Como lidar com a presença do nematoide Aphelenchoides sp no RS
Causador da Soja Louca 2, nematoide foi identificado pelo Instituto Phytus na parte aérea de plantas sintomáticas oriundas de lavouras de soja do RS
Sob condições severas, ambiente favorável e ausência de controle o míldio do meloeiro pode levar a perdas de até 100%. Facilmente confundido com outras doenças, como o oídio, o patógeno exige atenção ao diagnóstico e a adoção de medidas integradas, que garantam sucesso no manejo e previnam prejuízos.
O melão (Cucumis melo L.) é uma das oleráceas mais consumidas e também cultivadas no país, pois além das suas propriedades nutricionais o seu cultivo tem sido muito rentável. Entre os problemas enfrentados pelos produtores as doenças têm sido motivo de preocupação devido afetar diretamente a produtividade e a qualidade dos frutos. A doença conhecida como “míldio" é muito comum e pode se tornar importante, principalmente nas regiões onde predominam temperaturas amenas na faixa de 15ºC a 27oC e umidade relativa alta, acima de 90%. Quando não controlada e em condições favoráveis causa o desfolhamento precoce e prejudica a produtividade do meloeiro, podendo provocar 100% de perdas quando o ataque é severo.
Inicialmente, aparecem manchas pequenas irregulares a arredondadas de cor amarelada na superfície superior das folhas. Na face inferior observa-se a presença de tecido encharcado onde posteriormente formam-se as frutificações do fungo (esporângios e esporangióforos) de cor clara, podendo ser confundida com outra doença chamada Oídio. Com o desenvolvimento dos sintomas, as manchas amareladas tornam-se necróticas de cor marrom formando ângulos com as nervuras.
O míldio é causado pelo fungo Pseudoperonospora cubensis (Berk. et Curtis) Rostowzew. O fungo pertencente à classe Oomicetes, família Peronosporaceae e é considerado um parasita obrigatório. Sob observações ao microscópio o patógeno apresenta micélio sem septo (cenocítico) que se forma principalmente na superfície inferior das folhas. O esporangióforo apresenta ramificação dicotômica no terço superior e em suas extremidades são formados esporângios ovóides a elipsoides (Figura 1).
É improvável que P. cubensis sobreviva de um ano para outro nos restos culturais, no campo. O fungo pode produzir oósporos (esporo sexuado) sobre tecidos velhos, mas raramente são encontrados. Estes oósporos podem manter-se sobre os restos culturais infectados. Plantios fora de época e outras plantas cultivadas da família das cucurbitáceas tais como a melancia, o pepino, a abóbora e também as plantas selvagens/nativas como, por exemplo, o melão de São Caetano, podem garantir a sobrevivência do fungo de um ano para o outro, no campo.
A disseminação do fungo, sob condições favoráveis, ocorre por meio do vento, respingos de chuva ou da irrigação por aspersão. Os esporângios formados em esporangióforos são facilmente levados à grandes distâncias por meio do vento.
Alta umidade relativa, próxima a 100% e temperatura na faixa de 15 oC a 27oC favorecem a formação de água livre e ocorre o processo infeccioso a partir dos estômatos das folhas e consequentemente o desenvolvimento da doença. No Projeto Formoso, localizado no estado do Tocantins o plantio do melão é feito na entressafra, que varia de maio a agosto e apesar do sistema de irrigação adotado não molhar a folha (subirrigação) e da umidade relativa nesta época durante o dia ser próximo a 40% a doença aparece no mês de julho devido a temperatura à noite baixar de 35 oC para 25 oC, havendo assim, um gradiente térmico. Desta forma, ocorre o molhamento foliar que se inicia-se por volta de 21h indo até 8h da manhã do dia seguinte (tempo suficiente para que,nestas condições, o patógeno desenvolva-se nos tecidos das plantas).
Trata-se da utilização de um conjunto de medidas de controle que devem ser adotadas durante todo o processo de produção. Para o cultivo do melão as seguintes medidas são indicadas:
1-Não fazer irrigação por aspersão, porém caso seja necessário, evitar irrigar durante à noite e no início da manhã, para diminuir o período de molhamento foliar;
2-Não cultivar o melão em épocas sujeitas à chuvas;
3-Fazer a incorporação de restos culturais após a colheita dos frutos, pois o patógeno causador do míldio não tem habilidade de sobreviver no solo por muito tempo;
4-Evitar plantar em áreas mal drenadas e úmidas que favoreçam o molhamento foliar;
5-Fazer o cultivo de modo que as áreas de plantios novos não fiquem a jusante de lavouras mais velhas de outras plantas da família Cucurbitaceae;
6-Quando possível, efetuar o plantio de variedades e/ou híbridos resistentes ou tolerantes;
7-Caso seja necessário, fazer calagem com 30 a 40 dias de antecedência do plantio e adubação mineral de acordo com o resultado e interpretação da análise do solo;
8-Evitar excesso de adubação nitrogenada;
9-Evitar plantar a mesma variedade ou híbrido em grandes áreas e por muito tempo;
10- Utilizar sementes sadias e evitar o cultivo muito adensado, pois nesta situação ocorre sombreamento e não há ventilação entre as folhas favorecendo o molhamento foliar e o desenvolvimento da doença;
11-Fazer rotação de culturas com plantas de outras famílias, como por exemplo, gramíneas ou leguminosas, por 3 a 4 anos;
12-Realizar o “roguing”no plantio, periodicamente, buscando-se eliminar as plantas severamente atacadas;
13- O controle químico deve ser feito preferencialmente de forma preventiva com fungicidas de contato em rotação com sistêmicos, respeitando-se a dose do fabricante, intervalo de segurança e utilizando-se produtos devidamente registrados para a cultura, aplicados alternadamentee também em misturas quando recomendado, para evitar o aparecimento de resistência;
14-Utilizar fungicidas registrados para o melão, à base de Metalaxyl, Clorotalonilou produtos Cúpricos, podendo-se também aplicar outras moléculas pertencentes a vários grupos químicos, como Estrobilurinas, Triazóis, Dicarboxamidas, Benzimidazóis,etc; seguindo-se sempre os devidos cuidados e as recomendações de um engenheiro agrônomo, ou outro profissional qualificado.
Gil Rodrigues dos Santos, Aloisio Freitas C. Júnior, Luiz Gustavo de L. Guimarães, Dalmarcia de Souza e Ildon R. do Nascimento, Universidade Federal do Tocantins
Artigo publicado na edição 79 da Cultivar Hortaliças e Frutas
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