A banana ‘Prata’ é uma fruta de maturação muito rápida. Para conseguir transportá-la a mercados distantes ou mesmo para regular a oferta, pode-se utilizar técnicas que aumentem a vida pós-colheita, através do armazenamento refrigerado (AR), atmosfera modificada (AM) e atmosfera controlada (AC) e melhorando ainda mais a conservação da banana ‘Prata’ através da associação dessas formas de armazenamento com a eliminação do etileno, que pode ser feito com absorvedores químicos ou conversores catalíticos, que são os métodos mais eficientes.
O Brasil é o segundo maior produtor de banana do mundo com 6.454.039 toneladas colhidas em 2002. A cultura se estende do extremo norte até o Rio Grande do Sul.
As bananas do grupo Caturra (Nanicão, Nanica, Maçã) são pouco sensíveis ao etileno, necessitando altas doses de etileno para amadurecer. Por outro lado, a banana ‘Prata’ amadurece em aproximadamente três dias em temperatura ambiente de 20ºC após a colheita, apresentando, portanto, maturação muito rápida.
No cenário internacional, o Brasil é um pequeno exportador de bananas, embora existam mercados importantes que poderiam absorver um maior volume da banana ‘Prata’ brasileira, como o mercado do Prata (Argentina e Uruguai), além dos Estados Unidos e Europa.
A refrigeração é o método mais eficiente no controle do amadurecimento, pois diminui a taxa respiratória e demais processos bioquímicos e fisiológicos dos frutos. Porém, deve-se ter cuidado no abaixamento da temperatura, pois a banana é sensível a temperaturas inferiores a 10 e 13ºC, dependendo da cultivar. Quando isto ocorre, manifestam-se alguns distúrbios no amadurecimento das frutas que são chamados de danos pelo frio (“chilling injury”), não permitindo um amadurecimento adequado das frutas, após o armazenamento.
A atmosfera modificada é outra técnica usada para retardar o amadurecimento de frutas, sendo muito versátil, de aplicação relativamente simples e de baixo custo. A atmosfera modificada, que consiste em embalar os frutos em filmes plásticos, para que com a respiração ocorra a redução dos níveis de O2 e a elevação dos níveis de CO2. Desta forma, a fruta diminui o processo respiratório, que é fonte de energia para os demais processos bioquímicos e fisiológicos e, conseqüentemente haverá retardamento do amadurecimento.
A atmosfera controlada é uma técnica semelhante à atmosfera modificada, porém há um controle mais rigoroso e preciso das concentrações dos gases no ambiente onde os frutos estão armazenados, que devem ser monitoradas e corrigidas durante todo o período de armazenamento. Assim, a atmosfera controlada necessita estruturas mais complexas, como ambiente de armazenamento vedado hermeticamente, analisadores de O2 e CO2, além de absorvedor de CO2 para remover o excesso do CO2, que é produzido na respiração, e um mecanismo para injetar O2 na câmara, que é consumido na respiração. Mesmo a atmosfera controlada exigindo estruturas mais sofisticadas é uma técnica muito utilizada na América Central durante o transporte de banana para a América do Norte e Europa.
Pesquisas desenvolvidas no Núcleo de Pesquisa em Pós-colheita (NPP) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) avaliaram o uso de filmes de polietileno (atmosfera modificada), o uso da atmosfera controlada (AC), e a remoção de etileno (RE) com sachê de permanganato de potássio, em banana cv. Prata produzidas em Janaúba, (MG).
Para o armazenamento em atmosfera modificada foram utilizados embalagens de 12kg de frutos em filmes de polietileno de baixa densidade com espessura de 16µ. As embalagens nas temperaturas de 12 e 25ºC com microperfurações de 0,7mm de diâmetro. Diariamente foram determinadas as concentrações de O2 e CO2 nas embalagens, através de analisadores eletrônicos. Para a eliminação de etileno, foram utilizados sachês absorventes com permanganato de potássio, marca Aceall. Adotou-se um sache de 10g para 2400g de fruto.
