Vibra e Brasil BioFuels ampliam parceria e se unem em 1º projeto de produção de combustível sustentável de aviação (SAF) do Brasil

Vibra atuará como offtaker individual com exclusividade, por 5 anos, sobre a produção da BBF, que prevê gerar um volume de até 500 mil m3/ano de HVO e SAF, o combustível do futuro da aviação

14.04.2022 | 14:51 (UTC -3)
Sérgio Vieira

A Vibra Energia e a Brasil BioFuels (BBF) anunciam, nesta segunda-feira, uma nova parceria: a produção e comercialização de combustível sustentável de aviação, conhecido como SAF (Combustível Sustentável de Aviação), a partir do óleo de palma. A BBF fará o investimento industrial, de cerca 2 bilhões de reais, na construção da biorrefinaria, na Zona Franca de Manaus, onde serão produzidos o HVO e o SAF, com volume estimado em 500 mil m³ por ano, o equivalente a 2% da demanda Brasil da Vibra de QAV+DIESEL e 24% da região Norte.

A Vibra não fará aporte financeiro e atuará como offtaker individual, com exclusividade sobre a produção por 5 anos, possível de ser renovado por mais 5 anos, e se valerá da sua capilaridade de distribuição e força comercial para acessar clientes que estão em busca de soluções sustentáveis e ajudá-los a fazer sua descarbonização. Esta será a primeira produção no Brasil de biocombustível para a aviação em escala industrial, com oportunidade também de geração de créditos de carbono.

Um acordo de offtake ocorre entre um produtor e um comprador para adquirir ou vender porções dos próximos bens do produtor e revela a credibilidade e robustez da Vibra, pois a sua presença contribui para viabilizar o financiamento do projeto, além de conferir segurança na colocação dos produtos no mercado, por conta da capacidade logística e comercial. Normalmente, é negociado antes da construção de uma instalação para garantir um mercado para atuação futura.

É o caso dessa biorrefinaria, que entrará em operação no primeiro semestre de 2025 e também será responsável, além do SAF, pela produção do HVO (sigla em inglês para óleo vegetal hidrotratado ou diesel verde), produto da primeira parceria entre as duas companhias, anunciada em novembro de 2021. A previsão é de que o SAF e o HVO sejam disponibilizados ao mercado brasileiro entre 2025 e 2026.

Tanto o HVO quanto o SAF são uma solução “drop-in”, ou seja, podem ser misturados ao combustível de origem fóssil e substituir, de forma integral e imediata, o diesel e o querosene de aviação, respectivamente, sem necessidade de adaptações, com um custo de produção competitivo em relação ao diesel e ao QAV fóssil.

O SAF será, num primeiro estágio, misturado ao combustível tradicional da aviação (QAV), porém, os percentuais mínimos obrigatórios ainda estão em discussão. A expectativa é de que a participação do biocombustível seja gradualmente ampliada até que seja a maior parte do tanque.

O principal objetivo desta união é potencializar a descarbonização da economia e, ainda, promover o desenvolvimento da Região Amazônica, em linha com as diretrizes estratégicas da Vibra e da BBF, de focar em negócios voltados à transição rumo a fontes energéticas mais limpas e renováveis.

Da produção

O plano segue a essência de verticalização agrícola da BBF, operando desde o plantio da palma em áreas degradadas, produção do óleo vegetal até a manufatura do biocombustível.

A produção majoritária do óleo de palma, principal matéria-prima para a produção de SAF, será realizada nas instalações da BBF localizadas no município de São João da Baliza, interior de Roraima. O local foi escolhido por já ser um polo relevante de produção de óleo da palma da BBF, além das condições climáticas favoráveis, disponibilidade de terras produtivas preferenciais dentro zoneamento agroecológico da palma e vantagens logísticas para transporte do óleo vegetal.

Através da expertise dos sócios e das sinergias geradas, a nova refinaria do biocombustível irá agregar valor para toda cadeia nacional, aumentando a eficiência logística e beneficiando todo o mercado, no caso, notadamente para as empresas da aviação.

