Manejo integrado de míldio em meloeiro
Para controlar o problema é preciso atenção ao diagnóstico e adoção de medidas integradas, que garantam sucesso no manejo e previnam prejuízos
Apesar de serem dois implementos simples, subsolador e escarificador são de extrema importância para lavouras onde o produtor quer manter a produtividade sem abrir mão do cuidado com preservação da terra e da cobertura, por isso é necessário saber quando utilizar cada um destes implementos e a forma correta de operar.
O subsolador e o escarificador têm uma mínima mobilização superficial (vertical), já que eles atuam em sub-superfície, na zona de fratura do solo em um corte tridimensional, ou seja, agridem menos o solo, não havendo elevação do mesmo, diferente do arado que corta, eleva e inverte a leiva e a grade que nivela e destorroa movimentando o solo lateralmente. O escarificador e o subsolador deixam resíduos em superfície, o que traz todos os benefícios da matéria orgânica no solo que, além de melhorar a infiltração, mantém parte da estruturação do solo, pois não promove desagregação excessiva. Devido ao maior aporte de matéria orgânica e a não desestruturação do solo há uma melhor retenção de água e redução de processos erosivos no solo.
O escarificador utilizado no sistema de cultivo mínimo substitui a função do arado como preparo primário do solo. Desagrega menos o solo, já que atinge as zonas de fratura do mesmo e não inverte a leiva e ainda possui o diferencial de descompactar camadas mais profundas do que o arado.
O escarificador trabalhando na mesma profundidade que um arado de disco tem necessidade energética 60% inferior ao arado (Martuchi, 1985) Quando comparado com os demais equipamentos agrícolas de preparo de solo, tem a menor exigência energética para funcionamento (Salvador et al, 1995).
Numa escarificação bem conduzida há benefícios econômicos (menor tempo com equipamento na área, economia com combustível, economia com tempo de mão de obra e menor número de equipamentos a serem adquiridos) e conservacionistas do solo (menor desestruturação do solo, menor erosão, manutenção da matéria orgânica em superfície, dentre outros).
Apesar das vantagens, não há a substituição total das funções da grade e do arado, já que os dois últimos têm melhor desestruturação e por consequência um melhor contato do solo com a semente. Como o escarificador foi desenvolvido para atuar em sistemas conservacionistas de solo, ele não foi projetado para trabalhar em condições de pedras e tocos, situações que podem danificar o equipamento caso se trabalhe nessas condições.
Na evolução de uma área, tem o preparo inicial (desmatamento, destocamento, desenraizamento, retirada de pedras e enleiramento), o preparo convencional (preparo primário e secundário) e o cultivo mínimo. Se as atividades que antecedem o cultivo mínimo foram realizadas corretamente, o solo deve estar praticamente livre de tocos ou pedras.
Como o escarificador foi projetado para trabalhar no sistema cultivo mínimo e nesse sistema uma das premissas é manter pelo menos 30% de matéria orgânica na superfície, há grandes chances de o material vegetal “embuchar” no equipamento caso este não esteja equipado com um disco de corte.
Subsolagem é uma prática de mobilização sub-superficial do solo para corrigi-lo, destruindo as camadas compactadas em sub-superfície. Igual ao escarificador, o subsolador também não revolve o solo, ele atinge as zonas de fratura do solo em três dimensões. Apesar da semelhança com o escarificador, o subsolador atinge camadas mais profundas, com isso, há uma maior necessidade de potência do trator e se não for bem manuseado pode compactar em sub-superfície. Assim, sua utilização é indicada apenas quando os outros equipamentos não conseguem atingir a camada compactada.
Como o subsolador atinge camadas mais profundas, há a necessidade de maior potência do trator, por isso esse equipamento é o que possui maior necessidade de potência e maior consumo de combustível dentre todos os equipamentos agrícolas de preparo de solo.
O subsolador tem uma maior exigência de potência por haste e, consequentemente, um maior consumo de combustível. Ele não deve ser utilizado em condições de solo muito úmido e, se o uso for mal planejado, destrói a estrutura do solo em maiores profundidades, o que torna mais difícil a correção do que em camadas mais superficiais, e com isso aumentam-se perdas de água e nutrientes.
Entre as principais vantagens e benefícios do uso de subsolador e escarificador podem-se destacar: maior infiltração de água, melhor penetração das raízes, melhor aeração do solo, melhor drenagem e diminuição da erosão.
Basicamente os fatores a serem levados em consideração na hora da operação e das regulagens são: profundidade de escarificação ou subsolagem, número de hastes, tipo de ponteira, espaçamento entre hastes e velocidade de deslocamento.
O controle de profundidade vai variar de acordo com o tipo de equipamento (forma de acoplamento) e sua roda limitadora de profundidade. Se o subsolador for montado, ele terá uma roda de metal que só tem essa finalidade, já se o equipamento for de arrasto, ele terá rodado para transporte que também será utilizado para limitar a profundidade de operação.
