Presença da cochonilha-vermelha-do-cafeeiro

A cochonilha-vermelha faz parte do grupo das cochonilhas conhecidas como cochonilhas-farinhentas, e são insetos sugadores de seiva que têm como hospedeiros diversas plantas, tanto silvestres como ornamentais e cultivadas

16.10.2018 | 20:59 (UTC -3)

A cochonilha-vermelha, Nipaecoccus coffeae (Hempel) (Hemiptera: Pseudococcidae), faz parte do grupo das cochonilhas conhecidas como cochonilhas-farinhentas, e são insetos sugadores de seiva que têm como hospedeiros diversas plantas, tanto silvestres como ornamentais e cultivadas. Em cafeeiro ainda são consideradas pragas secundárias ou eventuais, porém em determinadas circunstâncias podem ocasionar perdas em plantas ou em reboleiras no cafezal.

Num manejo integrado de pragas, essas cochonilhas devem ser incluídas no grupo daqueles insetos que devem ser monitorados, porém habitualmente não necessitam de medidas de controle especiais.

Existem aproximadamente 15 espécies de cochonilhas-farinhentas associadas ao cafeeiro no Brasil, ocorrendo tanto na raiz como na parte aérea, as quais devem ter suas populações monitoradas ao longo do tempo.

No mês de setembro de 2014, no município de João Pinheiro/MG, e dentro da atividade normal de monitoramento, foi detectada uma cochonilha não habitual no cafeeiro. As colônias das cochonilhas localizavam nos brotos e frutos de café no estágio de chumbinhos, com abundante quantidade de teia por elas produzida, onde se encontrava o inseto adulto, numerosos ovos e pequenas ninfas pululando ao redor. A colônia desses insetos era composta por uma massa cotonosa de cor branca, porém a cochonilha, diferente das outras espécies encontradas em cafeeiro que são de coloração branca, apresentava cor vermelha e tamanho relativamente grande para esse tipo de cochonilha-farinhenta (4 mm aproximadamente), daí a denominação de cochonilha-vermelha-do-cafeeiro e cujo nome científico é Nipaecoccus coffeae (Hempel) (Hemiptera: Pseudococcidae).

O interessante dessa detecção foi que não se tinha registros escritos de sua presença desde o ano de 1919, data de sua descrição pelo entomologista Adolfo Hempel, em amostras obtidas na região de Campinas e São Paulo. Possivelmente, a cochonilha-vermelha tem se hospedado nos cafezais durante todo o tempo, porém por sua baixa incidência e impacto econômico não causou preocupação e nem foi estudada ou reportada.

O ataque da cochonilha-vermelha no local onde foi detectada ocorreu em setores e plantas isoladas do cafezal e sua população se manteve limitada a esses lugares segundo o Engº Agrº Eduardo Mosca. Essa situação, em parte se deve à característica das cochonilhas de apresentar baixa mobilidade, particularidade que resulta numa dispersão habitualmente lenta e presença localizada ou em reboleiras.

As populações costumam ocorrer em colônias densas, de preferência em áreas sombreadas. Embora atualmente as populações dessa cochonilha sejam consideradas baixas e sem importância econômica, seu acompanhamento é importante, pois geralmente esses insetos estão presentes por longo tempo em baixas densidades e subitamente se convertem em pragas, ocasionando os chamados surtos.

Junto às cochonilhas foi encontrado um inimigo natural, mosca da família Syrphidae, porém seu impacto e também de outros agentes de controle nas populações do inseto é ainda desconhecido.

A biologia da cochonilha-vermelha ainda não foi estudada pelo fato de ser um inseto pouco habitual e que tem passado despercebido. Sua presença tem sido reportada até agora somente no Brasil, porque possivelmente se trata de uma espécie nativa, com um hospedeiro silvestre ainda desconhecido, e que se adaptou ao cafeeiro que é uma planta exótica. Esta situação é comum entre as cochonilhas-farinhentas que são capazes de se alimentar de plantas de diferentes famílias (polífagas). A presença de fêmeas adultas, ovos e ninfas de primeiro instar no mês de setembro indica que essa época deve corresponder ao início da reprodução da espécie.

Com esta detecção já se conhece que sua área de ocorrência abrange os estados de São Paulo e de Minas Gerais, porém novos levantamentos poderão certamente ampliar essa distribuição no Brasil.

No monitoramento das cochonilhas-farinhentas devem ser considerados os locais de infestação nas plantas, que são as raízes e parte aérea. Quando as plantas são arrancadas, a presença de lanosidades brancas e/ou criptas (pipocas) nas raízes pode ser um indicativo do ataque de cochonilhas, que resulta em declínio das plantas. Já na parte aérea, e especialmente em setores sombreados das plantas, ao levantar os ramos, as colônias das cochonilhas se apresentam habitualmente em grupos compactos (colônias).             

As formigas doceiras, geralmente associadas a elas e se alimentando das secreções expelidas pelas cochonilhas (melado açucarado), é uma boa indicação para encontrar esses insetos. Frutos caídos com massas brancas ou cochonilhas também devem ser cuidadosamente examinados. A presença de teia na colônia também é outro indicativo do ataque da cochonilha-vermelha.

O controle dirigido especificamente contra essa cochonilha não é necessário, considerando os antecedentes conhecidos até o momento. Inseticidas sistêmicos registrados e utilizados contra o bicho-mineiro devem certamente exercer algum grau de controle deste inseto.

As formigas doceiras interferem na ação dos inimigos naturais, e qualquer medida de controle adotada contra elas contribuirá para melhorar a eficiência do controle biológico.

 

Como manejar as cochonilhas-farinhentas?

 

Apoio: Consórcio Pesquisa Café.

 

 


 

 

 

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