A produção de mais um biocombustível em território brasileiro visa ainda contribuir para aumentar a oferta por biocombustíveis, numa progressiva redução do consumo de combustíveis fósseis. O cultivo da palma será em áreas consideradas degradadas da região amazônica e certificadas, autorizadas para plantio conforme Decreto nº 7.172/2010, e contribui para a descarbonização, com a significativa geração de créditos de carbono. Até 2026, mais de 120 mil hectares de palma serão plantados, com uma capacidade da área já certificada de 31 milhões de hectares. Em 20 anos, pode-se obter 14,8 milhões de créditos de carbono.

Dessa forma, além de possibilitar o reflorestamento de áreas desmatadas, a parceria entre a Vibra e a BBF irá fomentar a criação de infraestruturas sustentáveis e a promoção de bioeconomias, gerando empregos e criando oportunidades de renda, fortalecendo o desenvolvimento local, além de contribuir com a recuperação da floresta amazônica.

Verticalização da cadeia

Como offtaker individual da parceria, a Vibra utilizará sua robusta infraestrutura local e esforço comercial para distribuir o combustível de aviação ao mercado adquirido diretamente da biorrefinaria. A escala gerada por essa parceria vai permitir melhor otimização logística, com monitoramento constante da oferta e da demanda, possibilitando uma visão ampla de todos os processos da cadeia em tempo real.

O projeto se beneficiará da competência técnica e agrícola da BBF para produção de biocombustíveis e da expertise reconhecida da Vibra para a comercialização e distribuição. Além disso, a localização em Manaus possibilita uma vantagem competitiva com incentivos fiscais da região amazônica para criação de uma cadeia sustentável do biocombustível de ponta a ponta.

Embora a prioridade seja atender os clientes que operam no Brasil, a sinergia entre as empresas trará a possibilidade de expansão para mercados internacionais.

O cultivo e a biorrefinaria, desenvolvidos pela BBF, seguirão as melhores práticas de governança e conformidade, com a transparência necessária perante os órgãos reguladores e demais stakeholders. A conclusão do negócio ainda está sujeita a determinadas condições precedentes, entre elas a análise dos entes competentes, como o CADE e a ANP.

"Esta parceria é estratégica, pois trata-se da primeira produção no Brasil de um biocombustível para a aviação, que vai impactar toda a cadeia de abastecimento do segmento. O SAF é uma das alternativas mais promissoras para a transição energética, pois é produzido por meio do processamento de matéria-prima renovável, como a palma, e contribui para a redução das emissões de carbono, além de contribuir com o NetZero, com a plantação em áreas degradadas da Amazônia e a geração de crédito de carbono, em linha à estratégia de transição energética da Vibra. O diesel verde, que também vamos produzir nessa planta, já é o terceiro biocombustível mais usado no mundo e aquele cuja produção mais cresce, com alta estabilidade e teores mínimos de contaminantes. Ambos podem ser misturados ao combustível de origem fóssil e substituir, de forma integral e imediata, o diesel e o querosene de aviação, respectivamente, sem necessidade de adaptações, com um custo de produção competitivo em relação ao diesel e ao QAV fóssil”, afirma Wilson Ferreira Jr, presidente da Vibra.

“A BBF tem atuado na descarbonização da Amazônia, concentrando suas atividades no Norte do país e, ao mesmo tempo, gerando emprego e renda. Nosso modelo de negócio demonstra que a própria região nos oferece as soluções sustentáveis para substituir os combustíveis fósseis”, ressalta Milton Steagall, presidente da BBF.

Sobre as vantagens do SAF

O SAF é uma das maneiras mais eficazes de reduzir o impacto ambiental da aviação. A produção do combustível de aviação é uma solução “drop-in” completa. Isso significa que o SAF pode ser usado no lugar do combustível normal Jet A em todas as aeronaves, sem necessidade de voar ou realizar o serviço de abastecimento de forma diferente.

Apesar de o segmento de aviação contribuir apenas com cerca de 2% de toda a emissão global de carbono, a Vibra trabalha para reduzir as emissões em todos os seus setores de atuação, e ajudar seus clientes a trilharem o caminho da descarbonização.