Quando o equipamento é de arrasto para se obter a profundidade necessária é preciso utilizar os anéis de metal no pistão hidráulico do equipamento, esses anéis impedem que o pistão chegue até o final do seu curso, limitando a profundidade da operação. Quanto mais anéis, menor será a profundidade que o equipamento irá trabalhar; sem os anéis o equipamento irá trabalhar no máximo de sua capacidade.
A profundidade de trabalho é a profundidade real que se vai trabalhar, é a profundidade ao qual se deve atingir para exterminar a camada compactada. A profundidade de trabalho é 5cm a 10cm da camada compactada, logo, se existe uma camada compactada na profundidade de 60cm, a profundidade de trabalho vai ser entre 65cm e 70cm, ou seja, a ponta da ponteira deve atingir essa profundidade para ter certeza que estará quebrando a camada compactada.
O espaçamento entre hastes é de fundamental importância para que não fique nenhuma parte da área sem ser trabalhada ou compactada, ou que as hastes não fiquem muito próximas, fazendo com que o trabalho de uma anule o efeito da outra. Se isso ocorrer, haverá a necessidade de maior número de passadas e, consequentemente, maior consumo de combustível.
O que influencia no espaçamento entre as hastes é a largura da ponteira. Se a ponteira for estreita (entre 4cm e 8cm), o espaçamento entre hastes deve ser 1 a 1,5 vez a profundidade de trabalho, já se a ponteira for alada (8cm <), o espaçamento entre hastes vai ser de 1,5 a 2 vezes a profundidade de trabalho.
Tomando como exemplo uma camada compactada a 30cm e um equipamento com uma ponteira estreita com largura de 8cm, a profundidade de trabalho deverá ser de 35cm a 40cm. Se a profundidade adotada for de 35cm, o espaçamento entre hastes irá variar entre 35cm e 42,5cm. Se a profundidade de trabalho for de 40cm, a distância entre as hastes deverá variar entre 40cm e 60cm.
Supondo que a ponteira foi trocada por uma de 15cm, alada, agora o espaçamento entre hastes vai ser de 42,5cm a 70cm, se utilizar 35cm como profundidade de trabalho. Caso a profundidade adotada for de 40cm, o espaçamento entre as hastes deverá ser de 60cm a 80cm.
Caso o equipamento tenha hastes na frente e atrás (Figura 3), o espaçamento entre hastes deve ser igual entre todas, ou seja, se um equipamento tem cinco hastes (duas na frente e três atrás), o espaçamento da primeira haste que está atrás para a primeira da frente deve ser igual ao espaçamento da primeira da frente e da segunda de trás e assim sucessivamente.
Profundidade crítica é a profundidade máxima até onde se tem benefício com a escarificação ou subsolagem, abaixo dessa profundidade a operação apenas causa malefícios. É diferente da profundidade de trabalho, pois a mesma está condicionada à profundidade em que se encontra a camada compactada, enquanto o que condiciona a profundidade crítica é a largura da ponteira. Ou seja, pode ocorrer a situação de um equipamento chegar abaixo da camada compactada, mas se a profundidade crítica for menor que a de trabalho o equipamento não vai realizar a operação. Neste caso, o equipamento atingiu a profundidade de trabalho, mas não está havendo a descompactação dessas camadas naquela profundidade e sim contribuição para o aumento da compactação nas mesmas.
Abaixo da profundidade crítica não há aumento na área trabalhada, o que ocorre é um aumento da força de tração naquele ponto, que ajuda a compactar o solo nos pontos abaixo da profundidade crítica. A partir dela o equipamento só está riscando o solo. O que determina a profundidade crítica é a largura da ponteira, a mesma é determinada a partir da multiplicação da largura da ponteira por 5 e 7.
Supondo que esteja trabalhando com uma ponteira de 6cm de largura e queira atingir uma profundidade de trabalho de 60cm, a profundidade crítica para essa ponteira é entre 30cm e 42cm, ou seja, nessas condições, mesmo que a haste atinja a profundidade de trabalho, não estará havendo benefícios na operação, podendo até estar piorando a condição atual do solo. Neste caso, deve-se realizar a troca por uma ponteira mais larga. Se a profundidade crítica estiver entre 60cm e 84cm, é recomendado utilizar uma ponteira de 12cm, por exemplo, para resolver o problema.
Por último, depois de todas as regulagens, deve-se realizar o nivelamento do equipamento junto ao solo. Nos equipamentos montados isso é feito no terceiro ponto, já os equipamentos de arrasto possuem um sistema próprio. O operador deve baixar o equipamento ao máximo no solo e operar poucos metros até ele perceber que as hastes entraram totalmente no solo; feito isso, ele deve descer do trator e nivelar o equipamento de forma que ele fique reto ao nível do solo.
Na maioria das operações com equipamentos agrícolas o teor de umidade no solo deve ser em qualquer ponto da friabilidade, porém, para o escarificador e para o subsolador o ponto ideal é o limite inferior da friabilidade, ou seja, próximo à tenacidade, onde a força de coesão é um pouco maior do que a de adesão.
Nesse ponto será necessário menos energia por parte do trator para o preparo da área, havendo uma maior propagação da tensão de compressão, ou seja, a atividade será melhor desenvolvida, obtendo melhores resultados com aumento de área trabalhada em comparação com o trabalho em outras umidades.
