Uso de herbicidas pré-emergentes requer atenção a especificidades

Devido a falhas na aplicação, presença de plantas daninhas nas lavouras causa prejuízos anualmente aos sojicultores brasileiros

06.02.2023 | 08:20 (UTC -3)
Kassiana Bonissoni, edição Cultivar
Lucas Barcellos
Lucas Barcellos

Estima-se que as perdas econômicas da agricultura brasileira, ocasionadas pela presença de invasoras resistentes a herbicidas, possam chegar bilhões de reais. Atualmente, há 53 casos únicos de biótipos de plantas daninhas resistentes a herbicidas relatados no País. As mais conhecidas e severas: buva (Conyza spp.), capim amargoso (Digitaria insularis), capim pé-de-galinha (Eleusine indica) e caruru (Amaranthus spp.).

Segundo o pesquisador da Fundação MT Lucas Barcellos, para agir contra esse problema uma das principais soluções é o produtor aplicar os herbicidas em pré-emergência.

“Esses produtos têm grande importância, pois atuam no processo de germinação das plantas daninhas, realizando o controle do banco de sementes. A aplicação desses herbicidas proporciona controle mais eficaz das plantas daninhas tolerantes e resistentes”, explica.

Outro ponto a se atentar é o momento certo da aplicação. De acordo com o pesquisador, a entrada com os herbicidas pré-emergentes deve ser feita após uma boa dessecação das plantas daninhas e antes das sementeiras emergirem. Isso implica no sucesso do manejo das plantas daninhas e na seletividade para a cultura.

“Ao aplicar no momento errado, pode-se ter perda de eficácia em situações que o herbicida é lixiviado no perfil do solo, após chuvas pesadas, ou em caso de pouca umidade no solo o herbicida ficar adsorvido aos coloides", detalha.

Além do cuidado com o momento certo de combate, os produtores devem se atentar ao manejo de aplicação. Os herbicidas pré-emergentes devem ser posicionados em função das plantas daninhas presentes na área, atributos químicos e físicos do solo, umidade do solo, seletividade para a cultura e não apresentar efeito residual para a cultura sucessora (carryover).

Atenção com o solo

A textura do solo é muito importante para a recomendação de herbicidas pré-emergentes para soja. Solos com maior quantidade de argila e matéria orgânica retêm mais herbicidas em seus coloides, deixando menor concentração do produto na solução do solo. Um herbicida muito móvel, por exemplo, pode ser aplicado em solo arenoso e ir diretamente para os lençóis freáticos, o que é prejudicial para o agricultor e para o meio ambiente. Portanto, é importante atenção a este detalhe, reforça o doutor em fitotecnia.

Já em lavouras que possuem no solo palhada ou cobertura verde, o agricultor precisa redobrar a atenção, afinal, o herbicida pré-emergente só é efetivo se chegar ao solo. Desta forma, qualquer barreira entre o solo e o produto pode prejudicar sua ação. Além disso, alguns produtos possuem pouquíssima capacidade de atravessar a palha, sendo muito dependentes da chuva para transpassarem a palhada.

Outro fato pouco levado em consideração pelos sojicultores, segundo o especialista, é o nível de infestação da área no momento da aplicação. “Se no momento da aplicação houver muitas plantas daninhas, com grande cobertura do solo, estas podem absorver o herbicida pré-emergente antes de chegar ao solo, prejudicando seu efeito”, finaliza o pesquisador.

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