Aproxima-se a época de plantar a soja. O agricultor está ansioso para estabelecer a lavoura, ante as boas perspectivas de safra cheia (as condições climáticas prometem boa distribuição de chuvas = El Niño) e há promessa de bons lucros com a comercialização da produção, dada a atual conjuntura mundial favorável (seca nos EUA e estoques mundiais de passagem extremamente baixos) que aponta para a manutenção dos atuais altos preços da commodity.
O produtor da oleaginosa utiliza-se, resumidamente, de três opções de época de plantio e variedades para o estabelecimento da cultura:
1. Planta toda a lavoura no início da primavera, utilizando variedades precoces e super precoces;
2. Planta toda a lavoura no início da primavera, mas utiliza variedades de ciclos diferentes; ou
3. Planta a lavoura ao longo de toda a primavera, utilizando variedades de qualquer ciclo.
Há vantagens e desvantagens para qualquer das três alternativas: se a escolha do agricultor recair sobre a Opção 1, ele usufruirá das vantagens de uma colheita antecipada da soja, favorecendo o plantio do milho safrinha, além de beneficiar-se de custos menores para controlar a ferrugem asiática. Por outro lado, o potencial de produção das variedades precoces e super precoces será menor que as de ciclo médio; as operações de plantio e colheita serão muito concentradas, acarretando a necessidade de contar com uma maior quantidade de máquinas, implementos e mão de obra para plantar e colher; se estressará com a janela estreita de plantio e de colheita; e estará sujeito a maiores riscos de uma grande frustração de safra, na ocorrência de eventual estiagem nas fases mais críticas do desenvolvimento da planta (floração e frutificação), considerando que essas fases são mais curtas nessas variedades, não permitindo sua recuperação na eventualidade de a chuva voltar após uma curta estiagem.
Se a escolha do produtor for pela Opção 2, ele terá a vantagem de um melhor escalonamento da colheita, como conseqüência do plantio de variedades de ciclos diferentes; poderá cultivar o milho safrinha nas áreas onde plantou soja precoce e super precoce; e poderá diversificar as lavouras de inverno, cultivando, além do milho safrinha, o trigo, no restante da área. Como desvantagens, o agricultor terá a concentração do plantio num espaço de tempo muito reduzido, e as variedades precoces e super precoces produzirão inóculo da ferrugem para as de ciclo mais longo, aumentando o custo das pulverizações.
Quando o produtor optar pela Opção 3, ele será favorecido pelo escalonamento das operações de plantio e da colheita; poderá executar essas operações com menor pressa, estresse e quantidade de máquinas; correrá menores riscos de uma grande frustração de safra, considerando os plantios serão feitos em épocas diferentes e com variedades de ciclos diferentes; e poderá, ainda, diversificar as culturas de inverno, plantando trigo, além de milho safrinha. Como desvantagem, ele terá a necessidade de uma maior quantidade de pulverizações para o controle da ferrugem, visto que as variedades mais precoces e os plantios mais do cedo produzirão inóculo para a soja que florescer mais tarde.
Não há garantias de que uma opção será melhor do que a outra, todos os anos. O que a pesquisa faz quando define determinada época de plantio como a mais recomendada, é utilizar-se da lei das probabilidades, a qual sugere haver mais chance de êxito plantando variedade tal, nas épocas tal ou qual, em razão do comportamento do clima registrado no local, ao longo das últimas décadas. Isto não impede que, em alguns anos, a época menos indicada seja a que produz mais.
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