​Biopesticida

Por Clayton Emanuel da Veiga, que é Gerente de Produtos da IHARA, é formado em Engenharia Agronômica, possui MBA em Marketing com Ênfase em Operações Comerciais e em Gestão Empresarial

23.08.2016 | 20:59 (UTC -3)

Nos últimos três anos, a sustentabilidade, um dos principais temas atuais, também chegou ao campo. Buscando desenvolver produtos que pudessem atuar nas plantações, afetando cada vez menos o meio ambiente, as companhias optaram por apostar na criação de biodefensivos, soluções menos agressivas e tão eficazes quanto as já trabalhadas no mercado.

Com isso, algumas regiões, como a América Latina, assistiram um crescimento desse segmento. Enquanto houve queda na venda dos defensivos agrícolas tradicionais, algumas culturas abriram precedentes para que os biológicos entrassem em cena, como é o caso das frutas e vegetais com seus sprays pré-colheita. Especialmente no Brasil, os bionematicidas também cresceram. E mesmo que esse mercado tenha registrado uma queda, esses nichos específicos apontam para uma boa perspectiva em um futuro próximo.

Só no Brasil, um dos principais países da América Latina para esse segmento, os biológicos devem registrar alta entre 15% a 20% nas vendas dos próximos anos, segundo projeção da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), divulgadas no fim do ano passado. De acordo com o órgão, hoje cerca de 51 empresas detêm registros de produtos bio no país, comercializando cerca de 118 soluções. E a aceleração dos estudos e aprovações nessa área podem ser acompanhadas pelo alto número de registros obtidos em 2015: foram 20, número 135% maior do que a média nos últimos seis anos.

O que favorece esse mercado é que o registro para esse tipo de tecnologia é muito mais rápido. Isso acontece porque as autoridades responsáveis têm oferecido equipes específicas para avaliar os biopesticidas, com requisitos diferentes das análises tradicionais.

A IHARA passou a atuar nesse mercado há algum tempo e tem acompanhado todas as suas transformações. Tradicional fabricante de defensivos, a empresa saiu à frente do mercado, dedicando uma área exclusiva para os produtos bio desde 2014. De lá para cá, a empresa investiu em diversos projetos e já apresentou algumas tecnologias para registro. Uma delas, inclusive, deve sair no final do segundo semestre, quando o mercado deverá conhecer o Eco-Shot (Bacillus amyloliquefaciens estirpe D747), justamente para as culturas de frutas e legumes.

Hoje a comercialização de produtos biológicos já representa cerca de 10% do faturamento da IHARA, o que nos motiva a avançar ainda mais nesse setor, buscando parcerias de empresas e universidades, nacionais e estrangeiras, para o desenvolvimento de novas pesquisas e produtos. Para esse importante passo, temos o apoio de nossos acionistas, que também investem em pesquisas nessa área, bem como o de grandes indústrias do setor. A união com essas grandes companhias nos possibilita apresentar um portfólio completo de soluções para nossos clientes e para agricultores.

Mas por que os biodefensivos são tão essenciais? O que os torna tão diferente do que já podemos encontrar no mercado? Existem algumas vertentes que podem reforçar esse crescimento. Entre elas, um foco maior em uma agricultura sustentável; maior resistência das pragas aos defensivos químicos; oferta limitada de novas moléculas e o expressivo avanço tecnológico verificado na área de defensivos biológicos, com o desenvolvimento de formulações mais eficientes e com maior vida de prateleira.

O segmento também foi favorecido pelos recentes problemas fitossanitários surgidos em algumas culturas no Brasil. Tais quais a Helicoverpa armigera, que fez um grande estrago em 2014 e no final do ano passado, causando enormes prejuízos aos agricultores e cujo controle, economicamente viável, só foi conseguido graças à introdução de inseticidas microbiológicos e de insetos parasitoides no plano de manejo de pragas. A IHARA fez parte desse processo com o GESMSTAR, bioinseticida considerado um dos mais eficazes no combate a Helicoverpa.

Se o mercado irá continuar se comportando desse jeito não temos como afirmar. Mas as pesquisas apontam que Brasil e América Latina ainda têm um bom caminho pela frente e um grande espaço para suportar o crescimento dos biodefensivos, tornando essas soluções um nicho extremamente bem sucedido de mercado, uma opção viável para o contínuo crescimento da agricultura brasileira e oferecendo aos consumidores um produto ainda mais saudável e nutritivo.

*Clayton Emanuel da Veiga, Gerente de Produtos da IHARA, é formado em Engenharia Agronômica, possui MBA em Marketing com Ênfase em Operações Comerciais e em Gestão Empresarial. Iniciou na IHARA em 2003 como Administrator Técnico de Vendas, assumindo posteriormente os cargos de Consultor de Desenvolvimento de Mercado, Gerente Comercial Distrital, Gerente de Marketing de Regional e Gerente de Planejamento de Marketing.

Compartilhar

Mosaic Biosciences Março 2024