Trichoderma hamatum ativa compostos voláteis contra fungos

Estudo identifica molécula com ação fungicida em múltiplos patógenos

29.09.2025 | 14:55 (UTC -3)
Revista Cultivar
Ensaios de confrontação de cultura dupla de <b>(a) </b>cepa autodesafiada de <i>Trichoderma hamatum</i> GD12; <b>(b)</b> <i>Sclerotinia sclerotiorum</i> autodesafiada <b>(c)</b> cocultura de <i>S. sclerotiorum</i> (acima) e <i>T. hamatum</i> GD12 (abaixo) - doi.org/10.1111/1758-2229.70192
Ensaios de confrontação de cultura dupla de (a) cepa autodesafiada de Trichoderma hamatum GD12; (b) Sclerotinia sclerotiorum autodesafiada (c) cocultura de S. sclerotiorum (acima) e T. hamatum GD12 (abaixo) - doi.org/10.1111/1758-2229.70192

Pesquisadores do Reino Unido identificaram compostos voláteis produzidos pelo fungo benéfico Trichoderma hamatum GD12 com forte ação antifúngica contra Sclerotinia sclerotiorum.

O estudo revela que a produção desses compostos é ativada quando Trichoderma entra em contato com o patógeno, sugerindo um mecanismo químico de defesa induzido. A descoberta pode levar ao desenvolvimento de bioinsumos mais eficazes no controle de doenças em culturas economicamente relevantes.

Trichoderma como biocontrole

O gênero Trichoderma é amplamente estudado pela sua capacidade de suprimir fitopatógenos, estimular o crescimento vegetal e ativar defesas da planta.

A cepa GD12 de T. hamatum já havia mostrado atividade supressiva contra S. sclerotiorum em experimentos anteriores com substrato de turfa. O novo estudo foca no papel dos compostos orgânicos voláteis (VOCs, na sigla em inglês) emitidos durante a interação entre os fungos.

Produção induzida de compostos

Nos ensaios de confronto, T. hamatum GD12 e S. sclerotiorum foram cultivados juntos em placas de ágar por sete dias. A análise dos VOCs mostrou mudanças significativas na composição química do ambiente, com 22 compostos sendo exclusivos da co-inoculação. A produção máxima desses compostos foi observada no 17º dia após o início do cultivo conjunto.

Entre os VOCs identificados, destacam-se cetonas, furanos e sesquiterpenos. A substância 6-pentil-2H-piran-2-ona (6-PAP) foi a mais abundante, mas não apresentou ação antifúngica direta nos testes. Por outro lado, o composto 1-octen-3-ona demonstrou inibir completamente o crescimento de S. sclerotiorum, mesmo em concentrações muito baixas.

Ação fungicida

A 1-octen-3-ona também inibiu o crescimento de outros patógenos importantes: Botrytis cinerea, Pyrenopeziza brassicae e Gaeumannomyces tritici. Sua estrutura química inclui uma cetona conjugada com uma ligação dupla, sugerindo um mecanismo de inibição semelhante ao de fungicidas da classe das estrobilurinas.

O efeito fungicida foi confirmado ao expor S. sclerotiorum ao composto sem contato físico direto. Após 72 horas, o patógeno não se recuperou, mesmo quando removido do ambiente tratado. A molécula se mostrou ativa em concentrações até 100 vezes menores que a dose inicial de 45,5 μM.

Potencial para aplicação agrícola

Apesar do desempenho promissor in vitro, os autores alertam que testes em condições agrícolas são necessários. A 1-octen-3-ona já foi associada a inibição do crescimento de Arabidopsis thaliana, o que indica a necessidade de estudar possíveis efeitos fitotóxicos em culturas comerciais.

Outro composto com potencial é o 2-pentilfurano, que além da atividade antifúngica demonstrada contra S. sclerotiorum, tem propriedades estimulantes do crescimento vegetal. A combinação de efeitos pode favorecer o uso desse VOC como substituto de insumos químicos em sistemas sustentáveis.

Outras informações em doi.org/10.1111/1758-2229.70192

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