Decorridos 30 anos desde a primeira constatação da ferrugem do cafeeiro no Brasil, encontram-se à disposição dos cafeicultores várias opções que possibilitam o controle eficaz da doença.
Apesar disso, atribui-se à doença uma redução média sobre a produção de 20%, uma vez que na maioria das vezes o controle da doença é realizado de forma inadequada considerando-se aspectos relativos à época, doses e técnicas de aplicação dos fungicidas.
O conhecimento das condições ambientais e da planta que condicionam a ocorrência e severidade da doença são indispensáveis para o sucesso do controle, conseqüentemente permitindo que lavouras bem conduzidas atinjam patamares desejáveis de produtividade.
O agente causal da doença é o fungo
Berk. & Br. Atualmente existem mais 40 raças fisiológicas de ferrugem que atacam o cafeeiro, sendo que no Brasil são encontradas cerca de oito raças virulentas. Entre estas, a raça II predomina nos cafezais brasileiros.
A doença atinge as folhas dos cafeeiros causando o aparecimento de manchas que se apresentam, quando observada a face dorsal ou inferior das folhas, recobertas por uma massa pulverulenta amarelo – alaranjada constituída de esporos do fungo. No estádio mais avançado de evolução da doença, algumas áreas do tecido foliar são destruídas e necrosadas observando-se ainda uma desfolha proporcional ao nível de incidência das lesões foliares.
Em outros países onde ocorreu, como no Sri-Lanka (antigo Ceilão), a doença chegou a impedir o cultivo do café. No Brasil, a doença causa uma redução média de 20% sobre a produção chegando em casos de ataques em anos sucessivos a provocar o depauperamento das plantas tornando as lavouras improdutivas e antieconômicas.
O fungo agente causal da ferrugem incide sobre plantas bem enfolhadas e com cargas pendentes de média a elevada. Quando a doença incide, portanto, a produção daquele ano agrícola já se encontra definida e as conseqüências da desfolha causada pela ferrugem em determinado ano se fará sentir sobre a produção do ano agrícola posterior. Por outro lado, deve-se considerar que embora os cafeeiros apresentem a característica de bianualidade da produção levando os produtores a crerem que a baixa produção é devido a este caráter, se associada a elevados ataques de ferrugem no ano anterior, a produção que seria menor apresenta-se ainda mais reduzida.
Outro aspecto a ser considerado é que após um ano de ataque intenso de ferrugem devido a intensa desfolha provocada, pode-se passar dois ou mesmo três anos até que o nível da doença se restabeleça na área levando o produtor a crer que a doença não é mais problema. No entanto, uma vez que a lavoura esteja recuperada e em presença de uma nova carga elevada a doença voltará a causar problemas de desfolha e redução na produção do ano seguinte, se não for controlada adequadamente.
Visando orientar a tomada de decisões ao programar o esquema de controle da ferrugem, o cafeicultor deve utilizar uma técnica que permita conhecer a evolução da doença na lavoura, ou seja, o monitoramento ou acompanhamento da evolução da doença na lavoura como um todo ou nos diferentes talhões.
O controle da ferrugem deve ser efetuado através da utilização de um ou da associação dos vários métodos disponíveis e que são descritos a seguir.
Embora seja considerada a medida ideal de controle, o controle genético é um processo lento uma vez que depende de resultados de pesquisas desenvolvidas na área de melhoramento o que principalmente em se tratando de culturas perenes como o café exige vários anos de trabalho. Materiais genéticos são selecionados reunindo características de resistência ou tolerância à ferrugem às demais características desejáveis e que possam competir com as cultivares susceptíveis já implantadas, as quais, uma vez bem conduzidas, inclusive no que se refere ao controle da ferrugem, possibilitam a obtenção de bons índices de produtividade e elevada qualidade do produto final.
Dessa forma o que se tem observado é uma introdução lenta e gradativa de materiais com características de tolerância ou resistência à ferrugem sob estrita observância dos pesquisadores, extensionistas e produtores em relação ao comportamento desses materiais quanto a aspectos tais como exigências nutricionais, arquitetura das plantas, resistência a outras doenças, pragas e outros aspectos.
Podemos prever, portanto, que ainda um longo período de tempo será demandado para que se concretize uma substituição do parque cafeeiro o qual se compõe ainda, em quase a sua totalidade de cultivares susceptíveis à ferrugem.
Os nutrientes exercem funções específicas sobre o metabolismo vegetal, afetando desse medo o seu crescimento e a sua produção.
Além disso, a nutrição mineral apresenta envolvimento secundário em termos das funções dos nutrientes no metabolismo vegetal, como alterações na morfologia (forma de crescimento), anatomia (paredes das células da epiderme mais grossas, lignificadas ou silificadas) e composição química (síntese de compostos tóxicos), as quais podem aumentar ou reduzir a resistência das plantas aos patógenos.
O fato de que grande extensão da cafeicultura encontra-se hoje implantada em áreas de solos com baixa fertilidade natural como as áreas de cerrado, principalmente sob condições de déficit hídrico, pode ser responsável por desequilíbrios nutricionais, e conseqüente agravamento das doenças, entre elas a ferrugem.
Sabe-se ainda que altos níveis de produção (carga pendente) promovem um desequilíbrio nutricional, tornando as plantas mais susceptíveis à ferrugem.
Dessa forma o manejo adequado da adubação constitui-se em um instrumento fundamental no controle da doença através da melhoria das condições de resistência dos cafeeiros aos patógenos, entre eles o agente causal da ferrugem (
Berk & Br.).
A medida de controle químico apesar do número relativamente grande de produtos químicos ofertados bem como as diferentes modalidades de aplicação, deve ser utilizada criteriosamente considerando-se que: o controle químico adiciona custos à produção e implica em riscos relativos à contaminação do ambiente, ao equilíbrio biológico, aos aplicadores (trabalhadores rurais) e aos consumidores.
O controle químico exclusivamente preventivo da doença efetuado através da utilização de fungicidas protetores predominando aqueles à base de cobre, não oferece bons resultados se por ocasião das pulverizações já ocorrer a presença visível de manchas de ferrugem nas folhas.
Em casos em que ferrugem subir mais cedo ou em que o cafeicultor foi impedido de iniciar as pulverizações de forma preventiva o sistema de controle mais indicado é o misto, ou seja, associando-se os fungicidas protetores aos fungicidas sistêmicos que apresentam ação curativa.
Os fungicidas sistêmicos podem ser aplicados através de pulverizações foliares ou através do solo, apresentando-se nesse caso em formulações granuladas associadas ou não a inseticidas cuja conveniência de utilização deve ser julgada com relação à necessidade de controle de pragas do solo.
O controle químico através de fungicidas sistêmicos sem associações com produtos à base de cobre deve ser considerado por tratar-se de um esquema de controle específico para a ferrugem. Em regiões onde outras doenças ocorram simultaneamente, tais como a cercosporiose (
Berk. & Cook.) ou mancha – aureolada (
pv. garçae), torna-se necessária a utilização de produtos à base de cobre cujo espectro de ação possibilita o controle dessas doenças, além da ferrugem.
Conclui-se, portanto, que a ferrugem do cafeeiro, uma vez não controlada ou controlada inadequadamente, constitui-se em um importante fator de redução da produtividade e longevidade dos cafezais. Por outro lado, o sucesso no controle da doença implica no conhecimento das principais características do agente causal, das formas de manifestação da doença e dos principais fatores ambientais e do hospedeiro que condicionam a sua ocorrência e severidade.
ECOCENTRO/ EPAMIG
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