Galhas para que não te quero

No Brasil, entre os nematóides formadores de galhas em soja, destacam-se, pelos danos que causam, as espécies Meloidogyne javanica e M. incognita. Estas espécies têm sido constatadas com maior freqüência no Norte do R

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Nas áreas onde ocorrem, observam-se manchas em reboleiras nas lavouras, onde as plantas de soja ficam pequenas e amareladas. As folhas das plantas afetadas normalmente apresentam manchas cloróticas ou necroses entre as nervuras, caracterizando a folha "carijó".

Às vezes, pode não ocorrer redução no tamanho das plantas, mas, por ocasião do florescimento, nota-se intenso abortamento de vagens e amadurecimento prematuro das plantas atacadas. Em anos em que acontecem "veranicos", na fase de enchimento de grãos, os danos tendem a ser maiores.

Nas raízes das plantas atacadas, observam-se galhas em números e tamanhos variados, dependendo da suscetibilidade da cultivar e da densidade populacional do nematóide no solo. Fêmeas adultas com o formato de uma pêra são localizadas com facilidade no interior das galhas. Cada uma delas produz, em média, 500 ovos, que são depositados em uma substância gelatinosa. De cada ovo sai um juvenil de segundo estádio, que é vermiforme e constitui o único estádio infectivo desses nematóides. De um modo geral, no verão, o ciclo de vida se completa em 20- 25 dias.

Para culturas de ciclo curto como a soja, todas as medidas de controle devem ser executadas antes do plantio. Ao constatar que uma lavoura de soja está atacada, o produtor nada poderá fazer naquela safra. Todas as observações e cuidados deverão estar voltados para os próximos cultivos na área. O primeiro passo é a identificação correta da espécie de Meloidogyne predominante na área. Amostras de solo e raízes de soja com galhas devem ser coletadas em pontos diferentes da reboleira, até formar uma amostra composta de cerca de 500 g de solo e pelo menos uns cinco sistemas radiculares de soja.

O solo e as raízes devem ser acondicionados em saco plástico resistente, amarrado com barbante e identificado com o nome do produtor, endereço e local de coleta. A amostra, acompanhada do histórico da área, deve ser encaminhada, o mais rapidamente possível, a um laboratório de Nematologia. A partir do conhecimento da espécie de

é que se poderá montar um bom programa de manejo.

O controle mais eficiente e duradouro do nematóide de galha é obtido com a rotação/sucessão de culturas e adubação verde, com espécies não hospedeiras. O cultivo prévio de espécies hospedeiras aumenta os danos na soja que as sucedem. Em áreas infestadas por

recomenda-se a rotação com amendoim, algodão, sorgo, mamona ou milho resistente. Das cultivares de milho comercializadas, atualmente, no Brasil, Hatã 1001, AG 519, AG 612, BR 3123, C 606, C 491W, C 855, C 929, C 806, C 505, C 447 e C 956, apresentam resistência (FR<1) a M. javanica. Quando M. incognita for a espécie predominante na área, poderão ser semeados o amendoim, o sorgo ou a mamona. A adubação verde com

, mucuna preta, mucuna cinza ou nabo forrageiro também contribui para a redução populacional de

e de

. Os nematóides de galha se reproduzem bem na maioria das plantas invasoras. Assim, recomenda-se também o controle sistemático dessas plantas nos focos do nematóide.

Embora a utilização de cultivares de soja resistentes aos nematóides de galha seja o meio de controle mais eficiente e mais adequado para o agricultor, essa estratégia apresenta possibilidades limitadas, pois, das cultivares recomendadas, no Brasil, poucas apresentam resistência, que, ainda, poderá ser perdida em áreas com altas populações do nematóide. Portanto, o plantio de cultivares resistentes por si só não resolve o problema, mas deve fazer parte de um esquema de rotação de culturas.

Waldir Dias, João Flávio Veloso Silva e Antônio Garcia

Embrapa Soja

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