Condições climáticas na interferência da deriva de pulverizadores
Condições de umidade e pressão do ar interferem na evaporação e deriva das gotas da pulverização de defensivos, exigindo cuidados ao pulverizar
Ensaios nacionais de ciclo médio-precoce e de ciclo médio-tardio mostram o comportamento de cultivares de algodão convencionais e transgênicas nas condições do cerrado brasileiro.
Apesar da adequada aptidão e do alto desempenho das cultivares de algodão plantadas no Cerrado, alguns fatores ainda comprometem a sustentabilidade da atividade algodoeira na região, dentre os quais pode se destacar o elevado custo de produção em função do uso intensivo principalmente de inseticidas para o controle do bicudo do algodoeiro e de fungicidas para o combate de doenças foliares, com destaque para a mancha de ramulária. Com o objetivo de maior segurança e praticidade no manejo de lagartas e plantas daninhas, os produtores estão empregando cada vez mais, cultivares transgênicas de algodão com eventos que conferem conjuntamente a resistência a herbicidas (tecnologias Roundup Ready, Roundup ReadyFlex, LibertyLink e Glytol) e aos lepidópteros-pragas (tecnologias WideStrike, Bollgard I e Bollgard II e TwinLink).
Nos últimos anos, as cultivares transgênicas com resistência a herbicidas e a lepidópteros-praga têm alcançado altos níveis, que atingiram aproximadamente 65 % de adoção na safra 2014/2015 (Céleres, 2015). Contudo, para que a tecnologia da transgenia para o controle de lepidópteros seja sustentável em longo prazo, é imprescindível o uso de refúgios, que nada mais são do que áreas comerciais cultivadas sem a presença do evento para resistência a pragas (Bt). Também é fundamental que a transgenia seja inserida em germoplasma de alto valor agronômico e que se torne provedor de fibra que atenda à indústria têxtil. Assim é imperativo a continuidade de pesquisas para desenvolvimento de cultivares convencionais com elevado valor agronômico e resistência genética a doenças e fitonematóides, bem como elevada qualidade tecnológica de fibra.
Na safra 2013/2014, os Ensaios Nacionais de cultivares de ciclo precoce (ENMP) foram avaliados em dez locais representativos da região do Cerrado, distribuídos nos seguintes municípios por estados: Mato Grosso (Campo Verde, Pedra Preta, Primavera do Leste – Ima e Ceres - e em Sinop); Goiás (Santa Helena, Trindade e Montividiu) e Bahia (Luís Eduardo Magalhães e São Desiderio), totalizando 19 experimentos. As coordenadas geográficas e altitude dos locais encontram-se na Tabela 1. A relação das cultivares de cada ensaio encontra-se na Tabelas 2.
As cultivares do ENMP foram avaliadas em dez locais representativos dos estados do Mato Grosso, Goiás e Bahia. Nas Figuras 1, 2, 3, 4 e 5 encontram-se os desempenhos médios (10 locais) das cultivares com produtividade de algodão em fibra (PRODF), porcentagem de fibras (PF), comprimento (COMP), resistência (RES) e fiabilidade (CSP), respectivamente.
Com relação ao desempenho produtivo médio de dez locais avaliado pela produtividade de algodão em fibra (PRODF, kg/ha), verifica-se na Figura 1 que as cultivares IMA CV 690 (2076 kg/ha ou 138,40@/ha), DP 555 BG RR (1920 kg/ha ou 128 @/ha), BRS 369 RF (1879 kg/ha ou 125,26 @/ha), TMG 42 WS (1847 kg/ha ou 123,13 @/ha) e TMG 41 WS (1810 kg/ha ou 120,66@/ha) se destacaram com médias superiores à geral (1807 kg/ha ou 120,46@/ha de fibra).
A média geral obtida para a característica porcentagem de fibras (PF) em dez localidades foi de 42,10%, sendo que as maiores médias obtidas ficaram por conta das cultivares IMA CV 690 (45%), DP 555 BG RR (43,6%), IMA 08 WS (43 %) e BRS 369 RF (42,60%).
Quanto às características tecnológicas de fibras, a cultivar TMG 41 WS se destacou em relação às demais para resistência da fibra (32,20 gf/tex) e fiabilidade (CSP: 3070). Com relação às demais cultivares, constata-se que a maioria apresentou características de fibras exigidas pela indústria têxtil.
