Os ciclos do agronegócio: estratégias para garantir a sustentabilidade e competitividade do setor

Por Rodrigo Junqueira, gerente-geral da AGCO e vice-presidente Massey Ferguson América do Sul

21.08.2024 | 14:27 (UTC -3)

O setor agrícola é marcado por movimentos cíclicos que influenciam as tendências e os cenários econômicos. Entender essa dinâmica é essencial para produtores, investidores e todos os envolvidos na cadeia do agronegócio, uma vez que ela reflete no comportamento do mercado e dita as estratégias a serem adotadas para garantir a sustentabilidade e competitividade do setor.

O mercado de máquinas agrícolas, por exemplo, apresenta ciclos que estão relacionados às condições econômicas e à demanda por alimentos. Nos períodos de alta demanda e preços elevados das commodities agrícolas, os produtores investem mais em tecnologia para aumentar a produtividade, o que resulta em uma expansão no mercado de máquinas agrícolas. No entanto, quando os preços das commodities caem ou há incertezas econômicas, a procura por novas máquinas diminui, resultando em um período de acomodação do mercado.

A renovação da frota é fundamental para aumentar a eficiência e a lucratividade no campo. O Brasil é o único país em que o produtor chega a ter até três safras por ano em algumas regiões, o que exige a utilização contínua de máquinas agrícolas. No entanto, uma parte significativa dessa frota já ultrapassou 15 anos de uso, resultando em maior desgaste, o que compromete a competitividade e a sustentabilidade da produção. Com o avanço das tecnologias, a atualização dos equipamentos se torna essencial para que os produtores aumentem a produtividade e maximizem a rentabilidade. Esse cenário revela um grande potencial para a renovação das máquinas agrícolas.

A entrada das novas gerações no campo tende a acelerar o ciclo de renovação tecnológica. Jovens produtores têm mostrado maior interesse em atualizar o maquinário, buscando redução de custos, otimização do uso de insumos e maior eficiência e rentabilidade nas operações. Este movimento rege o comportamento na agricultura em todo o país, de norte a sul, mas é particularmente visível nas regiões de fronteira agrícola, como o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde a modernização da frota tem avançado rapidamente.

Os ciclos no agro também são perceptíveis nas safras e seus resultados. As condições climáticas variam de ano para ano, impactando diretamente a produtividade das colheitas. Além disso, os ciclos de cultivo, que envolvem a rotação de culturas e a alternância entre períodos de plantio e colheita, são essenciais para a sustentabilidade e a produtividade do solo.

Historicamente, passamos por uma transformação significativa no setor, desde o uso da enxada até a mecanização e a adoção de tecnologias avançadas. Cada salto tecnológico foi acompanhado por um ciclo de aumento de produtividade e eficiência, seguido por períodos de adaptação e estabilização. A introdução de tratores, plantadeiras, colheitadeiras e, posteriormente, a agricultura de precisão, exemplificam como esses ciclos de inovação e renovação tecnológica moldam o setor agro, influenciando os movimentos econômicos positivos e negativos do mercado.

À medida que o setor continua a evoluir, os envolvidos na cadeia produtiva que conseguirem se adaptar com sucesso a esses ciclos estarão mais bem posicionados para colher os frutos de um mercado dinâmico e em constante transformação. Dessa forma, o agronegócio brasileiro seguirá como um pilar fundamental da economia nacional, com um papel cada vez mais central na segurança alimentar global.

*Por Rodrigo Junqueira (na foto), chairperson do 16º Simpósio SAE BRASIL de Máquinas Agrícolas, gerente-geral da AGCO e vice-presidente Massey Ferguson América do Sul

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