Levedura da fermentação da cana de açúcar para alimentação animal

A levedura utilizada para fermentação nas usinas sucroalcoleiras pode ser posteriormente recuperada e seca para ser destinada à alimentação animal

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O Brasil vive uma fase de expansão da cultura da cana de açúcar, que atravessou as fronteiras de regiões produtoras tradicionais (interior de São Paulo e Nordeste), em busca de novas áreas, como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Paraná e Minas Gerais. Esse crescimento está sendo impulsionado pela tecnologia dos motores bicombustíveis, aliada às mudanças estratégicas de matrizes energéticas menos poluentes.

Atualmente, nosso país destaca-se como um dos maiores produtores de etanol (álcool combustível) do mundo. Para produção do etanol é necessária a utilização de levedura, um microorganismo que fermenta o caldo de cana. Essa levedura utilizada para fermentação nas usinas sucroalcoleiras pode ser posteriormente recuperada e seca para ser destinada à alimentação animal.

No início da década de 80, com a melhoria da qualidade e o crescimento da produção de levedura, foram geradas inúmeras pesquisas no Brasil a partir do uso desse microorganismo como fonte de proteínas e vitaminas. A levedura é considerada um alimento adequado para compor rações para diversas espécies de animais, no entanto, estudos demonstram que as altas inclusões podem ocasionar distúrbios hepáticos e renais, prejudicando o desempenho produtivo.

Nos últimos anos, menores níveis de inclusão de levedura em rações estão sendo avaliados com resultados benéficos para o crescimento e saúde do animal, merecendo destaque, por se tratar de produto natural, que não gera resíduos ao animal, ser humano e meio ambiente. Além disso, a utilização da levedura vem ao encontro do contexto atual da nutrição animal, que visa substituir grande parte de antibióticos e quimioterápicos por aditivos orgânicos com eficiência comprovada. Outro ponto importante diz respeito à proibição do uso de alimentos de origem animal para ruminantes (bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos) no Brasil e em diversos países, assim como restrições pela União Européia do uso desse tipo de ingrediente também para espécies monogástricas, como aves, suínos e peixes.

Considerando essas questões, o cenário atual é favorável para o aumento da produção de biomassa de levedura das usinas sucroalcoleiras e incremento de sua utilização em rações para diversas espécies de animais de interesse zootécnico.

Hamilton Hisano

Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados, MS

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