A observação de etileno retardou o amadurecimento e escurecimento da casca nas bananas armazenadas a 25ºC por 14 dias. Fica evidente que a banana armazenada sem absorção de etileno a 25ºC não apresentava mais condições de comercialização, enquanto que bananas com baixa concentração de etileno estavam com ótima qualidade comercial.
Durante o armazenamento houve um rápido aumento da concentração de CO2 dentro da embalagem, principalmente a 25ºC (Figura 1 -
), devido à alta taxa respiratória dos frutos. A literatura cita que níveis de CO2 acima de 7% podem causar amolecimento do fruto verde e perda de sabor. Porém, neste trabalho na cv. Prata o CO2 atingiu níveis acima de 14% durante oito dias a 25ºC sem haver ocorrência destes distúrbios.
Após 21 dias de armazenamento refrigerado a 12ºC, as bananas com remoção do etileno apresentaram uma coloração verde e imaturas, enquanto que sem a absorção de etileno os frutos já estavam amarelos aptos para o consumo.
No armazenamento em atmosfera controlada, a absorção de etileno manteve as bananas verdes por 29 dias ou mais a 12ºC. As bananas armazenadas em atmosfera controlada (12ºC) sem absorção de etileno já se apresentavam maduras para o consumo após este período.
É importante salientar que na utilização de embalagem de polietileno deve ser levado em consideração o peso das frutas por embalagem, a espessura do filme e a quantidade de microperfurações e a composição química do filme, para que não ocorra um acúmulo exagerado de CO2 e redução excessiva do O2. Alterações excessivas nas concentrações de gases podem proporcionar distúrbios fisiológicos. A atmosfera modificada se bem utilizada retarda o amadurecimento de bananas, evitando o amarelecimento e escurecimento da casca durante o transporte e comercialização, mas sempre deve ser acompanhado da absorção de etileno.
Para o armazenamento por um longo período, além de remover o etileno, deve-se expor os frutos a uma atmosfera modificada ou controlada a 12ºC. Portanto a duração pós-colheita de bananas ‘Prata’ está diretamente relacionada à concentração de etileno, à temperatura, e à concentração de CO2 no ambiente de armazenamento. Conclui-se que a remoção do etileno com sachê mantém uma melhor qualidade da banana ‘Prata’, tanto no armazenamento a 25ºC quanto a 12ºC, sendo a principal técnica para o controle do amadurecimento de bananas, cujo efeito é melhorado na presença do alto CO2 em atmosfera controlada ou atmosfera modificada.
Bananas ‘Prata’ armazenadas a 25ºC com remoção de etileno podem ser comercializadas após 14 dias de armazenamento. O uso de atmosfera modificada (filmes de polietileno microperfurados) com absorção de etileno a 12ºC permite um armazenamento e transporte por mais de um mês. Bananas ‘Prata’ armazenadas em atmosfera controlada a 12ºC com remoção de etileno podem ser armazenadas por aproximadamente dois meses.
No armazenamento e transporte de banana ‘Prata’ é essencial a remoção de etileno, que pode ser feito de preferência com absorvedores químicos (permanganato de potássio) ou conversores catalíticos, que são os métodos mais eficientes.
A banana é um fruto climatérico, de vida pós-colheita relativamente curta e com mudanças acentuadas durante o amadurecimento que melhoram sua qualidade, ficando amarela, menos firme e mais doce, pela hidrólise do amido em açúcares. Esses processos bioquímicos são controlados pelo etileno, que pode ser produzido pela própria banana ou aplicado. Para o transporte a mercados distantes necessitando-se de técnicas como a refrigeração, a remoção do etileno e o uso da atmosfera modificada e controlada, que evitam o amadurecimento rápido e o surgimento do escurecimento da casca. Geralmente, a colheita da banana é antecipada para facilitar o transporte. Quando esta chega no local de consumo é aplicado o etileno para acelerar e uniformizar a maturação.
e
UFSM
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