Como conseguir alto rendimento operacional e energético na semeadura de milho safrinha

Por Lauro Costa Rezende (Case IH Agriculture, Marketing Tractor); André Gutierrez Peres (Case IH Agriculture, Marketing Seeder); Samir Paulo Jasper, Gabriel Ganancini Zimmermann, Fernanda Gonçalves Moreno (Laboratório de Adequação de Tratores Agrícolas, UPR)

16.12.2022 | 17:12 (UTC -3)

A produção de milho no Brasil, juntamente com a de soja, contribui com cerca de 80% do total de grãos. Assim, para atender a demanda produtiva dentro das janelas operacionais da cultura, buscam-se equipamentos com maior tecnologia e eficiência.

A nova semeadora Fast Riser 6100 dobrável da Case IH promete mudar a forma como o plantio em larga escala é feito, entregando a precisão de pequenas parcelas em toda a área. Sua caixa de sementes com quatro toneladas de capacidade, reduz o número de abastecimentos e melhora o aproveitamento das horas de trabalho. Combinando alto rendimento com ótima uniformidade, garante resultados superiores mesmo em curtas janelas de plantio.

Ainda que a Fast Riser 6100 pareça muito sofisticada, e assim precise de muito tempo para prepará-la, o modelo conta com diversas facilidades. Todo seu mecanismo tem apenas sete bicos graxeiros que levam somente 10 minutos para serem abastecidos, economizando tempo no preparo para a semeadura. Outro benefício é que eles só precisam ser lubrificados a cada 50 horas de trabalho, proporcionando maiores períodos sem necessidade de interromper o funcionamento do implemento para manutenção. A semeadora conta com a distribuição mais precisa do mercado, graças a tecnologia dos dosadores Precision Planting V2, com disco de semente, vedado por um disco de borracha que aumenta sua vida útil, que resulta numa distribuição de semente altamente uniforme, com elevados valores de singulação.

O modelo possui 61 linhas, espaçadas a 45 cm, gerando uma largura de trabalho de 27,5 m. Esse alcance, combinado com a velocidade adequada permite atingir até 20 hectares por hora, entregando qualidade a cada metro. Quando comparada com as demais, a Fast Riser 6100 confere um espaçamento até 40% mais uniforme, reduzindo o número de plantas falhas e duplas. Ela possui também um limitador de profundidade, garantindo que as sementes germinem no mesmo intervalo de tempo e sem desperdiçar energia para emergir. Para evitar sobreposição das linhas de plantio, a semeadora conta com o sistema AFS, que permite a semeadura variável e desligamento de linhas. Ele proporciona economia de até 30% em insumos, além de garantir a população adequada de plantas, evitando a competição por recursos.

O novo sistema hidráulico corrige automaticamente a necessidade de distribuição de peso nas asas, forçando o implemento contra o solo ou deixando-o mais leve conforme a necessidade. Esse sistema permite a Fast Riser 6100 trabalhar sobre curvas de nível e terraços, adaptando-se às diferentes condições de terreno por aplicar pressão variável sobre os carrinhos e rodados. A regulagem pode ser feita diretamente da cabine, dentre três opções, para atender tanto solos leves quanto duros. Essa tecnologia, combinada com os discos de corte de 20 polegadas, permitem atuação de ponta tanto em plantio direto quanto convencional, resultando em menor revolvimento do solo e sulcos de qualidade superior.

Para facilitar o transporte, a Fast Riser 6100 dobra-se ao meio, ficando com apenas 6,2 m de largura, permitindo manobras em locais menores e ocupando menos espaço no barracão. Quando na posição transporte, a semeadora conta com 60 cm de vão livre, reduzindo danos no trajeto e facilitando o acesso para manutenção do implemento. O comando para mudança de posição é feito diretamente da cabine e é realizado em apenas 90 segundos, dando maior agilidade no processo.

A cabine, por ter o sistema AFS, torna-se a central da operação. Esse sistema, além de controlar a posição da Fast Riser 6100 e a regulagem do sistema hidráulico, também pode receber mapas da área. Com eles é possível fazer uma regulagem personalizada, semeando a taxas variáveis de acordo com a declividade ou fertilidade de cada talhão sem ter que interferir diretamente no implemento. Sendo assim, o trator escolhido para a operação deve ter desempenho compatível com essa semeadora de performance distinta.

Para tal tarefa, o Case IH® Steiger 540 AFS Connect está mais do que à altura. Compatível com a tecnologia da Fast Riser 6100, o Steiger não somente possui o sistema AFS mas também recursos que permitem o acompanhamento da operação em tempo real, mesmo à distância. Seu monitor é altamente intuitivo, contando com conectividade remota, geração de mapas e administração de doses variadas durante a operação. No caso de qualquer problema ou mau funcionamento, é possível solicitar o diagnóstico remoto para reduzir o tempo que o trator ficará inativo.

Mas esse trator não se trata apenas de tecnologia, possuindo tração 4x4 e maior distância entre eixos, o que garante melhor tração para terrenos adversos. Seu chassi e estrutura são de aço de meia polegada, contando com uma barra de tração reforçada que lhe dá robustez e capacidade de tracionar implementos pesados. O Steiger conta com um sistema hidráulico de três pontos que consegue levantar 8,9 toneladas e seu conjunto de válvulas de engate rápido é capaz de fornecer 428 litros por minuto a uma pressão e fluxo constantes, por conta de uma bomba hidráulica dedicada. Seu design foi projetado para minimizar os efeitos de compactação do solo, sem perder potência ou desempenho.

A transmissão do trator é a PowerDrive Powershift da Case IH, com opção de quatro ou seis marchas conforme a potência escolhida. O Steiger conta com o Power Boost para fornecer mais potência na tomada de potência ou velocidade, permitindo que ele supere obstáculos na área sem perder desempenho. Ele possui controle de emissões, além de um sistema de turbocompressor de dois estágios que permite melhor resposta do motor tanto em alta quando em baixa rotação (RPM). O trator conta também com uma cabine espaçosa, cuja alavanca funcional foi reformulada para deixar as funções mais usadas a um toque de distância.

No quesito autonomia, o Steiger AFS Connect possui um tanque de 1.722 litros, reduzindo expressivamente o número de abastecimentos e aumentando o rendimento da operação. Para facilitar a manutenção, precisa apenas de três fluidos chave para mantê-lo funcionando e a troca de óleo deve ser realizada a cada 600 horas de uso. Esses dois produtos de ponta da Case IH foram submetidos a um ensaio, para que seu desempenho possa ser avaliado.

O objetivo do experimento foi avaliar o desempenho energético e operacional do trator Steiger 540 AFS Connect em conjunto com a semeadora Fast Riser 6100, utilizando o gerenciamento automático de transmissão (marchas 4, 5, 6, 7 e 8) nas velocidades de 6,0; 7,0; 8,0; 9,0 e 10,0 km h-1.

No experimento utilizou-se o trator Case IH, modelo Steiger 540, com potência nominal (ISO TR14396) de 542 cv, gerenciamento eletrônico de potência extra de 613 cv, com transmissão Full PowerShift (16 x 2), tração 4WD e sistema de gerenciamento automático de produtividade. Na barra de tração foi acoplado a semeadora Fast Riser 6100, com 61 linhas espaçadas a 45 cm e deposição somente de semente, disco de corte de palha 20 polegadas e profundidade de semeadura de 4,5 cm no solo, de acordo com a Figura 1.

Figura 1. Conjunto trator-semeadora
Figura 1. Conjunto trator-semeadora

Durante o ensaio o conjunto foi equipado com pneus duplos na dianteira e traseira, com pressão de 12 PSI nos internos e externos, respectivamente. A massa total de 27.745 kg estava distribuída 57,7% no eixo dianteiro e 42,3% no eixo traseiro, e a relação massa potência foi de 51,2 kg cv-1.

Para o estudo do desempenho operacional e energético foram determinados o consumo horário e por área trabalhada, além do rendimento operacional. Os valores de velocidade operacional foram determinados através do radar 740030A (Vansco). O consumo horário de combustível foi mensurado com dois medidores de vazão (tipo volumétrico - disco de nutação) modelo RCDL25 (BadgerMeter) alocados na entrada e retorno de combustível.

A área experimental localizada no município de Primavera do Leste (MT) apresentava cobertura de soja (colheita) menos de 1 ton ha-1, declividade de 2% e solo com textura arenosa. Determinou-se faixas de 500 metros lineares para condução das avaliações, com variação máxima de carga de 5% e velocidade estabilizada após os 20 m iniciais, conforme a Figura 2.

A seguir (Figura 3) estão apresentados os resultados dos parâmetros estudados. O valor de eficiência (EF = 90%) para determinação da capacidade operacional foi realizado na fazenda, com o conjunto em deslocamento nas faixas de avaliação.

Através dos resultados obtidos experimentalmente pode-se constatar a maximização da eficiência operacional e energética com o correto dimensionamento do conjunto avaliado.

A manutenção da velocidade operacional em todas as faixas de operação resultou em valores de singulação de deposição da semente dentro do limite de 95%. Salientando-se a importância desta variável para atender a adequada distribuição das plantas na linha de semeadura, o que acarreta alto rendimento da cultura.

Além da correta distribuição devemos destacar parâmetros referentes ao desempenho operacional do conjunto, pois caso não sejam atendidos podem resultar em elevados custos de produção. Como por exemplo a velocidade operacional, consumo de combustível por hora e por área trabalhada, além da capacidade operacional do conjunto.

Com o acréscimo da velocidade operacional (Figura 3A) podemos observar o aumento equivalente do consumo de combustível por hora (Figura 3B), uma vez que a demanda energética da operação se eleva com o acréscimo da velocidade operacional. No entanto, para analisarmos de uma forma mais assertiva o real consumo de combustível do conjunto deve-se verificar a demanda de combustível por área trabalhada (L/ha). No qual de acordo com a Figura 3C, podemos observar a manutenção deste parâmetro com o acréscimo da velocidade estudada, isso se deve pelo adequado dimensionamento do conjunto mecanizado. Assim, minimizando o dispêndio energético dele. Demonstrado através da manutenção da demanda de combustível em torno de 3,0 L/ha, independente das velocidades avaliadas.

Além do fator energético, destaca-se o aumento da capacidade operacional (Figura 3D) do conjunto com aumento da velocidade operacional, possibilitando realizar maior área trabalhada em menor tempo. Atingindo 23 ha/h na maior velocidade avaliada, em consequência do adequado dimensionamento do trator com a semeadora, pois caso o dimensionamento seja realizado de forma inadequada podemos enfrentar problemas como patinagem e acréscimo desproporcional do consumo de combustível, fatores que prejudicam o desempenho das máquinas agrícolas no campo e afetam diretamente no custo da operação.

Devido a estes fatores, podemos verificar a assertividade ao se trabalhar com o conjunto Steiger 540 e Fast Riser 6100, o qual resulta em bons índices de capacidade operacional e consumo de combustível na operação de semeadura.

Por Lauro Costa Rezende (Case IH Agriculture, Marketing Tractor); André Gutierrez Peres (Case IH Agriculture, Marketing Seeder); Samir Paulo Jasper, Gabriel Ganancini Zimmermann, Fernanda Gonçalves Moreno (Laboratório de Adequação de Tratores Agrícolas, UFPR)

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LS Tractor Fevereiro