Transgênicos geram retorno de até R$ 3,59 para cada R$ 1 investido na semente, segundo estudo da consultoria Céleres

12.04.2012 | 20:59 (UTC -3)
Monica Giacomini

O novo estudo da consultoria Céleres para a Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM) sobre impactos dos transgênicos nas lavouras brasileiras encontrou mais um benefício para o agricultor que opta por sementes geneticamente modificadas (GM). De acordo com o estudo, a cada R$ 1 investido em biotecnologia na saca de sementes em 2011 o produtor obteve, em média, R$ 2,61 de retorno adicional na produção de milho, R$ 1,59 na de soja e R$ 3,59 na de algodão.

“Pela primeira vez conseguimos calcular o ganho sobre a margem operacional da produção. Com isso, foi possível trazer os benefícios econômicos para uma realidade bem mais próxima do agricultor brasileiro”, explica Anderson Galvão, sócio-diretor da Céleres e coordenador do estudo econômico.

Para o presidente da ABRASEM, o engenheiro agrônomo e produtor Narciso Barison Neto, poder contar com esse tipo de estudo para auxiliar na tomada de decisão é um diferencial de grande valor para a competitividade do agricultor brasileiro. “Diante da necessidade de alimentar uma população que logo ultrapassará a barreira dos 10 bilhões de pessoas no mundo, é fundamental que o Brasil consolide sua posição de celeiro do mundo. E, para aumentar a produção sem abrir novas áreas, investir em biotecnologia agrícola é o caminho mais lógico”, afirma.

Ao analisar os resultados acumulados no Brasil desde 1997 até 2011 e projetar a evolução para os próximos 10 anos, o estudo também avaliou os benefícios da biotecnologia para o meio ambiente e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro. A redução do uso de água decorrente da menor necessidade de aplicações de defensivos e de variedades mais resistentes a pragas, por exemplo, pode evitar o uso de 149 bilhões de litros de água nos próximos 10 anos, aponta o estudo. É um volume suficiente para abastecer 3,4 milhões de pessoas.

A redução no número de aplicações de defensivos necessárias nas lavouras, no mesmo período, equivale a 3,8 milhões de toneladas de CO2 que não serão emitidas na atmosfera. A economia de combustível também é significativa: equivalente ao necessário para abastecer 516 mil camionetes (o tipo de veículo mais comum nas lavouras).

“A agricultura gera impacto ambiental, e é importante poder mensurar a médio e longo prazos como a biotecnologia pode ajudar a reduzir os efeitos e tornar o agronegócio cada vez mais sustentável”, analisa Paula Carneiro, diretora da Céleres Ambiental e coordenadora do estudo socioambiental.

Além de patrocinar o estudo, a ABRASEM pretende levar essas conclusões para todos os agricultores brasileiros. “Precisamos fomentar o uso de todas as formas de tecnologia na agricultura no Brasil”, defende o presidente da entidade. Segundo ele, o estudo serve para auxiliar o produtor a tomar sua decisão.

A análise da Céleres mostra que, em 10 anos, a biotecnologia renderá um acumulado de US$ 124 bilhões para a agricultura brasileira. “Mas ainda mais importante do que isso é mostrar que 84% desse valor ficará nos bolsos dos produtores brasileiros”, observa Barison. “Podemos nos tornar mais competitivos, produzir mais, reduzir o impacto ambiental e, ainda assim, ganharmos mais dinheiro”.

Galvão, da Céleres, explica que, desse total de US$ 124 bilhões, 58% virá do milho, 34% da soja e 8% do algodão. “De fato, o milho GM no Brasil é talvez o exemplo mais bem sucedido de adoção de biotecnologia no mundo. O cereal precisou de apenas quatro safras para atingir o mesmo nível de adoção que a soja, que demorou 10 anos para que três quartos da área fossem cultivados com transgênicos”. Segundo ele, a área global com biotecnologia cresceu 10% em 2010, mas tem ritmo mais acelerado no Brasil.

Esta é a quinta atualização do estudo que acompanha os benefícios da biotecnologia na agricultura no Brasil, realizado anualmente desde 2008 para a Abrasem. A avaliação é dividida entre benefícios econômicos, analisados pela Céleres, e benefícios socioambientais, a cargo da Céleres Ambiental. Os resultados se baseiam em pesquisa de campo e entrevista com mais de 360 produtores de soja, milho e algodão espalhados pelo País. Essas são as três culturas com eventos GM aprovados no Brasil que já estão disponíveis no mercado.

O estudo sempre consolidou os benefícios no acumulado do País, e esse ano buscou ainda aproximar os resultados ao dia a dia do agricultor. “Mensurar o ganho total para o País é interessante do ponto de vista da Economia, mas a conta que interessa mesmo ao produtor é a de dinheiro no bolso”, observa Galvão.

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