O chamado SiloBag é uma ferramenta relativamente recente que permite armazenar diferentes grãos na própria lavoura, de um jeito mais econômico, sendo possível uma maior rotação da mercadoria em locais onde existem ou não unidades armazenadoras. Estes silos são túneis de polietileno de 60 metros de comprimento e 2,7 metros de diâmetro, que permitem armazenar cerca de três mil sacas, dependendo do grão. Mesmo tendo 60 metros de comprimento, o produtor pode confeccionar bolsas incompletas, armazenando o volume desejado, cortando a bolsa e reservando o excedente de polietileno para armazenar outro grão.
A capacidade de trabalho neste sistema é bastante elevada, já que as máquinas embutidoras podem armazenar entre 150 a 180 toneladas por hora, o que equivale à quantidade colhida por seis ou sete colhedoras trabalhando simultaneamente.
Estes silos de plástico reduzem a quantidade de capacidades inativas nos silos comuns, por exemplo, em produtos diferenciais como são as sementes de espécies autógamas (trigo, soja), ou àquelas que apresentam características especiais e que precisam de um diferencial de comercialização aos commodities, como trigo com glúten, milho vermelho, soja transgênica, sementes com anomalias etc. Existe também a possibilidade de manipulação para a comercialização da produção de grãos por parte do produtor. Isto evita movimentos inadequados, como transportes, movimento de carga e descarga.
Por não ocorrer a entrada do ar externo, não há elevação da temperatura da semente armazenada, o que permite o armazenamento da mercadoria com um determinado grau de umidade. Isto origina um grande aliado nas pontas da colheita onde podem existir inconvenientes como disponibilidade dos caminhões, falta do espaço em plantas, em silos próprios ou de terceiros,perdas de tempo nas plantas de secagem pela pequena capacidade delas frente à habilidade de trabalho das colhedoras.
No caso dos cereais forrageiros o benefício pode ser duplo: é possível dar ao gado um grão sem nenhum custo extra de transportes e preparação, e ainda comercializar, sem problemas, os excessos quando tiver acabado o ciclo de suplementação.
Esta ferramenta já é utilizada há vários anos na Argentina, com um crescimento nos últimos anos, tanto no espaço dos produtores como entre os armazenadores e contratantes, principalmente os de trigo, soja, milho, girassol, aveia e cevada.
Hoje, a Argentina armazena aproximadamente 20% de toda a produção agrícola com este sistema. No Uruguai o silobag também é utilizado em grande escala. Já existem pesquisas no Brasil, Paraguai, Bolívia, Espanha, França e Rússia, trabalhando com espécies apropriadas para as condições climáticas de cada país.
O sistema de armazenamento em SiloBag apresenta algumas vantagens a respeito dos silos tradicionais, como por exemplo, permitir um manejo muito mais flexível do armazenamento do grão.
Uma das maiores preocupações dos armazenadores e produtores diz respeito às plantas de silagem, que geralmente impossibilitam guardar pequenos volumes de algumas espécies.
Os exemplos mais comuns que surgem nas plantas instaladas são a semente do trigo ou da soja, onde as possibilidades são a de utilizar silos que tenham maior capacidade e desperdiçar o espaço, ou comprar vários silos de pouca capacidade, o que limita a quantidade de plantação para reter ou vender como grão comum os volumes que excedam a capacidade dos silos. Além disso, podem ocorrer misturas das sementes de origens e qualidades diferentes. Neste caso, um jogo da má qualidade com a semente pode determinar a perda de toda a massa armazenada.
Uma situação similar ocorre com produtos diferentes como os trigos melhorados, com alto nível de proteína ou com qualidade elevada para padaria, e que atingem preços altos em determinados períodos do ano. Geralmente no momento em que está mais valorizado, este material é perdido por não existir uma ferramenta apropriada de armazenamento. O mesmo acontece com sojas convencionais (não transgênicas) que têm mercados especiais na Europa e na Ásia ou aqueles que seus volumes não são interessantes do ponto de vista dos commodities.
Deste jeito é possível adicionar à lista alguns produtos com determinadas características como, por exemplo, os milhos modificados para a produção avícola, os vermelhos que têm um mercado interessante, aqueles originados nos estabelecimentos definidos como de produção orgânica, girassóis para doces, girassóis com óleo oléico, etc.
Também é importante o melhoramento da logística da colheita, onde por problemas de estradas, falta de caminhões ou déficit do armazenamento, como aconteceu no ano passado com a “safrinha”, o produtor fica obrigado a deter a colheita, suportando a queda dos preços dos grãos além de ter que pagar sobretaxas e direitos de recepção. Se o agricultor tiver um sistema mais versátil como é o embutido em silos descartáveis é possível mudar esta realidade, possibilitando a ele adaptar-se às variações do mercado mundial, onde os commodities estão deixando de ser interessantes do ponto de vista econômico, principalmente para os médios e pequenos produtores.