Segundo a SkyNRG, cerca de 99% das emissões das companhias aéreas e ao redor de 50% das emissões dos aeroportos estão relacionadas com a combustão de Jet Fuel. Dessa forma, ser capaz de reduzir o impacto ambiental do combustível de aviação utilizando um bioderivado proporcionará reduções significativas e perceptíveis nestes indicadores.

Além da redução de CO2 , outro benefício do SAF é a melhoria da qualidade do ar local. Quando utilizado, pode reduzir as emissões diretas em comparação com o combustível de aviação convencional. O Combustível de Aviação Sustentável pode ter uma diminuição de até 90% do material particulado (PM) e uma redução de até 100% do enxofre (SOX).

E, por fim, o SAF também pode fornecer um aumento marginal em eficiência do combustível. Graças ao SAF ter uma densidade de energia mais alta do que dos produtos convencionais, pode ocorrer um aumento de 1.5% a 3% na eficiência do combustível. Isso não só aumentará o alcance de uma aeronave, mas também diminuirá o índice de queima de combustível por hora, reduzindo as emissões produzidas por uma aeronave durante sua rota. Ou seja: gera economia e ainda é sustentável.

Histórico de parcerias

A Vibra Energia e a Brasil BioFuels, em novembro de 2021, anunciaram parceria para criar a primeira refinaria verde para produção de HVO (Óleo Vegetal Hidrotratado ou diesel verde), do Brasil, na Zona Franca de Manaus.

A planta, instalada pela BBF, terá capacidade de produzir até 500 mil toneladas de combustíveis de segunda geração por ano e encontra-se em um ponto estratégico para a distribuição em toda a Região Norte do país. A Vibra atuará como offtaker da produção, tendo assim prioridade sobre esta e se valerá da sua capilaridade de distribuição e força comercial para acessar clientes que estão em busca de soluções sustentáveis.

Através da expertise dos sócios e das sinergias geradas, a nova refinaria do biocombustível irá agregar valor para toda cadeia nacional do etanol, aumentando a eficiência logística e beneficiando todo o mercado, principalmente para as empresas e organizações do segmento de transporte.

O HVO, mais conhecido como diesel verde ou diesel renovável, é produzido por meio do processamento de matéria prima renovável, como a soja. Ao contrário do biodiesel, o diesel verde permite a mistura com outras matérias-primas no processo de produção, óleo vegetal ou gorduras animais são as mais utilizadas. Portanto, o diesel verde se apresenta como uma das alternativas mais promissoras para a transição energética.

Já utilizado em países da Europa e nos Estados Unidos, o diesel verde faz parte da segunda geração de biocombustíveis. O produto é resultado de aprimoramentos tecnológicos para acompanhar as inovações veiculares, que requerem um combustível de melhor qualidade, com alta estabilidade e teores mínimos de contaminantes. O Diesel Verde é o terceiro biocombustível mais usado no mundo e aquele cuja produção mais cresce.

A vantagem do diesel verde é sua eficiência para solucionar o desafio da redução de emissões de gases poluentes. Na outra ponta, não exige alterações nos motores que hoje equipam os ônibus e caminhões brasileiros. Ou seja: o biocombustível pode abastecer motores automotivos sem ser misturado ao diesel derivado do petróleo bruto, tornando-o uma opção de menor poluição sem gerar novos custos, pois não necessita mudanças estruturais nos veículos para que seja utilizado, tornando-se uma alternativa eficiente e econômica para as empresas de transporte e para o meio ambiente.

Entre os benefícios da utilização do diesel verde está o fato de ser isento de contaminantes e possuir maior estabilidade, o que garante menos problemas no armazenamento e no uso em motores diesel. Desta forma, minimiza danos aos motores, como entupimento de filtros, bombas e bicos injetores, aumentando a vida útil dos veículos. Também possui elevado número de cetano, o que melhora a qualidade da combustão no motor. Ao encontro das pautas ESG e do foco da Vibra e da BBF, o diesel verde contribui para a redução entre 50% e 90% das emissões de gases de efeito estufa em relação ao diesel fóssil.

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