Produção de uvas e pêssego é prejudicada pelo clima no RS
O excesso de chuvas causou prejuízos aos parreirais, impedindo o produtor de realizar tratamentos fitossanitários; a antracnose e o míldio têm sido presença constante nos vinhedos
O cultivo envolve grandes e pequenos produtores e o crescente aumento da área plantada reflete a sua importância na cadeia produtiva de hortaliças. Mas trata-se de um cenário relativamente recente: até a metade da década de 50, o cultivo de alho no Brasil era uma atividade "de fundo de quintal", e base de troca com outros produtos. Os tempos mudaram e hoje, em algumas regiões, o alho é uma cultura extensiva, ombreando com soja e milho, por exemplo, em áreas de até 300 hectares.
O uso de novas tecnologias desenvolvidas para a hortaliça é apontado como a mola propulsora dessa inversão. "Para garantir o aumento da produtividade e da competitividade do nosso alho, a introdução de tecnologias voltadas para a cultura tem sido fundamental", avalia o pesquisador Francisco Resende, que coordena o Programa de Melhoramento de Alho da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF). Segundo ele, a tecnologia da vernalização tornou possível, por exemplo, a adaptação das cultivares desenvolvidas no Sul do Brasil ao bioma Cerrado.
"Como a cultura é típica de regiões de clima temperado, foi a partir da vernalização que surgiram os grandes produtores da região Centro-Oeste", assinala o pesquisador. Ele explica que o processo implica na colocação do alho em câmara fria, numa temperatura de 3 a 5 graus centígrados num período de 50 a 60 dias antes do plantio. De acordo com Resende, esse sistema reproduz as condições climáticas próprias do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, permitindo a produção do alho no Centro-Oeste, mesmo que a região não possua as mesmas condições de clima.
A produtividade alcançada com o uso de tecnologias pode ser exemplificada com salto verificado num período de 40 anos, conforme aponta o pesquisador: "Até o final da década de 1970, a produção dificilmente passava três toneladas por hectare, e hoje temos grandes produtores produzindo cerca de 20 a 22 toneladas por hectare".
Além do alho nobre, vindo dessas variedades que precisam de vernalização para ser plantadas na região central do Brasil, existem as cultivares do chamado alho comum, cultivadas por pequenos produtores (cerca de 20%). Menos exigentes em temperatura, elas são adaptadas ao Sudeste, Centro-Oeste e a algumas partes do Nordeste.
Alho livre de vírus
O alho-semente livre de vírus foi desenvolvido pela Embrapa Hortaliças, por meio de pesquisas iniciadas em 1992, e que buscavam soluções para as doenças viróticas, um dos maiores problemas fitossanitários da cultura. Por serem parasitas intracelulares, não há controle com produtos químicos – a única forma de controlar as viroses é através de tecnologia desenvolvida em laboratório de biologia celular. A cultivar de alho BRS Hozan, livre de vírus e que dispensa vernalização, lançada em 2013, é fruto desse trabalho.
Resende destaca que, num primeiro momento, foi expressivo o impacto da tecnologia para os pequenos produtores. "Em 2012, quando iniciamos o trabalho de validação nos municípios baianos de Cristópolis e Cotegipe, a produtividade do alho não passava de quatro toneladas por hectare; em 2013 alcançou cerca de 16 toneladas por hectare, números que refletiram no aumento da renda dos produtores", contabiliza.
O alho-semente BRS Hozan é produzido e comercializado pelas empresas licenciadas Eagle Flores, Frutas & Hortaliças (Uberlândia-MG) e Fazenda Santa Catarina (Planaltina-DF), além do produtor Shiro Kondo (Guatapará-SP).
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