Quando se trabalha em condição de excesso de umidade, a água atua como um lubrificante, evitando com que a ponteira atinja as zonas de fratura do solo, obtendo uma menor área trabalhada. Os espaçamentos predefinidos das hastes não irão surtir efeito benéfico, além dos efeitos maléficos de uma possível compactação da área. Uma analogia simples seria como passar uma faca (haste) em uma margarina (solo muito úmido), após a faca ser passada, a margarina tende a voltar para o seu posicionamento anterior.
Já trabalhar em condição de baixa umidade deixará muitos torrões e de grande tamanho, então, será necessária uma maior potência do trator, consequentemente, maior energia, além de poder danificar o escarificador ou o subsolador devido à maior demanda de potência e às inúmeras vezes em que as hastes irão desarmar.
Deve-se tomar muito cuidado na operação com o escarificador ou subsolador, operadores inexperientes tendem a elevar e baixar demais o equipamento, tornando-a uma atividade ineficiente, já que em alguns pontos a haste vai abaixo da profundidade a ser trabalhada e, em outros, acima, deixando pontos na área ainda compactados.
Para verificar se a operação está sendo realizada corretamente é recomendado que se utilize uma vareta graduada de tamanho considerável e vá seguindo o trator afundando a vareta até onde o solo ofereça resistência. Se após algumas verificações for constatado que a vareta está afundando sempre a mesma profundidade é porque a atividade está sendo realizada corretamente. Caso seja verificado que existem profundidades diferentes, há a necessidade de passar novamente na área e dessa vez tomar mais cuidado no ajuste de profundidade.
O sistema de segurança das hastes dos escarificadores ou subsoladores são o pino fusível e o sistema de desarme automático.
Quando se passa em terrenos com pedra, toco ou solos muito secos, os quais necessitariam de maior potência do trator e consequentemente das hastes, o pino fusível quebra, deixando a haste solta e tirando a pressão anteriormente exercida sobre a mesma. Ao perceber que a haste está levantada e não está trabalhando, o operador deve realizar a troca do pino fusível por um novo pino. Vale ressaltar que nunca, em tempo algum, se devem colocar outras peças que não sejam o pino, pois outro material pode ser muito resistente e, ao invés de quebrar como o fusível, para preservar a haste, acaba transferindo o esforço para a haste e quebrando.
O sistema de desarme automático é mais moderno que o pino fusível, enquanto o pino quebra-se e é necessário trocar, o sistema de desarme automático eleva a haste, retirando-a do contato com a parte resistente. Ao observar isso o operador deve elevar o equipamento, seja no sistema de levante hidráulico de três pontos (montado) ou no controle remoto (arrasto), para a haste voltar para o local correto e continuar a operação.
Após o final de cada dia de trabalho devem-se apertar todos os parafusos e as porcas dos equipamentos que estejam afrouxando, isso evita o desgaste prematuro. Após o reaperto deve-se lavar o equipamento e armazená-lo em local protegido.
Outro fator a ser analisado com frequência é o desgaste da ponteira. Como ela tem duas pontas que podem ser utilizadas, é importante monitorar e inverter a ponteira quando um dos lados estiver gasto. Quando ambas as pontas estiverem gastas, deve-se trocar a peça para prevenir o desgaste da haste do equipamento, constituinte mais caro e de difícil troca.
Escarificador e subsolador são implementos utilizados sob a superfície do solo para desagregar camadas compactadas. Eles foram desenvolvidos devido à necessidade de equipamentos que atuassem no preparo periódico do solo com material vegetal em superfície. No final da década de 70 e início da década de 80, os agricultores que se valiam do preparo convencional, preparo do solo com arados e grades, perceberam que estavam perdendo muito solo por erosão, perdia-se em um ciclo o que antes se perdia em dez anos, os problemas relacionados à erosão eram gravíssimos. Para tentar diminuir essas perdas nasceram os sistemas conservacionistas, que hoje vêm a ser o cultivo mínimo e o sistema de plantio direto, porém, foi observado que os equipamentos presentes na época não eram adequados para os sistemas, já que os mesmos, após o preparo, não deixavam material vegetal em superfície e agrediam muito o solo, então foram desenvolvidos o escarificador e o subsolador para esses novos sistemas.
Atualmente existem duas teorias válidas sobre a diferença entre escarificação e subsolagem. A primeira, de Martuchi (1987), divide-se em escarificação leve (5cm – 15cm), escarificação pesada (15cm – 30cm) e subsolagem (30cm <). Já a segunda metodologia, Asae (1982), diz que uma atividade feita até 40cm é uma escarificação e que uma atividade feita acima de 40cm é uma subsolagem. As duas teorias são aceitas, sendo os equipamentos classificados na profundidade em que os mesmos conseguem trabalhar.
Deivielison Ximenes Siqueira Macedo, Viviane Castro dos Santos, Leonardo de Almeida Monteiro, Enio Costa, Rafaela Paula Melo, Henryque Candido Fernandes do Nascimento, UFC
Artigo publicado na edição 159 da Cultivar Máquinas.
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