Nova tendência

A exemplo do que já ocorre com o tomate e outras hortaliças, o transplantio de mudas de melancia tende a substituir o tradicional sistema de semeadura direta. Pesquisador defende a necessidade de mais estudos para comparar produtividade e cu

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

No Brasil, a maioria dos produtores de melancia utiliza o sistema de semeadura direta, que é fácil e barato, porque o custo das sementes é relativamente baixo. Com a utilização de novas tecnologias, tais como aplicação de “mulching”, fertiirrigação, sementes híbridas, e mudas premunizadas contra viroses, o método de estabelecimento de plântulas em campo deverá ser modificado. A utilização de mudas produzidas em bandejas deverá ser incrementada e certamente será uma etapa imprescindível na produção de melancia, a exemplo do que vem ocorrendo na cultura do tomate para indústria e outras hortaliças. Dentre outras vantagens, a utilização do transplantio na cultura da melancia visa: menor gasto de sementes que se constitui um grande benefício quando se utilizam sementes híbridas, de alto custo; redução do ciclo da cultura a campo; estande mais uniforme; possibilidade de cultivo em épocas desfavoráveis; e teoricamente, aumento de produtividade da cultura.

Quando se utiliza sementes de híbridos triplóides, a produção de mudas garante um melhor estabelecimento de plântulas, em razão da baixa porcentagem de germinação e do baixo vigor destas sementes, evitando-se assim as falhas no campo. A utilização de mudas premunizadas pode vir a ser um eficiente método no controle de viroses nessa espécie, já que até o momento não se dispõe de cultivares comerciais de melancia resistentes a certas viroses e os métodos culturais de controle de viroses não têm sido eficientes.

Um dos importantes aspectos na produção de mudas é a qualidade do substrato a ser utilizado. Para um bom crescimento tanto da parte aérea como da parte radicular, o substrato deve prover nutrientes, reter umidade, permitir trocas gasosas e fixar adequadamente as plantas. Substratos inadequados (muito férteis e/ou desbalanceados em termos de nutrientes e composição) podem acarretar prejuízos na germinação, crescimento deficiente, desuniforme ou exagerado das mudas, trazendo assim problemas para a sua formação. No comércio já existem diversas formulações de substratos recomendadas para a produção de mudas de hortaliças em geral, mas nenhuma formulação específica para melancia.

O tamanho das células nas bandejas é outro fator que merece consideração, uma vez que isto pode afetar a massa radicular e refletir na parte aérea. Reduzindo-se o tamanho da célula há uma restrição do crescimento radicular das plântulas, afetando assim o desenvolvimento das mudas em várias espécies olerícolas. Plantios estabelecidos com mudas de melancia menos desenvolvidas, ou seja, em células menores, podem reduzir a produtividade. Os tamanhos das células afetam significativamente o crescimento da parte aérea bem como das raízes, sendo mudas mais vigorosas encontradas nas bandejas com células maiores. Existe uma tendência entre os produtores de mudas de hortaliças em trabalhar com células pequenas, aumentando assim o número de mudas por bandejas em um mesmo espaço e reduzindo os custos de produção.

A idade das mudas a serem transplantadas é outro fator que merece atenção. Pode refletir no desenvolvimento das mesmas, e afetar o manuseio e o transporte, bem como o estabelecimento da cultura e posterior desenvolvimento no campo. Para o produtor de mudas, o ideal seria a produção em um menor espaço de tempo, reduzindo assim seus custos de produção. Entretanto, um período mínimo e/ou adequado deve ser levado em consideração, o qual irá permitir a obtenção de uma muda de alta qualidade (bem enraizada, com bom crescimento vegetativo, “dura”, sem sintomas de deficiência nutricional, e sadia).

Embora a produção de mudas de melancia em bandejas para posterior transplantio seja uma prática viável, estudos para as nossas condições, devem ser realizados para verificar efeitos na produtividade e precocidade após o transplante, bem como comparar custos de produção entre a semeadura direta e o transplantio.

Embrapa Hortaliças

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