O girassol (
), planta originária da América do Norte, pertence à família das Compositae, é cultivado em várias partes do mundo e apresenta atualmente cerca de 18 milhões de ha plantados.
No Brasil o crescimento da cultura com relação à área plantada está em ascendência há pelo menos três safras. A área plantada em todo o país não passava de 5 mil hectares há apenas dois anos, e aumentou para 22 mil na safra 97/98. Só no estado de Goiás, o crescimento somou 6 mil ha. No ano agrícola 98/99 a área plantada continuou em ascensão e chegou a 82 mil ha, com 65 mil na região Centro-Oeste onde o estado de Goiás já responde por 34 mil ha. Se o avanço da cultura observado nos últimos anos se confirmar, a projeção de área cultivada para o ano 2000 em todo o País já é aproximadamente de 160 mil ha.
A possibilidade de uma cultura alternativa para a safrinha, com custo de produção de 20 a 25% mais barato do que o milho e as várias utilidades do girassol, explicam o interesse dos agricultores brasileiros. A produção de óleo para diversas finalidades, farelo para consumo humano e animal, farmacêutico, cosméticos entre outros - todos com boa aceitação no mercado - são os principais destinos para o girassol.
Pragas do girassol
Não é novidade que a introdução de uma cultura sempre vem acompanhada dos insetos e doenças associados a ela. Com a cultura do girassol não é diferente e algumas pragas já começam a preocupar, pois o rápido aumento da área plantada vem favorecendo também um aumento das pragas, algumas delas consideradas, até então, secundárias para o girassol,
Grande parte das pragas observados na cultura do girassol até o momento já são conhecidas em outras culturas. E é por isso que o manejo e controle se tornam mais fáceis. Falta, no entanto, definir - pelo menos para a maioria das espécies - os níveis de danos no qual a queda da produção é significativa.
As espécies de pragas mais importantes do girassol variam de acordo com a fase de desenvolvimento da cultura. O combate é mais problemático durante a floração, pois, além da dificuldade para a entrada de máquinas devido ao porte alto das plantas, deve-se evitar o uso de inseticidas prejudiciais aos polinizadores, especialmente as abelhas e inimigos naturais.
Na fase inicial da cultura as pragas mais importantes são o percevejo castanho, lagarta rosca e algumas larvas de besouros como vaquinha e besouro do capítulo. Depois do estabelecimento da cultura até a floração, os maiores danos são causados por lagartas desfolhadeiras como a falsa medideira, lagarta da soja e lagarta do algodão, além de besouros, entre eles a vaquinha. Na fase de frutificação os percevejos e besouro do capítulo são as pragas mais importantes.
Além dos insetos relacionados abaixo, existem outros, geralmente de menor importância, mas que também devem ser monitorados. Exemplo: formigas, minadores das folhas, Idi amim (
),
, etc...
Besouro do Capitulo
– Nas fases juvenis (ovo, larva e pupa) vive no solo. Logo após a eclosão das larvas começa a se alimentar das raízes das plantas hospedeiras, retardando o seu crescimento e prejudicando a produção. Na fase adulta alimenta-se dos capítulos e sementes do girassol. Na região Centro-Oeste, onde concentra-se a maior produção da cultura, este inseto vem ocorrendo em maior número nos meses de janeiro a março, embora no começo das chuvas (outubro) já seja facilmente encontrado.
Besouro Chrysomelidae
– Várias espécies de besouros da família Chrysomelidae são pragas de culturas. A maioria ataca as raízes na fase de larva e danifica as folhas na fase adulta. Esta espécie é observada, com mais freqüência, atacando as folhas e caule do girassol. No entanto, é importante ficar atento para a possibilidade do ataque também às raízes e sementes durante o plantio.
Vaquinha ou Patriota
- A vaquinha, é uma das várias espécies de pequenos besouros pertencentes à família Chrysomelidae, e são pragas importantes nas fases de larva e adulta. Para o girassol, em particular, os adultos continuam sendo os mais importantes. Eles atacam folhas, caule e capítulo, porém, as larvas também devem ser monitoradas pois a exemplo de outras culturas como o milho, podem se tornar prejudiciais se atacarem as raízes.
Percevejo Castanho
- É uma praga polífaga que tem aumentado sua ocorrência em certas regiões. É de difícil controle e pode causar grandes prejuízos. O monitoramento do solo por ocasião do preparo, é a maneira mais adequada de prevenção. O controle é bastante difícil devido à profundidade em que podem permanecer no solo. E deve ser preventivo por ocasião do plantio, com tratamento das sementes ou no sulco, embora nenhuma das medidas de prevenção sejam completamente eficazes. Em solos com histórico da presença do percevejo castanho, recomenda-se o preparo com aração e gradagem. É importante, igualmente, evitar plantas daninhas durante o ciclo vegetativo da cultura e entre-safra.
Percevejo Verde
– Ao contrário da soja - planta hospedeira principal desta espécie -não tem sido observado atacando a semente (aquênio) do girassol, mas sim o caule. Como a população deste percevejo é maior entre os meses de dezembro e março e o plantio do girassol geralmente é feito em fevereiro, o maior cuidado deve ser tomado nos primeiros 30 dias após a germinação. Além disso, este é o período de maior vulnerabilidade da cultura, não só para o percevejo verde, mas também para várias outras pragas.
Percevejo Pequeno
– É um percevejo da família Pentatomidae que ataca várias culturas. É praga importante, também do girassol, na fase de frutificação, quando ataca os capítulos.
Percevejo Marrom
– Além de outras culturas, como a soja, este inseto pode causar prejuízos na cultura do girassol, danificando os capítulos.
Percevejo
– É um percevejo da família Lygaeidae que ataca o capítulo. Em certas regiões com população baixa não chega a ser praga importante. No Centro-Oeste, vários produtores de girassol têm registrado danos significativos causados por este inseto.
Lagarta do Girassol
– É a praga mais importante da cultura. Ataca folhas e caule e, em caso de ocorrência severa, pode inviabilizar completamente a produção. As lagartas vivem cerca de 20 dias, são de coloração laranja com pelos (cerdas) escuros e vivem agrupadas. A fase de pupa dura uma semana. Depois, emergem os adultos, que são borboletas alaranjadas com manchas pretas. As borboletas fazem a postura nas folhas e em pouco mais de uma semana eclodem as lagartas novamente.
Lagarta da Soja
– Esta é a principal praga da soja e poderá se transformar numa das mais importantes do girassol, também, pois consegue se alimentar das folhas, e danificar os capitulos. Até o momento o ataque não é severo, no entanto, é uma praga que preocupa, pois está bem adaptada e já apresenta resistência a vários inseticidas.
Lagarta Rosca
- Mariposas da família Noctuidae bastante conhecidas em todo o Brasil. A lagarta apresenta a cor acinzentada ou marron, dependendo do estágio de desenvolvimento. Em plantas novas as lagartas podem atacar as raízes e cortar o caule do girassol próximo ao solo. As mariposas são de tamanho médio (35mm de envergadura), asas anteriores escuras e asas posteriores de cor clara.
Falsa Medideira
– É uma lagarta desfolhadeira pertencente à família Noctuidae. Na região Centro-Oeste não ocorre com muita freqüência, mas com o avanço da cultura é previsível a sua presença nas próximas safras. A lagarta apresenta a cor verde–claro, com duas linhas brancas ao longo do corpo, e tem três pares de pernas falsas. O adulto é uma mariposa com asas anteriores de cor escura com mancha brilhosa e asas posteriores de cor amarelo-claro.
Amabílio Aires de Camargo e Renato Fernando Amábile
Embrapa Cerrados
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