Controle da cigarrinha do milho envolve ações de monitoramento e manejo integrado
É necessária não uma, mas uma série de ações como monitoramento, manejo integrado e uso correto de defensivos, para lidar com a praga
Historicamente voltada para pecuária, a metade sul do Rio Grande do Sul tem investido cada vez mais na produção de grãos. Há anos que a soja ganhou espaço na região em meio aos campos de criação de gado. Agora, chegou a vez do trigo retornar com força total. Boa parte do crescimento em área plantada na safra 2021 se deve ao investimento de produtores como o Jerônimo Pletsch, de Rio Pardo/RS, que pretende dobrar a área de trigo neste ano em sua propriedade. O agricultor, que tem pecuária de corte e áreas de soja, viu uma possibilidade de aproveitar o inverno para agregar mais valor à propriedade e utilizar o trigo para gerar mais renda. “O trigo vai muito além da produção de grãos. É uma cultura que auxilia em diversos fatores. Otimiza máquinas, otimiza pessoas, traz uma diversificação da fonte de renda na propriedade que passa a não depender apenas da soja. Agronomicamente, deixa uma ótima palhada e a adubação, controle de plantas daninhas e pragas deixa uma residual para a soja”, relata.
Atenta a esse cenário, a Biotrigo vai realizar um evento focado na difusão do conhecimento técnico em trigo para fomentar ainda mais o plantio da cultura na região. O 1º Webinar Mais Trigo na Metade Sul ocorre na próxima quinta-feira, dia 27 de maio de 2021, às 8h30, com transmissão ao vivo pelos canais da Biotrigo no YouTube e Facebook. As inscrições são gratuitas e acontecem pelo site www.biotrigo.com.
Uma das apresentações do webinar será feita pelo engenheiro agrônomo e mestre em Produção Vegetal (UPF), Luiz Gustavo Floss. Segundo ele, a metade sul pode mudar a sua matriz de produção de olho não só nas culturas de verão, mas apostando também no inverno. “Não precisa o trigo assumir o lugar da pecuária, nós podemos ocupar outras áreas com a cultura”. De acordo com Luiz, há em torno de 2 milhões de hectares de soja na metade sul, dos quais cerca de 300 a 400 mil ha são utilizados para o plantio de arroz. Assim, sobra uma área relativamente grande, onde não há encharcamento de solo e que pode ser aproveitada para o plantio de trigo. “A metade sul tem uma grande capacidade de produção devido às boas condições de clima e ambiente, ampla área agricultável, produtividade e, aproveitando os preços excelentes, com certeza vai gerar uma boa rentabilidade”, ressalta Floss.
Nos últimos anos ocorreu uma migração de produtores do norte do estado, que culturalmente plantam mais trigo, para a região sul. Para o gerente de experimentação da Biotrigo Genética, Giovani Facco, que apresentará o painel “Vamos falar de trigo? Fundamentos de nutrição e gargalos na cultura” durante o webinar, com o desenvolvimento de cultivares mais adaptadas e com maior resistência a doenças e uma melhor adequação ao clima, é possível produzir trigo na metade sul em índices satisfatórios. “Eu acredito muito no potencial e vejo como uma grande fronteira a ser aberta, uma região a ser explorada”.
Segundo Giovani, as diferenças entre as regiões, principalmente com relação a altitude e clima, não geram preocupação. “As cultivares da Biotrigo já estão sendo testadas na metade sul há alguns anos. Já temos ensaios conclusivos para essa região e vemos que o desempenho dessas cultivares está muito bom. A soja já migrou para a metade sul e eu acredito muito que, aliado a essa cultura de verão, o trigo vai contribuir muito no inverno, ampliando a sustentabilidade e rentabilidade das propriedades”.
