Consórcio com a Holanda pode impulsionar bioinsumos no Brasil
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A convergência entre saneamento e agricultura ganha espaço no Conexão Abisolo 2025 com a palestra do pesquisador Thiago Assis Rodrigues Nogueira (na foto), da Unesp/FCAV. Ele abordará como o lodo de esgoto, quando transformado em fertilizante orgânico composto, pode fortalecer a economia circular, reduzir a dependência de insumos minerais e contribuir para práticas agrícolas mais sustentáveis. A apresentação realizada será no dia 23 de outubro, às 13h15, no Expo D. Pedro, em Campinas (SP).
Apesar de avanços regulatórios e de estudos científicos que comprovam a eficácia do insumo, apenas 3% do esgoto coletado no Brasil é destinado à agricultura. Para Nogueira, é necessário superar barreiras culturais e ampliar as políticas de incentivo. “O lodo de esgoto, quando devidamente tratado e compostado, é rico em nutrientes e matéria orgânica, podendo contribuir para reduzir a dependência de fertilizantes minerais. O desafio é mudar a percepção sobre esse insumo e ampliar seu uso dentro da lógica da economia circular”, explica.
Entre os resultados a serem discutidos, destaca-se o estudo de longa duração em Jaboticabal (SP), iniciado em 1997, que acompanha a aplicação do lodo em culturas como o milho. Os dados mostram que, mesmo após 29 anos de uso, os teores de metais pesados permanecem baixos e não há risco de contaminação das plantas. Além disso, a compostagem eleva a temperatura do material, eliminando patógenos e garantindo segurança para uso agrícola.
O pesquisador também reforça que, quando aplicado em doses e modos corretos, o fertilizante orgânico composto à base de lodo pode melhorar a fertilidade do solo, a retenção de água e a atividade biológica, fatores cruciais em solos brasileiros de baixa fertilidade. “O Brasil não conseguiria suprir toda a demanda agrícola apenas com resíduos orgânicos, mas o lodo pode atender regiões próximas a estações de tratamento, com custo acessível e benefícios claros para produtores e para a sociedade”, acrescenta.
Além da contribuição para a produtividade, o uso do lodo na agricultura pode gerar ganhos ambientais, como o sequestro de carbono e a redução da destinação inadequada de resíduos urbanos.
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