2020/2021 quanto na atual (2021/2022). Para a próxima safra deverá entrar no mercado o evento VT PRO 4, que é a nova biotecnologia para milho híbrido, que proporciona ampla proteção contra as principais pragas que podem atingir as partes aéreas e radicular das plantas. Cultivares com eventos Powercore Ultra e VT PRO 2 são bem demandados pelo mercado.
Os híbridos simples são responsáveis por mais de 50% do mercado de milho no Brasil, tanto nesta quanto em safras anteriores. Nesta safra perfazem 50,19% do mercado; os triplos, 1,93%; os duplos, 1,16%; e as variedades são 2,70% do mercado. Ainda está disponível uma inexpressiva percentagem de híbridos do tipo Top-Cross e sintéticos. Grande parte das empresas de sementes não informa qual é o tipo de híbrido lançado, o que representa 42,86% do total de cultivares em levantamento no período.
Em relação aos ciclos das cultivares, o ciclo precoce continua dominando o mercado de sementes, como em outras safras, seguido dos superprecoces e semiprecoces, respectivamente. Historicamente, o híbrido de milho de ciclo precoce tem sido o mais demandado pelos produtores, tanto na primeira quanto na segunda safra, razão pela qual ser o de maior representatividade no mercado.
As diversidades de colorações das sementes de milho são resultantes do acúmulo de pigmentos derivados de duas principais classes especializadas de metabólitos – carotenoides e antocianinas (uma classe de flavonoides).
O mercado e a indústria de processamento de milho no Brasil normalmente têm preferência pelo grão de cor alaranjada. Grande parte das cultivares atualmente desenvolvidas pelas indústrias sementeiras é de cor alaranjada, responsáveis por 35,13% do mercado, seguido pelo milho amarelo-alaranjado (com 22,39%) e, por último, o amarelo, com 12,35%.
Em relação à textura e ao formato dos grãos, o milho de textura semidura é o mais demandado pelo produtor, em razão de ser o mais procurado pela indústria de processamento dos grãos, por proporcionar maior rendimento na fabricação de alimentos derivados do cereal em geral. O milho de textura semidura representa 42,86% do mercado, seguido do semidentado, responsável por 23,55% das vendas.
Todas as cultivares de milho, que estão no mercado de sementes, recém-lançadas ou de safras anteriores, estão registradas no aplicativo Doutor Milho, que anualmente é atualizado com as novas cultivares lançadas no mercado, visando atender o produtor no cultivo das safras de verão e inverno de cada ano.
O aplicativo foi desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo, com o objetivo de colocar o produtor a par das novas tecnologias embarcadas nas cultivares. Esse app traz também informações sobre características agronômicas, tolerância e resistência às principais doenças que atacam as plantas do milho, que podem ser variáveis de acordo com a região e as condições climáticas. Para uma melhor escolha da semente correta para cada região sugere-se que o produtor tenha um bom conhecimento da situação climática local e faça uso do Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático).
De forma geral, o mercado de sementes de milho tem mostrado comportamento semelhante safra após safra, em relação às características das cultivares em função do mercado, às condições de clima e solo, e às necessidades das indústrias, que absorvem entre 60% e 80% do produto para a fabricação de ração animal, com exigências em relação a cor e a textura dos grãos.
Israel Alexandre Pereira Filho e Emerson Borghi (Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo)
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