Desafios no manejo da podridão parda no pessegueiro
A podridão parda é a principal doença de fruteiras de caroço, como é o caso do pessegueiro. Para controlá-la, uma das principais estratégias reside na adoção de tratamentos preventivos atrav&a
Um dos principais problemas do setor viticultor se refere a doenças que podem causar perdas de até 100%. No Brasil, antracnose, míldio, oídio e, mais recentemente, a ferrugem estão entre as que demandam controle, podendo atingir 30% do custo total da produção. Nos últimos anos, tem se observado, também, a morte de videiras, bem como sintomas de declínio causados pela doença conhecida como pé-preto da videira e em outros países como black foot, o que tem preocupado os produtores e técnicos devido à falta de conhecimento sobre esse tema no Brasil e também à ausência de estratégias de prevenção e controle.
A doença pé-preto da videira foi relatada pela primeira vez na França em 1961. A partir da década de 1990, começou a tomar maiores proporções na Europa, constituindo-se em um dos principais problemas para os viticultores. No Brasil, desde 1999 passou a ser notada a presença de plantas com sintomas da doença e, após estudos, verificou-se a sua presença em vinhedos da Serra gaúcha. Além de ter sido relatada nos estados do Sul, recentemente foi observada no Nordeste.
A doença apresenta como principais agentes causais fungos dos gêneros Cylindrocarpon, Campylocarpon e Cylindrocladiella. Cylindrocarpon spp. são habitantes do solo, onde sobrevivem durante longos períodos de tempo como micélio hibernante, na forma de clamidósporos, nos detritos vegetais e nos órgãos atacados da planta, tendo uma grande gama de hospedeiros. Apresentam grande adaptação, podendo ser encontrados em solos de florestas tropicais até da tundra ártica.
Epidemiologia
O material de propagação vegetativa, porta-enxertos e enxertos prontos, tem sido amplamente citado como importante veículo de disseminação dos patógenos responsáveis pelo declínio das videiras jovens, incluindo o pé-preto e a doença de Petri, causada por outro fungo Phaeomoniella chlamydospora. O ataque é basicamente no porta-enxerto, onde as estruturas reprodutivas (conídios) são disseminadas por salpicos de chuva e por partículas de solo. Acredita-se que o fungo penetra na base da planta ou em feridas nas raízes resultantes do transplantio e coloniza os tecidos do hospedeiro provocando necroses. As infecções são mais severas quando as plantas se encontram em situação de estresse hídrico, nutricional ou relacionado à compactação do solo. Além disso, o fungo produz estruturas de resistência denominadas clamidósporos, que asseguram sua presença no solo durante anos.
Sintomatologia
Atualmente o pé-preto da videira é considerado uma das principais ameaças ao cultivo e produção estável em viticultura, afetando principalmente vinhas jovens, com dois a oito anos de idade, quando as videiras estão no pico de produção, tornando-se necessária a sua substituição no vinhedo. A doença pode causar perdas superiores a 50%. Os sintomas distribuem-se tanto na parte aérea, quanto no sistema radicular. Os mais usuais, causados por infecções de Cylindrocarpon spp., são observados no porta-enxerto e incluem, nos tecidos do lenho da videira, a presença de lesões enegrecidas em forma de estrias. Na parte aérea, observam-se atraso nos estádios fenológicos, redução do vigor, entrenós mais curtos, menor número de brotações e aspecto clorótico, evoluindo para um murchamento repentino e, consequentemente, a morte da planta. Nas raízes, os sintomas são menos evidentes. Inicialmente, apesar de sadias, desenvolvem-se pouco profundamente e paralelamente à superfície do solo. Mais tarde ficam necrosadas e chegam a apodrecer, conforme a intensidade do ataque do patógeno.
Necrose nas raízes causada pelo patógeno
Murchamento repentino da parte aérea
Ausência de brotação
Controle
Tanto videiras de pé-franco quanto enxertadas têm se mostrado suscetíveis ao patógeno, o que tem dificultado o direcionamento das pesquisas, uma vez que há carência de material com resistência. Por se tratar de um patógeno de solo, o controle químico apresenta pouca eficiência, mesmo apresentando bons resultados em experimentos in vitro em condições de laboratório. Nesse ambiente complexo, o produto está sujeito a sofrer interações físico-químicas e biológicas, o que vem a reduzir seu efeito sobre o patógeno e também dificultar a chegada até o organismo-alvo. No Brasil, ainda não existe fungicida registrado para o controle do pé-preto da videira.
Atualmente os viticultores estão usando produtos comerciais à base de um fungo benéfico conhecido como Trichoderma spp. que, além de atuar sobre Cylindrocarpon spp., age sobre outros fungos causadores de doenças na videira. Além de biocontrolador, Trichoderma spp. também é um promotor de crescimento, aumentando o desenvolvimento radicular. Além de Trichoderma spp., estudos apontam o fungo micorrízico Glomus intraradices como agente de controle do patógeno. Outra forma de controle que vem sendo estudada é o controle físico com uso de água quente a 50ºC para imersão de estacas por um período de 30 minutos, o que tem eliminado grande parte do inóculo.
Uma vez estando presente no vinhedo, esta doença não possui uma forma de controle eficaz. Então, deve-se adotar práticas de manejo que suprimam o efeito da doença como uso de mudas isentas do patógeno, evitar áreas com histórico da doença, áreas mal drenadas, solos compactados e manter um bom manejo nutricional, evitando o estresse, o que irá conferir maior resistência por parte da planta.
Clique aqui para ler o artigo na Cultivar Hortaliças e Frutas 82.
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