IHARA conquista bons resultados na “Maiores e Melhores empresas do Brasil” da revista Exame
Um dos fortes argumentos para a utilização de biocombustíveis em substituição aos combustíveis derivados do petróleo é o de que os primeiros, além de renováveis, causam menor impacto ambiental, sendo, então, mais sustentáveis ao longo do tempo. Há diversas metodologias em estudo e em utilização no Brasil e no exterior para avaliar a sustentabilidade de sistemas e produtos, como análise custo-benefício, balanço de carbono, balanço energético, pegada ecológica, pegada hídrica e avaliação do ciclo de vida (ACV).
A ACV está sendo utilizada em todo o mundo, por que permite analisar os produtos em todas as etapas da sua fabricação e uso, desde a produção da matéria-prima, até ao destino final, passando pelos processos de transformação, pelos usos dados aos produtos, pela quantificação dos efluentes e emissões gerados e da energia envolvida nas diferentes fases do ciclo de vida dos produtos enfocados.
Essa metodologia foi tema da palestra apresentada pelo engenheiro químico e professor da Universidade de Brasília, Armando Caldeira Pires, no dia 8 de julho na Embrapa Agroenergia, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), situada em Brasília (DF). Na apresentação estiveram presentes pesquisadores e analistas interessados em aprofundar os conhecimentos na utilização da ACV nas atividades desenvolvidas pela Unidade, que estão reunidas em quatro plataformas temáticas: etanol, biodiesel, florestas energéticas e aproveitamento de coprodutos e resíduos.
Foi discutida a proposta de parceria entre a UnB e a Embrapa para implantação da metodologia de ACV em termos mais abrangentes, não somente com biocombustíveis. “O Ciclo de Vida é mais um instrumento que a Embrapa pode utilizar para avaliação de impactos econômicos, sociais e ambientais”, destacou José Manuel Cabral, pesquisador da Embrapa Agroenergia. A sugestão apresentada por ele é de que a Empresa organize as informações sobre os processos produtivos e os produtos obtidos e alimente as bases de dados da metodologia de ACV e assim, possa disponibilizá-las aos produtores agrícolas e agroindustriais de modo que eles possam utilizá-las para certificação ambiental. “Esse será mais um serviço da Embrapa para a sociedade, no sentido de buscar a maior eficiência energética e trabalhando pela sustentabilidade”, disse o pesquisador. A metodologia já está sendo aplicada para análise da produção de biodiesel a partir do pinhão-manso pela Embrapa Meio Ambiente e Embrapa Agroenergia, destacou Cabral.
O professor da UnB apresentou um histórico da evolução da ACV no mundo, explicando que os conceitos começaram a ser desenvolvidos nos Estados Unidos em 1969 e foram consolidados pelo lançamento do Guia de Avaliação Ambiental do Ciclo de Vidam, em 1992, pelo Centro de Ciência Ambiental (CML) da Universidade de Leiden, na Holanda. Este guia deu origem à Norma ISO 14040 (Environmental management -- Life cycle assessment -- Principles and framework). De acordo com ele, a tradução e adaptação desse documento americano gerou, em 2001, a Norma ABNT NBR ISO 14040- Gestão ambiental : Avaliação do ciclo de vida - Princípios e estrutura. Em 2006, iniciou-se um inventário para Ciclo de Vida (ICV), que foi seguido pelo lançamento, em 2010, de um Programa Brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida (PBACV).
De acordo com o Programa, a ACV é um instrumento de gestão ambiental que permite às organizações entenderem as incidências ambientais dos materiais, dos processos e dos produtos, podendo a informação obtida conduzir ao desenvolvimento de novos produtos e à detecção de melhorias a serem aplicadas, além de formular estratégias comerciais específicas.
"No âmbito da América Latina, o Brasil é o único País que possui um programa de desenvolvimento de inventários de ciclo de vida em total consonância com as diretivas da Plataforma Internacional do Ciclo de Vida, apoiado pelos Ministérios da Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior”, enfatizou o professor Armando Pires.
A ACV avalia as interações entre produtos e o meio ambiente, desde a extração da matéria-prima até a disposição final, especialmente o consumo de energia presente em todos estes estágios, processos e serviços, explicou o professor. “O Ciclo de Vida quantifica os impactos ambientais ao longo do ciclo de um determinado produto por meio dos fluxos de materiais e de energia e necessários ao ciclo produtivo em diversas categorias desses impactos”, salientou Pires.
Ele citou como exemplo, a produção de etanol para uso como combustível. O Ciclo é analisado desde a implantação da cultura, incluindo as eventuais modificações no uso de solo, até ao consumo em motores flex ou em mistura na gasolina. Uma das características da ACV é que pode ser utilizada para avaliar os impactos “do berço ao túmulo” do produto, ou do “berço até ao portão da fábrica ou da fazenda” ou do “portão ao túmulo”. Pode também ser utilizada para efetuar avaliações comparativas de produtos obtidos por diferentes processos ou em locais e até mesmo países distintos.
Assessoria de Imprensa/Embrapa Agroenergia
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