Em artigo anterior (Fruticultura brasileira: evolução e tendências das exportações) tratou-se de apresentar estatísticas recentes sobre o crescimento de exportações que vem ocorrendo com a fruticultura brasileira.
Este artigo dá ênfase às exportações efetuadas para os blocos regionais e quais os estados brasileiros que se destacam em volume exportado e captação de divisas.
Os embarques brasileiros de sucos, frutas frescas, nozes e castanhas vem se concentrando em poucos blocos ou regiões do mundo (Tabela 1 -
). O destaque é a União Européia que demandou 77,7% (US$ 268,7 milhões em um total de US$ 345,6 milhões) das exportações brasileiras de frutas frescas e 57,3% (US$ 716,6 milhões em US$ 1,249 bilhão) nas de sucos. As frutas frescas e os sucos posicionaram-se em 8o lugar (frutas frescas) e 4o lugar (sucos), respectivamente, no conjunto de todas as commodities do agronegócio brasileiro embarcadas para a União Européia. O 1o lugar foi do complexo soja (US$ 3, 844 bilhões e 34,5% de participação), vindo a seguir os produtos florestais (madeira, papel, celulose etc com US$ 1,357 bilhão e participação de 12,2%) e carnes (bovina, suína, avícola com US$ US$ 1,190 bilhão e 10,7% de participação no valor das exportações). Neste total de divisas carreadas com as vendas para a UE (US$ 11,153 bilhões), os sucos participaram com 6,4% e, frutas frescas, com 2,4% em 2003.
Após a União Européia, destaca-se o Acordo Norte Americano de Livre Comércio (NAFTA) entre EUA, Canadá e México que participou com 44,5% (US$ 153,9 milhões em US$ 345,6 milhões) nas importações de frutas frescas brasileiras, posicionando-se em 9o lugar e representando 2,9% em relação a todas as commodities do agronegocio brasileiro embarcadas para o NAFTA. No caso dos sucos, a participação foi de 15,4% em divisas carreadas, ocupando o 5o lugar e representando 3,6% do valor das vendas efetuadas (US$ 5,292 bilhões) com as commodities do agronegocio brasileiro embarcadas para o NAFTA, principalmente os EUA. O 1o lugar foi dos produtos florestais (US$ 1,443 bilhão e 27,3% de participação), seguido por couro e seus produtos (US$ 1,076 bilhão e 20,3% de participação) e café (US$ 286 milhões e 5,4% de participação no valor dispendido pelo NAFTA em importações de commodities do agronegocio brasileiro).
A região Asiática também possui elevada importância para as exportações brasileiras de frutas frescas e sucos, só que não nas proporções da União Européia e NAFTA. A participação de frutas frescas neste mercado é ainda reduzida captando US$ 6, 176 milhões em 2003; porém, os sucos vem crescendo chegando aos US$ 116 milhões, ocupando o 7o lugar e detendo 2,1% nas divisas carreadas com todas as commodities do agronegocio brasileiro embarcadas para a Ásia (US$ 5,536 bilhões). O 1o lugar é do complexo soja (US$ 2,523 bilhões e 45,6% de participação), seguido pelos produtos florestais (madeira, papel, celulose etc, com US$ 770 milhões e 13,9% de participação) e carnes (US$ 558,2 milhões e 10,1 % de participação no valor gasto com importações de commodities do agronegócio brasileiro).
A Tabela 2
mostra as principais regiões produtoras e exportadoras do Brasil. No Sudeste, o Estado de São Paulo se destaca principalmente na produção e exportação de suco de laranja, onde mantêm a hegemonia mundial.
Na Região Sul, destaca-se Santa Catarina no setor de frutas frescas, com as exportações de maçãs. Em termos de divisas carreadas, as exportações de frutas frescas do Estado corresponderam a 9,4% (US$ 32,4 milhões) do valor total (US$ 345,6 milhões) em 2003 e 13,8% (US$ 34,2 milhões) do valor total (US$ 248,3 milhões) em 2002.
Na região Norte, o Estado do Pará vem apresentando desempenho estável nas exportações de sucos, nozes e castanhas devendo crescer, num futuro próximo, nas exportações de frutas frescas. Em relação a 2002, o valor alcançado em 2003 já registrou elevação de 118,5%, passando de US$ 287 mil para US$ 627 mil.
