Manejo correto de adubação fosfatada na cana

​A eficiência da adubação fosfatada é influenciada por vários fatores como tipo do solo, forma de aplicação, fonte etc

01.03.2019 | 20:59 (UTC -3)

A eficiência da adubação fosfatada é influenciada por vários fatores como  tipo do solo, forma de aplicação, fonte etc. Seu manejo deve favorecer a absorção dos nutrientes com a diminuição dos processos de fixação pelo solo, consequentemente aumentando o aproveitamento de fósforo pelas plantas .As doses aplicadas de fósforo nas adubações são bem maiores que as quantidades exportadas, sendo que a exportação deste elemento pela cana é de 10% a 15% da quantidade do fertilizante aplicado .

Em solos tropicais um dos principais fatores para essa baixa eficiência da adubação fosfatada reside nos altos teores de óxidos, alumínio e de ferro, que promovem a fixação dos elementos. Para a  recomendação usual, a melhor forma de aplicação do fósforo em cana de açúcar é em área total, tendo o fósforo, melhor distribuído na área,  mais enraizamento e uma maior parte do solo explorado.

De forma geral a eficiência da adubação fosfatada é baixa, o que demonstra a importância de novos métodos de aplicação que levem em conta fontes, épocas de aplicação e a localização do adubo. A combinação apropriada da adubação corretiva em área total e da manutenção no sulco de plantio assume grande importância para que se possa obter aumento na produção.

Devido à importância do fósforo para o desenvolvimento, produtividade e longevidade dos canaviais e sua alta taxa de fixação nos solos tropicais tem ocorrido aumento nos estudos de doses e formas de aplicação desse elemento. A evolução do conhecimento científico em várias áreas da ciência do solo é uma realidade e o manejo da adubação fosfatada tem acompanhado essa evolução. Porém, a eficiência de extratores na predição do fósforo disponível e o uso de níveis críticos para recomendar a adubação fosfatada são temas de grande interesse em fertilidade do solo pela carência de informações mais atualizadas.

A retenção de fósforo no solo (adsorção) é conhecida há muito tempo e bastante estudada. É de grande valia a utilização do fósforo pelas plantas quando se trata de se evitar perdas provocadas por lixiviação. Contudo, é problemática quando a retenção, é forte, e o fósforo se transforma em formas não lábeis. A retenção do fósforo adicionado ao solo ocorre pela precipitação deste elemento em solução com formas iônicas de ferro, alumínio, cálcio e pela adsorção do fósforo pelas argilas

O preparo convencional do solo favorece maior contato entre o íon fosfato e a superfície dos coloides, permitindo maior adsorção do fósforo pelo solo, tendo uma diminuição da sua disponibilidade para as plantas. Esta adsorção relaciona-se com a fração de argila dos solos, principalmente quando há predomínio de óxidos e hidróxidos de Fe e Al. Nesses coloides, a formação de cargas negativas depende do pH e em condições de acidez, a afinidade do íon fosfato pela superfície dos coloides inorgânicos favorece a adsorção do fósforo .

O fósforo, em comparação a outros macronutrientes, é utilizado em menor quantidade pela planta, porém as adubações são elevadas, pois de acordo com as características de determinados tipos de solo a maior parte do fósforo fica indisponível à planta. O tipo e o teor da argila, a CTC, a adsorção de Cálcio e Fósforo, a quantidade de matéria orgânica e a umidade afetam a solubilidade deste elemento o no solo.

As recomendações de fósforo devem considerar não apenas o elemento disponível, mas também características do solo que reflitam o fator capacidade de fósforo (FCF), uma vez que elas determinam a variação entre os solos quanto ao requerimento de fósforo.

 

Formas de fósforo no solo

          Os minerais fosfatados primários são a fonte de fósforo nos sistemas naturais. O rompimento desses minerais primários ocorre mediante intemperização, que depende dos fatores e processos de formação do solo durante a pedogênese. O fósforo é então liberado para a solução do solo e readsorvido aos colóides, mas parte dele é absorvido pelos organismos e pelas plantas. Neste estágio de formação do solo, ocorre a maior biodisponibilidade de fósforo, já que os colóides inorgânicos são pouco intemperizados e a quantidade de sítios adsorventes é pequena; por isso, ele é retido com baixa energia, facilitando seu retorno à solução do solo. Concomitantemente à utilização de fósforo pelos organismos vivos, seus resíduos são depositados no solo e uma nova forma de fósforo é acumulada, o fósforo orgânico.

Conforme o intemperismo avança, os minerais fosfatados vão sendo degradados e sua contribuição no fornecimento de fósforo ao sistema é reduzida. Adicionalmente, os minerais do solo também sofrem intemperismo, diminuindo sua cristalinidade e aumentando os sítios de adsorção aniônica.

O fósforo do solo é dividido em dois grandes grupos, fósforo inorgânico e fósforo orgânico, dependendo da natureza do composto a que está ligado. Dentro destes dois grupos, as formas de fósforo são de difícil identificação devido à infinidade de reações que o elemento pode sofrer e seus compostos resultantes.

Em solos desenvolvidos, a mineralização do fósforo orgânico passa a ser a fonte principal de tamponamento do fósforo, já que os colóides inorgânicos atuam principalmente como dreno e competem com as plantas pelo elemento.

Nos solos mais pobres, ou seja, aqueles que apresentam pH baixo (menor que 5,0), há maior ocorrência de fósforo nos minerais que contém Fe e Al, enquanto nos solos mais ricos em matéria orgânica, apresentam pH elevados. Isso ocorre, preferencialmente, naqueles solos ricos em Ca, sendo que a variação do pH pode promover a dissolução e formação de outros compostos (Fixen e Ludwick, 1982).

A  fertilização e o cultivo de um solo por 25 anos provocou aumento nos teores de fósforo orgânico e fósforo inorgânico, comparado a um solo similar sob mata nativa. Contudo, em valores relativos, o fósforo orgânico decresceu de 55,55% do fósforo total no solo de mata para 25,05% no solo cultivado, mostrando que a acumulação do elemento adicionado ocorre preferencialmente em formas inorgânicas.

 

Dinâmica do nutriente com o manejo do solo

Como os teores de fósforo disponível em solos intemperizados de ecossistemas naturais são baixos, diversos mecanismos são utilizados pelas plantas e organismos adaptados para aumentar a eficiência de sua absorção. Estas estratégias podem ser de caráter morfológico, como o aumento da relação raiz/parte aérea, as mudanças na morfologia das raízes, o aumento de pêlos radiculares e a associação com fungos micorrízicos.

No entanto, Malavolta et al.(1997), observaram a exigência de 90 kg de N, 10 Kg de P e 65 Kg de K; para uma produção de 100 Kg de colmos de cana de açúcar.

Quando novas áreas são incorporadas ao sistema produtivo e quando altas produtividades são almejadas, a necessidade de correção dos teores naturais de fósforo no solo é fundamental. A fosfatagem, como prática corretiva, tem por objetivo elevar os teores de fósforo no solo, potencializando a adubação de plantio. A aplicação combinada de 200 kg/ ha de P2O5 em área total em pré  plantio, seguida de 100 kg/ha de P2O5 no sulco de plantio proporcionou incremento de 32% na produção de colmos por hectare quando comparada com a aplicação de 300 kg/ ha.

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