Controle da cigarrinha-do-milho
Manejo da praga passa por estratégias integradas, que incluem o tratamento de sementes com inseticidas
Causador de uma das principais doenças que ocorrem em algodoeiro no Brasil Sclerotinia sclerotiorum é extremante dependente das condições climáticas favoráveis à sua incidência e desenvolvimento na cultura. Sementes costumam ser o modo mais eficiente de contaminação de áreas anteriormente livres do patógeno. A integração de vários métodos de controle como genético, cultural, físico, químico e biológico é necessária para manter uma sanidade maior frente a este problema fitossanitário.
O mofo branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, é uma doença que ocorre de maneira esporádica nas regiões de cerrado. Na atualidade pode ser considerada uma das principais doenças que ocorrem na cultura do algodoeiro no Brasil. O fungo ataca diversas espécies de plantas em diferentes regiões do mundo, sendo assim também importante em outras culturas hospedeiras.
A importância desta doença é extremante dependente das condições climáticas favoráveis à incidência e ao desenvolvimento do fungo na cultura, podendo provocar redução na produtividade do algodoeiro, principalmente quando se tem cultivo sucessivo de culturas hospedeiras, como a soja e feijão.
Diversas regiões produtoras proporcionam condições favoráveis à doença, como todos os estados do Centro Oeste do Brasil, bem como Bahia, Minas Gerais e São Paulo, locais que apresentam anos de clima chuvoso, temperatura amena e alta umidade relativa do ar, sendo fundamental quando ocorrem durante o período de florescimento.
O início da infecção se dá a partir da presença de escleródios na área e/ou uso de sementes infectadas. As lesões começam na junção do ramo reprodutivo com o pecíolo, local onde normalmente ficam aderidas flores do algodoeiro que após a fecundação formam substrato para o inóculo primário do patógeno. Posteriormente os tecidos infectados apresentam coloração amarela evoluindo para marrom, produzindo uma podridão mole seguida da morte dos ramos. Com a presença de umidade, ocorre a formação do micélio branco em praticamente todo o tecido lesionado pelo fungo (Figura 01), formando uma massa compactada e endurecida de coloração escura, os escleródios, ocasionando a morte dos ramos infectados.
O mesmo sintoma ocorre principalmente nas maçãs e provoca a formação de escleródios tanto internamente como externamente, limitando o número de estruturas reprodutivas viáveis (Figura 02).
Uma característica deste patógeno é o desenvolvimento de escleródios, que consiste na estrutura de sobrevivência do mofo branco, podendo permanecer viável por 14 meses na superfície do solo e por aproximadamente 36 meses quando enterrados (Reis e Tomazini, 2005), em função desta característica se faz necessário adotar várias estratégias de controle como, por exemplo, controle cultural, biológico e químico.
Quando estes escleródios, na presença do hospedeiro são submetidos a condições climáticas favoráveis, tem a formação da estrutura de reprodução conhecida como apotécio (Figura 03), que libera o ascósporo e irá infectar a planta. É neste momento que algumas estratégias de controle podem reduzir o progresso do patógeno como formação de palhada oriunda de gramínea exposta de modo uniforme no solo (Figura 04), que servirá de barreira física e impedir que os ascósporos cheguem ao órgão reprodutivo da planta, ação de fungos antagonistas no escleródio e apotécio (controle biológico), a rotação de culturas, a população de plantas e espaçamento entre linhas adequado.
Outra estratégia de controle em que a formação de palha atua consiste na formação de um microclima favorável, podendo induzir a germinação do escleródio na ausência de seu hospedeiro. Desta maneira irá interromper o ciclo do patógeno e invibializar o escleródio, pois uma vez germinados raramente germinam novamente. Tais estratégias ajudaram a reduzir a quantidade de inoculo inicial para a próxima cultura.
O uso do controle químico, através da aplicação de fungicidas foliares, pode neste momento ser adotado como uma estratégia de controle. Estes produtos atuam como proteção das plantas, desde que aplicados de forma preventiva, podendo proteger a planta da principal forma de infecção que ocorre pela colonização de flores do algodoeiro por ascósporos.
Neste sentido, desde a safra 2009/2010 a Fundação Chapadão e UFMS realizam ensaios a campo com o objetivo de gerar resultados de pesquisa para auxiliar o registro e recomendações de fungicidas para esta doença. Os resultados destas pesquisas revelam a viabilidade do controle químico, sendo que sua eficácia depende da dose, do momento da aplicação, do número e do intervalo entre as pulverizações (Figura 05).
S. sclerotiorum, pode ser disseminado por máquinas, porém seu meio mais eficiente de contaminação de áreas anteriormente livres do patógeno são as sementes, que podem conter escleródios misturados ou micélio aderido na parte exterior e/ou nos tecidos internos. Tal aspecto justifica a importância do uso de sementes livres do fungo como ferramenta primordial na supressão do inoculo inicial e impedimento da contaminação de áreas livres do patógeno.
O mofo branco está presente no algodoeiro cultivado na região dos Chapadões, sendo necessária a integração de vários métodos de controle de doenças como genético, cultural, físico, químico e biológico a fim de manter uma sanidade maior da cultura, que acarretará em ganhos de produtividade ao produtor frente a este problema fitossanitário.
O algodoeiro (Gossipym hirsutum L.) é uma das culturas mais tradicionais no Brasil, constituindo-se na cadeia agroindustrial de maior desenvolvimento dentro do agronegócio brasileiro. A partir da década de 1990, quando o Brasil apresentava-se como o maior importador mundial de algodão, o país tornou-se exportador impulsionando expressivamente a parcela da produção interna devida ao agronegócio. A atividade que antes era exercida quase que exclusivamente por pequenos produtores e mão de obra intensiva passa a ser desenvolvida em grandes propriedades e sistemas de produção altamente tecnificado.
A incidência de doenças pode reduzir significativamente a produtividade da cultura, que além de causar grandes perdas de rendimento, podem gerar danos à qualidade do produto ou até inviabilizar determinadas áreas para o cultivo.
Alfredo Riciere Dias, Fundação Chapadão; Hugo Manoel de Souza, Gustavo de Faria Theodoro, UFMS
Artigo publicado na edição 213 da Cultivar Grandes Culturas.
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