Cuidados na semeadura de verão

Veja os principais cuidados que se deve ter na implantação das culturas de verão, especialmente com relação a sementes, solo, semeadoras e precisão no dosador de sementes, bem como os ajustes da semeadora.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

No momento de semeadura das culturas de verão, como soja, milho e feijão, alguns aspectos devem ser considerados para assegurar a distribuição desejada de sementes e propiciar condições favoráveis ao estabelecimento, ao desenvolvimento e à produtividade da lavoura.

O processo de semeadura e o conseqüente estabelecimento da população de plantas em uma lavoura são influenciados por diversos fatores, que podem atuar isolados ou combinados, como:

-Semente: índice de germinação e índice de pureza das sementes; uniformidade das sementes quanto ao tamanho e a forma; uniformidade de distribuição das sementes na lavoura quanto ao número de sementes por unidade de área, em relação à eqüidistância entre as sementes na linha de semeadura e à profundidade de deposição das sementes no solo.

-Solo: sistema de preparo do solo; umidade e temperatura do solo; cobertura da semente; e contato entre semente e solo. Esses fatores determinam a quantidade de sementes germinadas e o número de plantas emergidas.

-Semeadora ou semeadora-adubadora: permitir a semeadura de diferentes culturas; permitir variar a dosagem de sementes por unidade de área; permitir a profundidade de deposição das sementes no solo e o espaçamento entre as linhas de semeadura; ser equipada com dosadores precisos de sementes e de fertilizantes que mantenham padrão de distribuição em todas as linhas de semeadura; não causar danos mecânicos às sementes; permitir regulagens para deposição de sementes e de fertilizantes no solo, bem como para fechar o sulco de semeadura e pressionar o solo sobre as sementes.

A eficiência do mecanismo dosador de sementes está intimamente relacionada com a adequada regulagem e manutenção. A precisão de distribuição linear das sementes é altamente influenciada pela altura de posicionamento do dosador em relação ao solo. Quanto mais próximo do solo, maior a precisão.

Outro fator que afeta a precisão dos dosadores é a velocidade de trabalho: velocidade acima de 9 km/h, normalmente, ocasiona má distribuição linear de sementes. Durante a operação de semeadura, utilizar velocidade de deslocamento compatível com o mecanismo dosador de semente da semeadora. Dados de pesquisa indicam que a razão de distribuição de sementes, a uniformidade de distribuição linear de sementes, o índice de emergência de plântulas e a demanda de potência no trator são afetados pela velocidade de deslocamento da semeadora. De maneira geral, o aumento da velocidade de deslocamento aumenta a razão de distribuição de sementes. Em plantio direto, velocidade de deslocamento acima de 8,5km/h pode reduzir em até 12% o índice de emergência de plântulas de milho. As semeadoras com dosador tipo disco alveolado mantém a precisão na distribuição de sementes, em nível aceitável, até a velocidade de deslocamento de 6km/h. Em plantio direto, elevada velocidade de deslocamento da semeadora significa maior demanda de potência, maior mobilização de solo na linha de semeadura, redução da eficiência de corte da palha e redução da profundidade de deposição das sementes no solo. Ao passar da velocidade de 5km/h para 8km/h, a demanda de potência na barra de tração do trator praticamente duplica.

A uniformidade da profundidade de deposição das sementes no solo constitui um dos principais fatores para o sucesso da germinação e do estabelecimento das culturas. A profundidade de deposição da semente no solo é um fator difícil de ser controlado na operação de semeadura. O controle da profundidade de deposição da semente no solo pode ser grosseiramente realizado pela regulagem da pressão exercida pelas molas sobre os mecanismos sulcadores, através de ajuste do cabeçalho da semeadora, do curso das molas ou pressão hidráulica sobre as molas. Contudo, regulagem mais precisa é obtida através de rodas limitadoras de profundidade, montadas próximas aos mecanismos sulcadores. Essas rodas, quando posicionadas lateralmente e ligeiramente atrás dos mecanismos sulcadores de solo, auxiliam também na limpeza dos sulcadores e na redução do volume de solo mobilizado.

É indiscutível a importância do contato "íntimo" da semente com o solo, porém, isto depende das condições de solo (umidade, tipo de solo) e de resíduos culturais presentes na superfície (quantidade e umidade). Para garantir este contato, é indispensável o uso de rodas pressionadoras de solo sobre a semente. Existem vários tipos de sistemas de pressionamento, sendo que a escolha de um ou de outro deve ser em função das opções existentes em cada semeadora.

O preparo da semeadora, antes do inicio da operação de semeadura, è fundamental para o sucesso na implantação de uma determinada cultura. Deve-se consultar o manual do fabricante. Descuidos ou falta de atenção podem acarretar dificuldades, que irão se refletir na semeadura incorreta. Além dos aspectos relacionados com a semente, com o fertilizante e com a regulagem correta de todos os mecanismos, algumas verificações e/ou ajustes gerais devem ser providenciados:

- antes de abastecer a semeadora com fertilizante e semente, certificar-se de que todos os reservatórios estejam livres de impurezas ou de restos de semente e de fertilizante da semeadura anteriormente realizada;

- observar o estado geral de conservação dos dosadores (de semente e de fertilizante) quanto ao desgaste por fricção ou corrosão;

- verificar se todos os dosadores estão corretamente ajustados e girando normalmente, sem necessidade de esforço exagerado. Aconselha-se que isso seja realizado diariamente, antes do inicio da semeadura, principalmente quando se trabalha com sementes tratadas com produtos químicos em pó, pois pode ocorrer acúmulo destes produtos nos dosadores;

- verificar se os mecanismos sulcadores e condutores de semente e de fertilizante não estão obstruídos. No caso de sulcadores de discos, certificar-se de que estejam girando livremente;

- verificar a pressão dos pneus, que deve ser igual em ambos os rodados;

- certificar-se de que os mecanismos de transmissão estejam adequadamente ajustados, substituindo peças desgastadas, regulando a tensão das correntes e efetuando reparos que se façam necessários; e

- lubrificação geral dos mecanismos.

Antônio Faganello

Engenheiro Mecânico, Mestre em Engenharia Agrícola, pesquisador da Embrapa Trigo em Mecanização Agrícola

Contatos: Fone (54)3316.5800, fax (54) 3316.5801/5802, site www.cnpt.embrapa.br

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