Os estados do Nordeste devem apresentar maiores incrementos no futuro, principalmente no segmento de frutas exóticas (com a fruticultura irrigada). Em 2003, as exportações baianas de frutas frescas (US$ 71,9 milhões) representaram 20,8% do total brasileiro embarcado para o exterior (US$ 345,6 milhões); as de Pernambuco (US$ em 2003), 17,5% e as do R.G. do Norte (US$ 55,0 milhões), 15,9% do total exportado (US$ 345,6 milhões). Estes 3 estados (Bahia, Pernambuco e R.G. do Norte) participaram com 55% no total de divisas carreadas com as exportações brasileiras de frutas frescas.
Os estados do Nordeste são, ainda, os maiores exportadores de nozes e castanhas do país. Somente o Ceará, obtendo US$ 101,0 milhões com os embarques de castanhas e nozes, representou 64% do total brasileiro exportado (US$ 158,6 milhões) e, o R.G. do Norte, 14,4% (US$ 22,8 milhões) em 2003.
A Tabela 2 mostra também que somente os sucos (principalmente o de laranja), maçãs de Santa Catarina e nozes e castanhas do Pará registraram menor captação de divisas em 2003 no comparativo com 2002; os demais expandiram, principalmente as frutas frescas de procedência dos estados nordestinos.
No geral para o Brasil, as frutas frescas captaram mais divisas evoluindo 39,2%, as nozes e castanhas 31,3% e, os sucos de frutas, 14,0% no comparativo 2003 com 2002 (Tabela 2 -
).
Quantos consumidores do hemisfério norte, em regiões de clima temperado, já provaram ou conhecem manga? mamão papaia? goiaba? e, outras frutas tropicais que se encaixam na chamada fruticultura exótica?
Neste sentido, é louvável o esforço da parceria pública-privada no sentido de levar a promoção, divulgação, degustação e imagem das frutas tropicais brasileiras em regiões em que são pouco conhecidas. Um exemplo é o evento Brazilian Fruit Festival, ao longo deste 2o semestre, que se estenderá a 17 paises da Europa, Oriente Médio, Ásia e das Américas começando por Portugal em agosto. Neste país, gôndolas de 7 lojas da rede de supermercados Carrefour são as primeiras a expor frutas tropicais brasileiras. Após Portugal, em fins de setembro, o evento se desloca para Varsóvia (Polônia), com área apropriada para degustação; em outubro, a exposição de frutas brasileiras chega a Espanha em 200 lojas de supermercados e, posteriormente, o Brazilian Fruit Festival seria deslocado à Bélgica.
As campanhas de promoção e divulgação da fruticultura brasileira tiveram inicio em 1998 com o Programa Brazilian Fruit que provocou o sucesso e incremento das exportações brasileiras, cujo faturamento em divisas com frutas frescas passou de US$ 115 milhões em 1998 para US$ 345,6 milhões em 2003 (incremento de 205%).
Com o Brazilian Fruit Festival cria-se a expectativa de crescimento na captação de divisas e no volume exportado de frutas frescas brasileiras. Promovido internacionalmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Agencia de Promoção de Exportações do Brasil (APEX) e Instituto Brasileiro de Fruticultura (IBRAF), o Brazilian Fruit Festival se estenderá até 2006 com o grande desafio de transformar a imagem do Brasil de um produtor de frutas exóticas para um supridor mundial reconhecido de frutas tropicais, subtropicais e temperadas.
Estas estratégias de criação de imagem e marca brasileiras no mercado mundial de frutas frescas que começou com o Brazilian Fruit procurou a todo o tempo divulgar a qualidade e respeito à segurança alimentar, se apoiando em programas como a Produção Integrada de Frutas (PIF), que igualam o padrão das frutas brasileiras às normas internacionais e garantem que a fruticultura brasileira vem produzindo de acordo com as exigências nacionais e internacionais de forma sustentável, protegida no controle fitossanitario e sem contaminação residual e biológica
O sucesso do Brazilian Fruit foi eminente sendo que atualmente mantém parceria com 178 instituições nacionais e internacionais, além do monitoramento, orientação e fornecimento de selos de qualidade às frutas.
Os esforços atuais de imprimir e consolidar uma gestão empresarial e profissional no setor produtivo e de unir os produtores em associações, cooperativas e estabelecer alianças estratégicas e parcerias com redes varejistas internacionais são motivos para acreditar no incremento e expansão da fruticultura brasileira no mercado mundial, fortalecida ainda com o seu marketing e promoção no Brazilian Fruit Festival. É esperar para ver.
e
Esalq/Usp
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