Avaliação destaca benefícios dos adjuvantes na pulverização

Por Tiago Mencaroni Guazzelli, Marconi Ribeiro Furtado Júnior, Victor de Souza Lopes e Paulo Roberto Forastiere, da UFV, e Humberto Santiago, da Ufob

09.01.2025 | 16:23 (UTC -3)

A calibração dos equipamentos, a escolha da formulação e a aplicação correta de defensivos agrícolas são fatores que asseguram uma pulverização eficiente no controle de pragas e doenças com baixa contaminação ao meio ambiente e ao operador.

O objetivo da calibração de pulverizadores e equipamentos de pulverização é verificar se os mesmos estão como o previsto pela regulagem, para posteriormente serem utilizados. Este procedimento pode ser realizado apenas por um simples ajuste fino na pressão de trabalho. 

Na calibração também é feito o diagnóstico do estado das pontas. Verificando a vazão do sistema, determinando o volume de aplicação e a quantidade de produto a ser colocada no tanque. É muito comum os operadores ignorarem a regulagem e realizarem apenas a calibração, o que pode provocar perdas significativas de tempo e de produto.

Imagem 1 -  diferentes siliconados comparado com óleo
Imagem 1 -  diferentes siliconados comparado com óleo

Para alcançar a máxima eficiência no controle dos organismos indesejados, os fatores, antes citados, devem ser manipulados de forma que a calda aplicada atinja em totalidade o alvo desejado. Fatores climáticos, como temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento, devem ser monitorados, com o objetivo de se escolher o momento ideal de aplicação. 

Em situações de altas temperaturas (acima de 30ºC), baixas umidades (abaixo de 50%) e fortes ventos (superiores a 10km/h), velocidade do vento menor que 3km/h, também não se recomenda a aplicação de defensivos agrícolas, pois constituem-se em condições propícias à evaporação e deriva, alterando assim a trajetória das gotas em relação ao alvo. Desta forma, as aplicações devem ser realizadas, preferencialmente, nas primeiras horas da manhã ou no final do dia. 

Na intenção de aumentar a eficácia e reduzir os custos do tratamento fitossanitário, são adicionados na preparação das caldas os adjuvantes, que desempenham a função de alterar as propriedades físicas e químicas da mistura, podendo aumentar o molhamento, a absorção dos componentes pelas folhas e reduzir a formação de espuma, momento em que a maioria dos ingredientes ativos é desperdiçada.

A adição de adjuvantes à calda de pulverização pode alterar a tensão superficial do líquido, promovendo, assim, alteração no espectro de gotas formado. Gotas de maior diâmetro possuem maior resistência às perdas por deriva e evaporação, porém podem causar maiores perdas por escorrimento. 

Caso o alvo a ser controlado encontre-se no interior do dossel ou na parte inferior das folhas das plantas, gotas de diâmetros elevados terão maior dificuldade para penetrar. Em contrapartida, gotas com diâmetro reduzido conseguem alcançar o alvo.

Imagem 2 - óleo
Imagem 2 - óleo

Devido ao menor diâmetro e à maior superfície específica de contato, as gotas menores possuem maior suscetibilidade a condições climáticas, favorecendo perdas por evaporação e deriva.

Para melhor entender os efeitos dos adjuvantes, foi realizado um experimento com a finalidade de testar cinco produtos (adjuvantes) misturados com água e apenas água como testemunha, sendo quatro de base siliconada, (Poliflex), (Naft), (TA35) e (Silkon) na dose de 0,5ml/L de calda, e outro à base de óleo vegetal (Agr’óleo), na dose de 0,5% da calda por hectare.  

Imagem 3 - óleo formando espuma
Imagem 3 - óleo formando espuma

Para cada tratamento empregaram-se dois volumes de aplicação, 80L/ha e 165L/ha, e tais aplicações foram feitas com um pulverizador centrífugo montado sob uma barra com comprimento de nove metros equipado com um motor elétrico. Para a avaliação do espectro de gotas, as etiquetas de papel sensível foram digitalizadas e as imagens foram processadas através do programa computacional Image Tool, versão 3.0.

De posse das análises foram avaliados alguns parâmetros em cada tratamento, sendo eles: o diâmetro da mediana volumétrica (DMV), que representa o diâmetro que divide uma população de gotas em duas metades volumetricamente iguais; o coeficiente de homogeneidade (CH), que quanto mais próximo de 1 representa um espectro de gotas mais uniforme; a densidade de gotas; a amplitude relativa ou Span, que também indica a homogeneidade do espectro; e a porcentagem de cobertura do alvo.

Imagem 4 - PH da caldeira
Imagem 4 - PH da caldeira

Nas condições ambientais de temperatura entre 180C e 200C, umidade relativa do ar entre 45% e 58% e ausência de vento, observou-se que não houve interação entre o volume e o produto nos testes de cobertura do alvo, visto que a 165L/ha o resultado chegou a 28,78% e a 80L/ha atingiu 15,1%.

Os valores de coeficiente de homogeneidade obtidos ficaram entre 2,78 e 4,28 para o volume de aplicação de 165L/ha e para o volume de 80L/ha, os resultados variam de 2,07 a 2,63. Os Span variaram de 0,9775 a 1,2775 para o maior volume e 0,92 a 1,015 para o menor.

À medida que se deseja aumentar a qualidade da pulverização, deve-se exigir mais homogeneidade do espectro de gotas. É necessário analisar o DMV em conjunto à amplitude relativa para avaliar os efeitos dos adjuvantes na calda, principalmente na uniformidade e distribuição das gotas. 

Imagem 5 - calda com óleo 
Imagem 5 - calda com óleo 

Os valores de DMV variaram de 377,26μm a 594,50μm para 165L/ha, e de 287,73μm a 330,85μm para 80L/ha, conforme a Tabela 1. Na análise de densidade de gotas, o resultado mostrou uma tendência diretamente proporcional ao volume (Tabela 2), ou seja, quanto maior o volume de pulverização, maior a densidade de gotas.

A densidade de gotas proporcionada pela pulverização com adjuvantes encontra-se acima da densidade mínima recomendada para controle de doenças, insetos e plantas daninhas, portanto, por promoverem gotas de maior tamanho menos suscetíveis à deriva e à evaporação, as diferentes formulações podem influenciar na pulverização, melhorando a qualidade e reduzindo os impactos ambientais na cultura e na propriedade.

Imagem 6 - calda com siliconado 
Imagem 6 - calda com siliconado 

O maior volume de aplicação empregado possibilitou maior cobertura do alvo. Nos resultados de cobertura, DMV e densidade de gotas dentro de cada volume não houve diferença significativa. A utilização de adjuvantes na calda de pulverização melhorou o espectro de gotas para a pulverização.

As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna diferenciaram estatisticamente entre si pelo o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. *(Testemunha) = Água pura.

As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna diferenciaram estatisticamente entre si pelo o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. *(Testemunha) = Água pura.

*Por Tiago Mencaroni Guazzelli, Marconi Ribeiro Furtado Júnior, Victor de Souza Lopes e Paulo Roberto Forastiere, da UFV, e Humberto Santiago, da Ufob

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