A metade sul é uma região com ampla diversidade de solos e outras características, por isso é preciso estar atento para que o plantio do trigo seja feito em áreas que permitam o desenvolvimento da cultura. Segundo Luiz, a escolha do local é fundamental para que o trigo possa ter sucesso. “Não pode ser uma área inundada ou com potencial de alagamento. O trigo gosta de um solo mais seco, obviamente tem necessidade de chuvas, mas não em grande quantidade como o milho e a soja”. Outro fator que é um desafio para o trigo é a correção de solo. “A maioria hoje já está utilizando o calcário, muitos já estão trabalhando com gesso, outros com uma boa palhada, mas tem produtores que ainda não conseguiram fazer uma correção no perfil”. A indicação do Luiz Gustavo Floss é corrigir o solo para criar condições favoráveis para que haja desenvolvimento das raízes do trigo, gerando uma boa sustentação para a planta, bom perfilhamento e posteriormente um bom enchimento de grãos.
De acordo com Giovani é preciso ter cuidado com o momento do plantio, sempre de olho na data de espigamento da cultura. O clima na região tende a ser mais frio e acontece um pouco antes quando comparado com o Norte do Rio Grande do Sul. “Claro que trigo gosta de frio, mas em excesso e na espiga não é interessante porque acaba formando cristais de gelo dentro da célula, prejudicando a planta. Então quando você tem uma condição de extremo frio pode ocorrer danos severos dependendo do estágio do desenvolvimento da cultura”. A sugestão é experimentar o plantio da cultura aos poucos, com cautela. “Inicie com os materiais bem posicionados, com uma área pequena, uma área piloto para que entenda a sua realidade e da sua região e aí sim possa ir evoluindo e aprendendo gradativamente. Cada região é uma situação, o genótipo se comporta de forma diferente”.
Um dos nutrientes mais importantes na triticultura é o Nitrogênio. Para Giovani, ele é o impulsionador do trigo. “O fracionamento de nitrogênio deve ser observado para cada situação. Nas cultivares de ciclos curtos, elas têm menos tempo para fazer absorção desse nutriente via solo, então eu preciso fazer um aporte nitrogenado maior no momento da semeadura”. Outro ponto importante a ser observado é a questão climática. As aplicações feitas antes de chuvas, tradicionalmente têm um aproveitamento do Nitrogênio mais elevado. “Então em ciclos precoces nós optamos, na maioria das vezes, se a condição climática for desfavorável, fazer ao menos uma entrada de Nitrogênio sólido ou pós-emergente. Sempre que possível o fornecimento em duas vezes seria o ideal. A melhor situação é que eu tenha um aporte constante de Nitrogênio durante o ciclo da cultura. A grande mensagem que fica sobre fracionamento e posicionamento de Nitrogênio é que não falte nitrogênio disponível para absorção das raízes durante o ciclo da cultura”.
Ainda durante o webinar, o Supervisor comercial da Biotrigo Genética, Jeferson Rocha, vai apresentar a palestra “Posicionamento de cultivares de trigo para o RS”, destacando os benefícios agronômicos da cultura dentro da propriedade. “Hoje nós estamos enfrentando um problema muito sério que é o controle de buva. Nesta safra de soja ficou claro que as técnicas utilizadas não são suficientes e agricultores que trabalham com o trigo no inverno estão tendo maior nível de sucesso neste controle, pois no inverno conseguimos utilizar outras moléculas de herbicida e fazer uma supressão com a planta de trigo para plantas invasoras”. Conforme Jeferson, a lavoura é entregue limpa para a semeadura da soja, o que, dentro do sistema, gera menos custos e deixa a produção mais barata no decorrer do ano. “Nós temos várias outras opções para semear no inverno, mas precisamos levar em consideração que o trigo é uma das únicas culturas que trazem renda. Nas outras culturas, seus mercados oscilam muito, e hoje o trigo hoje está com um mercado bem mais aquecido e sustentável”.
Para conferir a programação completa, basta acessar o LINK da inscrição. O evento conta com o patrocínio de Adama, Basf, Bayer, Ihara, Syngenta, Yara, FMC e UPL e o apoio das instituições de ensino superior IDEAU, IFSUL/São Vicente do Sul, Field Crops/UFSM, Unipampa, UFPEL, UFRGS, URI e Urcamp.
Data: 27 de maio
Horário: 8h30
Inscrições gratuitas: clique aqui
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