O Brasil está aumentado a produção de grãos a cada ano e, é óbvio, que a capacidade de armazenagem do país deverá atender a este crescimento de produção e, mais ainda, com a qualidade que o mercado exige. Os equipamentos de armazenagem inseridos na unidade armazenadora de grãos, são um dos itens essenciais para a garantia da qualidade demandada para a comercialização destes grãos. As pragas são o principal contaminante dos grãos durante a armazenagem que comprometem a comercialização, pois é exigido que os grãos a serem comercializados, tanto no mercado interno quanto externo, estejam isentos destes contaminantes. Este padrão é internacional e o país ou o armazenador que não atender a isto não terá mais acesso ao mercado, certamente arcando com os prejuízos financeiros.
Equipamentos projetados inadequadamente ou operando em condições deficientes podem favorecer a multiplicação das pragas dentro da estrutura armazenadora e, conseqüente, contaminando os grãos armazenados. A grande inovação que o Brasil precisa introduzir é a adoção de silos herméticos o que seria essencial para o perfeito controle das pragas no armazém. Esta tecnologia já está disponível em outros países produtores de grãos, porém a indústria nacional precisa disponibilizar este tipo de silo ao armazenador para que o mesmo continue sendo competitivo no mercado nacional e internacional.
Perdas quantitativas e qualitativas na fase pós-colheita devido a contaminantes, que comprometem a qualidade dos grãos e a segurança alimentar são uma realidade nacional e ainda comprometem até 10% da produção de grãos brasileira. Estes contaminantes são os inseto-pragas de grãos armazenados, fungos, bactérias, micotoxinas e sujidades, que ocorrem durante o processo de armazenagem e seguem por toda a cadeia de grãos, chegando à mesa do consumidor. Desta forma, a geração de informações sobre tais contaminantes e a implantação de processos que reduzem as perdas resultantes de sua presença são fundamentais para garantia da segurança alimentar, assim como a segurança econômica do empreendimento. O expurgo dos grãos para eliminar as pragas, que evitarão danos físicos e micotoxinas, exige silos e armazéns herméticos, pois somente estes garantirão o tratamento do produto com 100% de eficácia.
O fumigante fosfina (usado para o expurgo) tem sido utilizado no Brasil por mais 35 anos para o controle de insetos em cereais, sementes leguminosas, farinhas, café e cacau armazenado em sacos ou a granel. Na realidade, nos últimos 27 anos, têm sido praticamente o único fumigante utilizado no Brasil para a fumigação de grãos armazenados e sub-produtos. É também utilizado para o tratamento de unidades armazenadoras, moinhos e veículos utilizados no transporte de grãos. A facilidade e a segurança da aplicação, a quase total ausência de resíduos e a sua grande capacidade de penetração certamente contribuíram para a sua ampla aceitação, com a conseqüente diminuição do uso de outros fumigantes especialmente o brometo de metila. No entanto, o uso indiscriminado e ineficiente deste produto, assim como o uso intensivo e a não existência de silos e armazéns herméticos, traz como conseqüência a resistência da praga ao fumigante. Este fenômeno é uma mudança genética na praga que a faz suportar doses de fosfina cada vez mais elevadas, vem crescendo ano após ano, no país.
O expurgo dos grãos é uma necessidade que nenhum país no mundo pode se omitir de usar e deve ser feito de forma correta e eficiente. As falhas de controle são muito comuns e conhecidas, porém freqüentes, tanto em grãos como em sementes armazenadas, e essas imperfeições do uso da fosfina comprometem a qualidade do produto armazenado.
A modernização dos equipamentos de armazenagem já existentes no mercado é uma necessidade para facilitar a limpeza e controle dos potenciais contaminantes. Os equipamentos mal projetados são um abrigo para as pragas e por isso devem ser periodicamente limpos e higienizados. Para que isso seja feito pelo armazenador é importante que os equipamentos de armazenagem sejam construídos ou adaptados para facilitarem o trabalho e cada vez mais, só abriguem as menores quantidades possíveis de resíduos. Superfícies lisas, perfis fechados, vigas e barras estruturais arredondadas, paredes internas dos silos lisas, fundo de silos desmontáveis, moegas e secadores auto-limpantes, máquinas sem cantos recolhedores de resíduos, entre outras, são itens que a indústria de equipamento precisa atender urgentemente.
O armazenador está procurando novos conhecimentos e formas de operar melhor seus equipamentos, cabe então a outros segmentos da cadeia de armazenagem fazerem sua parte, para que a qualidade de armazenagem seja atendida. O equipamento que atenda melhor estes requisitos deve merecer a preferência do armazenador de grãos, pois este objetiva obter o melhor preço de seu produto, conservado com o menor custo de manutenção de equipamentos e melhor qualidade ofertada.
Sistemas de rastreabilidade dos grãos estão sendo implantados no país, baseados em Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Analise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), atendendo normais internacionais como a ISO. Estes são sinais de mudanças que precisam ser de imediato absorvidos para garantir a competitividade do grão brasileiro.
O Brasil tem qualidade técnica e uma grande força de trabalho para estas mudanças, basta colocá-las em prática. Não podemos deixar os compradores de nossos grãos previamente discriminarem o nosso grão e eles determinarem o que há de errado em nossos produtos e arbitrariamente definirem o quanto pagarão pelo nosso produto. Devemos sim conhecer o nosso grão, ter consciência da qualidade que dispomos e negociar o preço justo de um produto com padrão de qualidade conhecido e qualificado pode exigir.
Pesquisador Embrapa Trigo e Presidente da Associação Brasileira de Pós-colheita (ABRAPOS)
Contatos: 54 3316 5881 ou ilorini@cnpt.embrapa.br
Pesquisador Embrapa Trigo e Secretário Geral da Associação Brasileira de Pós-colheita (ABRAPOS)
Contatos: 54 3316 5920 ou benami@cnpt.embrapa.br
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