Comunidade de Divinópolis/TO conhece detalhes do plantio de seringueira em Seminário
Conservar o Bioma Pampa qualificando a produção é possível. Foi isto que cerca de 50 produtores rurais puderam comprovar ao visitar - nesta terça-feira (30), em Lavras do Sul/RS - a propriedade de 25 hectares do pecuarista familiar Ivan Oliveira, que cria gado de corte preservando o campo nativo. A Tarde de Campo foi realizada através do RS Biodiversidade, programa estadual que busca promover a conservação e recuperação da biodiversidade, mediante o gerenciamento integrado dos ecossistemas e a criação de oportunidades para o uso sustentável dos recursos naturais, com vistas ao desenvolvimento regional.
A Unidade Demonstrativa (UD) instalada na propriedade de Oliveira, com o apoio da Emater/RS-Ascar, demonstra como o piqueteamento de uma área pode ter resultados positivos, como a boa oferta de alimentação para os animais e tempo para descanso e recuperação do campo.
Antes da visita à propriedade, os participantes da Tarde de Campo reuniram-se na Associação Rural do município, onde puderam conhecer melhor o RS Biodiversidade e os dados referentes à UD do projeto localizada em Lavras do Sul. As apresentações ficaram a cargo do coordenador geral do projeto, Dennis Patrocínio, e dos técnicos da Emater/RS-Ascar Fábio Schlick, José Luiz Lourenço e Guilherme Fernandes. “Com este projeto vamos ter informações sobre produção em campo nativo em municípios com características diferentes na região”, destacou Schlick em sua participação.
Do total da propriedade de Oliveira, cerca de 20 hectares foram subdivididos em 28 piquetes, o que resultou em uma média de 0,7 hectares em cada espaço. No dia 3 de setembro, 27 bovinos foram colocados na primeira subdivisão com 144 quilos de média. Na segunda pesagem, realizada no dia 2 de outubro, os animais já apresentavam média de 172 quilos. Nesta data, mais oito bovinos adentraram nos potreiros com 156 quilos de média. Na última pesagem, realizada no dia 29 de outubro, os 27 animais que iniciaram o ciclo foram pesados com média de 198 quilos, e os oito novos bovinos ganharam cerca de 25 quilos. “O manejo de campo nativo é um trabalho simples e viável”, destacou o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar que acompanhou o projeto no município, José Luiz Lourenço.
Na UD foi realizada a sobressemeadura de azevém, como forma de ajudar a recuperação do campo nativo, que se encontrava prejudicado antes do projeto, devido ao pastoreio intensivo. Os animais permaneceram em cada piquete por até três dias, de forma a não prejudicar o rebrotamento das plantas. O resultado desta rotatividade foi notado pelos produtores, que puderam perceber a boa oferta de forragem disponível na área.
O custo do projeto, em materiais, foi calculado em cerca de R$ 4,5 mil. “Temos resultados positivos e um caminho muito bom a percorrer”, reforçou o outro técnico da Emater/RS-Ascar que acompanhou o projeto, Guilherme Fernandes.
Mesmo com o pouco tempo de trabalho, a avaliação inicial dos técnicos é positiva, com destaque para a apresentação de melhorias das condições de solo, ressurgimento de espécies nativas e controle de espécies invasoras, aumento da produtividade e conscientização ambiental do produtor. Oliveira concorda que os primeiros resultados são animadores. “Estou muito contente porque os resultados estão aparecendo. Agora entrei no caminho certo, estou trabalhando bem e acho que vou melhorar a minha produção”, disse o produtor.
Além dos produtores, a Tarde de Campo contou com a participação de técnicos e representantes dos escritórios central, regional e municipais da Emater/RS-Ascar, Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo e Fepam. O evento também contou com a participação e apoio da Prefeitura de Lavras do Sul, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Sindicato Rural, Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e empresa Dagoberto Barcellos.
O RS Biodiversidade conta com recursos de cinco milhões de dólares provenientes do Fundo Global do Meio Ambiente, com contrapartida de 6,1 milhões de dólares do governo estadual, ressarcidos em forma de medidas compensatórias. O Banco Mundial é a agência implementadora do Programa. Um dos objetivos do trabalho é promover a incorporação do tema biodiversidade nas instituições e comunidades envolvidas.
A Emater/RS-Ascar, juntamente com a Fundação Zoobotânica, Fepam e TNC do Brasil, é uma das coexecutoras do RS Biodiversidade e faz parte da Unidade de Gerenciamento do Projeto. O Programa tem como gestora a Secretaria Estadual de Meio Ambiente.
Na região, o foco do projeto está voltado para os pecuaristas familiares - pequenos produtores que criam, com mão de obra da família, gado de corte e ovinos em propriedades de até 300 hectares. Situados sobre o Pampa, esses trabalhadores ainda ajudam a conservar o campo nativo inerente ao Bioma, que já teve 54% do território devastado, principalmente pela expansão das lavouras, especialmente de soja e silvicultura, e pela substituição do campo nativo por pastagens artificiais.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura