Torta de pinhão manso requer cuidado especial

15.09.2009 | 20:59 (UTC -3)

Para orientar sobre o manuseio da torta do pinhão manso e fatores tóxicos e riscos que ela representa, a pesquisadora da Embrapa Agroenergia Silvia Belém apresentou sexta-feira (11), palestra para analistas, assistentes, pesquisadores e estagiários do laboratório de Biofísica e Bioquímica, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

No local, várias pesquisas com o material são realizadas.

Com o tema “Toxicidade da Torta do Pinhão Manso”, a pesquisadora expôs a maneira correta de se trabalhar com esse resíduo. “É um material bastante tóxico. As pessoas precisam saber das reações que cada substância provoca e os cuidados que devem ser adotados”, afirma Silvia Belém.

Dentre as substâncias, devem ser redobrados os cuidados com os ésteres de forbol, pois são as mais tóxicas. O maior índice de toxidez está no óleo extraído da torta. Mas, como a eliminação desse óleo não é total, os ésteres permanecem na torta. Essas substâncias podem causar severa intoxicação levando a morte, tanto dos seres humanos quanto dos animais.

Para evitar a contaminação, Sílvia recomenda que as pessoas que manusearem o óleo de pinhão manso, devem usar máscaras como proteção. “A contaminação só acontece se o produto for ingerido ou aspirado”, reforça. De acordo com Silvia, além dos ésteres de forbol, a torta contém as proteínas a curcina e a albumina 2S, e entre as proteínas nocivas aos seres humanos e aos animais, a mais importante é a curcina. Ela inibe a síntese de proteínas e causa diversos efeitos, entre eles, a diarréia. Outra proteína sempre citada é a albumina 2S, que é alergênica e causa irritação na pele e nos olhos, em pessoas com maior sensibilidade.

Silvia alerta para os cuidados. Como os efeitos nocivos são diferentes, cuidados distintos devem ser observados ao manipular o óleo ou a torta do pinhão manso. Em relação ao óleo, onde se concentram os ésteres de forbol, as pessoas devem se proteger utilizando máscara e luvas, para evitar ingestão ou inalação. Outra recomendação está relacionada à manipulação da torta ou do fruto inteiro. Neste caso, é necessário usar avental de mangas compridas e óculos de proteção, para evitar o contato com a pele e com os olhos.

Pesquisas para eliminar as substâncias nocivas

Para viabilizar a utilização do pinhão manso como matéria prima para o biodiesel, a proposta é utilizar a torta na alimentação animal. Assim, a Embrapa Agroenergia, em parceria com outras unidades da Empresa e instituições parcerias, está desenvolvendo experimentos para destoxificar a torta do pinhão manso.

Avanços nesta área já ocorreram, salienta a pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Simone Mendonça, responsável por este trabalho. No entanto, não existe nenhum processo comprovadamente eficiente publicado ou patenteado até o momento. “Chegar a esse resultadoé o nosso grande desafio”, afirma.

Outra estratégia, aponta o pesquisador da empresa, Bruno Laviola, envolve a identificação de acessos com baixa concentração ou com ausência de éster de forbol nos grãos e a posterior incorporação da característica em cultivares comerciais através do melhoramento genético. “Por isso, precisamos ampliar a base genética do banco de germoplasma, com materiais que contenham essas características e outras de interessa do setor produtivo do País”, salienta Laviola.

Congresso sobre pesquisa de pinhão manso

A destoxificação da torta e outras pesquisas, assim como produção e mercado daplanta serão temas abordados no I Congresso Brasileiro de Pesquisa em Pinhão Manso, previsto para os dias 11 e 12 de novembro, em Brasília. O evento é promovido pela Embrapa Agroenergia e Associação Brasileira dos Produtores de Pinhão Manso, com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O prazo para envio dos trabalhos se encerra no dia 30 de setembro. Mais informações sobre o Congresso podem ser obtidas no endereço

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Daniela Garcia Collares

Embrapa Agroenergia

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