As cultivares do Ensaio Nacional de Ciclo Médio -Tardio (ENMT) foram avaliadas em nove locais representativos do Cerrado dos estados do Mato Grosso, Goiás e Bahia. Nas Figuras 6, 7, 8, 9 e 10 encontram-se os desempenhos médios dos genótipos avaliados em nove locais com relação à produtividade de algodão em fibra (PRODF), porcentagem de fibras (PF), comprimento (COMP), resistência (RES) e fiabilidade (CSP), respectivamente.
No que se refere ao desempenho produtivo (média conjunta de 9 locais) avaliado pela produtividade de algodão em fibra (PRODF, kg/ha), verifica-se na Figura 6 que as cultivares: TMG 81 WS (2136 kg/ha ou 142,40 @/ha), IMA CD 6035 (2080 kg/ha ou 138,66 kg/ha), FM 975 WS (2063 kg/ha ou 137,53@/ha), IMA CD 3869 (2059 kg/ha ou 137,26,26 @/ha) e FM 982 GL (1974 kg/ha ou 131,60 @/ha) se destacaram com médias elevadas e superiores à média geral (1885 kg/ha ou 125,66 @/ha de fibra).
A média geral obtida para a característica porcentagem de fibras (PF) em nove localidades foi de 42,80%, sendo que as maiores médias foram obtidas pelas cultivares TMG 81 WS (45%), FM 982 GL (44,1%), IMA CD 3869 (44%) e FM 944 GL (43,70%).
Sobre as características tecnológicas de fibras constatou-se que a maioria das cultivares avaliadas apresentou valores médios desejáveis para indústria têxtil, com destaque para a cultivar BRS 336, que obteve um valor médio de comprimento (COMP) de 33,40 mm e resistência de 34 gf/tex, indicando uma excelente resistência à ruptura da fibra e uma fiabilidade (CSP) superior à 3400, indicando uma superior qualidade de fibra (Figuras 8, 9 e 10 respectivamente). Esta cultivar é classificada como fibra longa e está sendo recomendada para plantio no Cerrado e Semiárido do Brasil, sendo que neste bioma sob o regime de irrigação.
Na safra 2013/2014, os principais resultados por ensaio obtidos foram o seguinte:
No Ensaio Ciclo Médio - Precoce (ENMP), as cultivares que apresentaram produtividade de fibras (PRODF) acima da média geral foram: IMA 690, DP 555 BG RR, BRS 369 RF, TMG 42 WS e TMG 41 WS. Quanto à qualidade da fibra, o destaque foi para: cultivar TMG 41 WS que se destacou em relação as demais para resistência da fibra (32,20 gf/tex) e fiabilidade (CSP: 3070). Sobre as demais cultivares, constata-se que a maioria apresentou características de fibras exigidas pela indústria têxtil. Enquanto no Ensaio Ciclo Médio - Tardio (ENMT), as cultivares que se destacaram foram: TMG 81 WS, IMA CD 6035, FM 975 WS, IMA CD 3869 e FM 982 GL. No que se refere aos valores médios dos caracteres tecnológicos de fibras, constatou-se que cultivar BRS 336 se destacou em relação às demais com valores médios de comprimento e resistência de 33,10mm e 34,30gf/tex, respectivamente, classificando tal fibra como longa. Com relação às demais cultivares, verificou-se que a maioria apresentou valores médios de fibras nos padrões demandados pela indústria têxtil.
O Brasil se destaca no cenário mundial como um dos principais produtores da fibra de algodão, com uma área plantada de 976,20 mil hectares e produção de 1.504,10 mil toneladas de pluma na safra 2014/15. Os maiores estados produtores são Mato Grosso, Bahia e Goiás (Conab, 2015). As produtividades médias alcançadas nas últimas safras são iguais ou superiores aos grandes países produtores, tais como Estados Unidos, China, Austrália, Índia e Paquistão. Um dos fatores que vem contribuindo para estes avanços em produtividade é sem dúvida a pesquisa desenvolvida nos diferentes programas de melhoramento do algodoeiro que atuam no cerrado brasileiro.
Francisco José Correia Farias, Camilo de Lellis Morello, Embrapa Algodão
Artigo publicado na edição 205 da Cultivar Grandes Culturas.
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