É notável a diferença relativa entre a qualidade dos grãos armazenados neste sistema e os armazenados de maneira tradicional. Isto se deve ao fato de o produto não ter contato com os agentes exteriores, e basicamente não existir nenhum movimento de ar dentro da bolsa. Por ser um organismo vivo, a semente respira e está modificando suas características mesmo estando em estado de latência. É por isso que a comunicação com o ar produziria uma mudança. Utilizando este sistema é possível garantir que isto não vai ocorrer. Não tendo oxigênio, as características da semente permanecem inalteráveis. Em função disto, no Uruguai, os moinhos de farinha pagam um preço mais alto pelo trigo armazenado em sacas, depois da colheita.
O polietileno é também uma barreira para a entrada dos insetos, que são pragas nos grãos armazenados, como por exemplo, os gorgulhos que deterioram seriamente a sua qualidade. Como não existe essa barreira nos silos convencionais, é necessário monitoramento permanente e aplicações periódicas de inseticidas residuais para controlar os possíveis focos de ataque.
A ausência do oxigênio neste tipo de armazenamento permite manter o grão com determinado grau de umidade, porque ao não respirar, a semente não eleva sua temperatura e conseqüentemente não se deteriora. Em sistemas tradicionais são exigidos sistemas de ventilação. Isto é importante, principalmente nos grãos forrageiros, porque nas plantas de alimento equilibrado, o grão deve ter uma umidade de 17% para poder ser processado, deste jeito o produtor pode evitar o custo da secagem e vendê-lo diretamente. O mesmo acontece quando num estabelecimento destina-se este tipo de cereal à alimentação de animais. Sem gerar despesas inúteis, pode ser guardado até que seja consumido, diminuindo significativamente o preço da ração e conseqüentemente melhorando a margem bruta da atividade do gado.
Para utilizar o silobag são necessárias algumas máquinas específicas utilizadas nas operações de enchimento dos silos e, posteriormente, na retirada dos grãos. A máquina embutidora que realiza o processo de enchimento do silo é composta por um mecanismo que recebe os grãos e, através de uma rosca sem fim, os conduz ao interior da bolsa. A potência requerida para acionar a máquina é de pelo menos 45 cv e tomada de potência de 540 rpm. A capacidade de produção da máquina, se regulada adequadamente, pode chegar a 250 toneladas por hora.
O controle do fluxo de grãos é feito através do freio da máquina. Por incrível que pareça, ele é a peça chave de todo o processo de embutimento dos grãos, pois ao ser empurrado para dentro do silo, os grãos fazem pressão para que a máquina se desloque para frente. É neste momento que o freio deve ser usado corretamente, de forma que o grão não cause pressão demasiada e estique o plástico. Se o plástico esticar além do permitido, a impermeabilidade do sistema fica comprometida. Caso ocorra o contrário, podem ficar bolsas de ar entre os grãos, espaços que podem ser brechas para focos de elevação da temperatura, o que também pode comprometer a qualidade da armazenagem.
Os freios mais indicados são do tipo discos ou lonas, que garantem uma frenagem mais suaves e sem solavancos. O custo aproximado desta máquina fica em torno dos R$ 23 mil.
Para retirar os grãos do silo utiliza-se outra máquina, diferente da usada na operação de embutimento. É uma máquina de funcionamento simplificado, que também utiliza o sistema de roscas sem fim. Na verdade são três roscas sem fim que compõem o sistema, uma principal central acionada pela tomada de potência do trator e duas roscas varredoras laterais, acionadas mediante o hidráulico do trator. Cada sem fim lateral é equipada por um conjunto varredor, composto por escovas que trabalham continuamente em contato com o piso e cobre toda a extensão longitudinal do mesmo. O controle de toda a máquina é feito por um grupo de hidráulicos acoplados no próprio equipamento. Todo o conjunto de extração está ligado ao chassi central, com compostos que auxiliam na absorção das irregularidades do terreno. Para trabalhar com sua capacidade máxima de trabalho, que é de 100 a 120 toneladas de grãos por hora, é necessário que o trator tenha pelo menos 70 cv, equipado com tomada de potência de 540 rpm, e distribuidor hidráulico auxiliar com duas saídas para cilindros.
Diferente do processo de enchimento, o esvaziamento das bolsas não fica restrito ao uso de máquinas. Dependendo da necessidade e do tipo de produto armazenado, a retirada pode ser feita com outros tipos de material, como pás, por exemplo. O uso da máquina é indicado para realização de operações de silos inteiros ou vários silos ao mesmo tempo.
O custo da armazenagem em silogbag é mais baixo se comparado com os custos que se produzem normalmente. O quadro ao lado apresenta o custo operacional do processo de enchimento do silo. Consideramos que uma máquina pode embutir cerca de 150 toneladas por hora e que uma tonelada equivale a 16,7 sacas.
Os valores são estimativos e, em alguns casos, existe uma sobre dimensão. Além disto agregamos o custo estimado da bolsa para um produtor de R$ 2.200, dá um custo total por saca de R$ 0,77. Temos que considerar que este custo é o mesmo seja para um dia, uma semana, um mês ou um ano. Independentemente do tempo que o produtor decida manter armazenado seu grão, seu custo será só de R$ 0,77 por saca.
Ipesa
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