Influência da manutenção da palhada em doenças que afetam a cana
Em um sistema de produção caracterizado pela mecanização na colheita da cana-de-açúcar é preciso atenção à influência da manutenção da palhada em doenças que
Tithonia diversifolia (Hemsl.) é conhecida comumente como girassol mexicano (Brasil), botão-de-ouro ou mirassol (Colômbia), flor amarela ou arnica-da-terra (Venezuela) e margaridão amarelo (Cuba). Pertence à família Asteraceae, desenvolve-se como um arbusto de crescimento semi-herbáceo, ereto, vigoroso, com ramificações. Originária do México, atualmente está distribuída em toda parte dos trópicos úmidos e subúmidos na América Central e do Sul, Ásia e África. Encontra-se desde o nível do mar a até 2.400m de altitude e em locais com precipitações entre 800mm/ano e 5.000mm/ano.
Essa planta pode atingir de dois a cinco metros de altura em crescimento livre, apresentando inflorescências de cor amarela brilhante ou alaranjada. Pode ser propagada por meio de sementes ou partes vegetativas. As sementes dessa espécie apresentam baixa germinação logo após serem colhidas no campo, porém há um aumento constante da taxa de germinação das sementes, podendo chegar a até 97,5% aos quatro meses após a colheita. Entretanto, a propagação por meio de estaquia ainda tem sido a mais empregada, por apresentar facilidade no pegamento. Neste caso, recomenda-se utilizar estacas de 20cm a 40cm de comprimento, retiradas do terço médio dos caules verdes.
Há evidências de que plantas de T. diversifolia acumulam nitrogênio em suas folhas tanto quanto as leguminosas têm altos níveis de fósforo e potássio, um grande volume radicular, uma habilidade especial para recuperar a escassez de nutrientes do solo. Além disso, é considerada uma planta rústica, apresentando uma ampla faixa de adaptação às condições edafoclimáticas, como acidez e baixa fertilidade do solo, altas temperaturas e seca. Somado a isso, plantas de T. diversifolia suportam podas ao nível do solo ou mesmo queimadas com grande capacidade de rebrota e recuperação de biomassa vegetal.
T. diversifolia possui múltiplos usos. Na área agrícola, pode ser utilizada como adubo verde, planta com ação nematicida, efeito alelopático sobre plantas daninhas, atração de insetos benéficos em algumas culturas, cerca viva e ornamentação; na apicultura, como fonte de néctar; na área nutricional, como complemento alimentar ou base alimentar para diversos animais; na área médica, como fitoterápico contra diversos males como hepatite e algumas infecções; entre outros.
Um dos maiores desafios para a agricultura do século 21 será o de desenvolver sistemas agrícolas sustentáveis que possam produzir alimentos em quantidade e qualidade suficientes sem afetar os recursos do solo e do ambiente, como é o caso da escassez das reservas de fósforo no planeta. Dentro desse contexto, o uso de adubos verdes é essencial à produção em sistemas agroecológicos de produção, pois auxilia na conservação do solo e da água, e no aporte de nutrientes em diferentes sistemas de cultivo. As espécies utilizadas para produção de adubo verde variam em função do clima, do solo e das condições socioeconômicas do agricultor. Espécies perenes ou semiperenes são preferíveis às anuais, pois proporcionam maior autonomia ao produtor em função da oferta permanente de biomassa, seja por meio de podas ou pela deposição de folhas, no caso da arborização de cultivos com espécies caducifólias.
A biomassa de T. diversifolia apresenta grande potencial como fertilizante natural, podendo ser utilizada pelos agricultores como adubo verde, pois fornece nutrientes adequados e necessários para melhoria da produção de muitas culturas, contribuindo assim para o aumento na produção e para uma redução nos gastos com o uso de fertilizantes inorgânicos.
Sua utilização como adubo verde é indicada para sistemas de pousio melhorado de ciclo curto, uma vez que restaura a fertilidade do solo, incrementando a produtividade de culturas subsequentes. Isto se deve à alta concentração foliar de nitrogênio, fósforo e potássio, e ao fato de estes nutrientes serem rapidamente liberados em formas disponíveis para as plantas, durante o processo de decomposição. No Quênia e em outras partes da África, a análise foliar de T. diversifolia revelou concentrações relativamente altas de N, P, K, Ca e Mg, quando comparada à maioria das espécies leguminosas utilizadas na produção de biomassa. Além disso, a espécie possui rápido crescimento e baixa demanda de insumos, tendo poucas exigências ao manejo de seu cultivo.
As concentrações de nutrientes na biomassa verde de T. diversifolia, quando comparadas com as da biomassa verde da maioria das espécies leguminosas utilizadas como adubo verde, são relativamente altas (Tabela 1).
Essa espécie também apresenta alto potencial produtivo. No Vietnã, sua produção de massa verde ultrapassou 170t/ha/ano, o equivalente a 25t/ha/ano de massa seca. Em algumas localidades do Quênia, foram obtidos valores mais altos (55 toneladas de massa seca/ha/ano).
Existem muitos relatos de pesquisas realizadas, principalmente na África, na Colômbia, em Cuba, na Venezuela e em alguns países da Ásia, testando T. diversifolia isoladamente e de forma complementar a adubos inorgânicos, em várias culturas anuais. Em todos os estudos foi demonstrado o seu alto potencial como adubo verde. Em hortaliças, em nível internacional, também existem alguns relatos do uso de T. diversifolia como adubo verde na produção de alface, cenoura, couve-flor e tomate, com resultados altamente favoráveis ao seu uso.
No Brasil, os primeiros experimentos com T. diversifolia, em nível agronômico, foram realizados na Universidade de Marília, São Paulo. Em 2007, foi publicada a primeira dissertação sobre a produção de biomassa e a qualidade nutricional dessa espécie. Vários experimentos foram realizados com as culturas de tomate, berinjela, rúcula e principalmente alface, além de milho e feijão.
Nas culturas de alface e rúcula, diversos estudos foram desenvolvidos avaliando diferentes dosagens de massa fresca de T. diversifolia como adubo verde em comparação com fertilizantes NPK. Os melhores resultados se relacionaram com a associação de T. diversifolia com a adubação química. Os resultados demonstram que ao se utilizar T. diversifolia é possível reduzir consideravelmente o uso de fertilizantes químicos, diminuindo assim o custo de produção.
Pesquisas realizadas comparando o efeito da T. diversifolia com algumas leguminosas e adubos orgânicos em alface, tomate e berinjela, evidenciam o potencial da T. diversifolia como adubo verde. Assim, para a produção orgânica de hortaliças, o uso da T. diversifolia como fertilizante natural é uma opção viável em face dos vários atributos apresentados por essa planta.
A partir de 2015, algumas Instituições públicas do Brasil, tais como UFMG, UFPI, Instituto Federal do Norte de Minas Gerais e Embrapa começaram a realizar pesquisas agronômicas com essa espécie, e alguns resultados já estão sendo divulgados. Por exemplo, na Universidade Federal do Piauí, a partir de 2015, foram realizadas pesquisas para verificar o potencial de folhas de T. diversifolia como alternativa de manejo ao nematoide Pratylenchus brachyurus em quiabeiro. Os pesquisadores concluíram que tanto a incorporação ao solo de folhas frescas de T. diversifolia, como a cobertura morta com folhas de T. diversifolia sobre o solo, na forma de fitomassa seca, proporcionaram redução significativa na população de P. brachyurus no solo e nas raízes de quiabeiro.
T. diversifolia é uma planta de baixo custo de implantação, fácil cultivo e alto potencial de retorno, principalmente levando em consideração a diversidade de usos, aos quais pode ser destinada, como nematicida, alimentação animal e adubo verde. Os trabalhos realizados até o momento apresentam resultados contundentes de sua capacidade em fornecer nutrientes e otimizar o desenvolvimento das culturas, em especial olerícolas. Apesar disso, pouco do seu potencial tem sido explorado, especialmente pela limitada divulgação das propriedades dessa planta e, consequente, desconhecimento, por parte dos agricultores, dos benefícios que poderiam ter com sua utilização.
Ronan Gualberto, Daniel De Bortoli Teixeira, Lucas Aparecido Gaion, Universidade de Marília Unimar
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