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Pesquisadores e técnicos da Embrapa Acre estão empregando tecnologias geoespeciais, normalmente utilizadas para monitorar a produção agropecuária, para mapear a evolução da pandemia no estado. As ferramentas permitem gerar informações cartográficas para auxiliar no enfrentamento e no controle da disseminação do novo coronavírus no Acre.
A partir de informações do Departamento de Vigilância em Saúde e da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), profissionais com expertise em mapeamento de solos trabalham na construção de um banco de dados geográficos e geram mapas distintos sobre o avanço da Covid-19 no estado. As ferramentas permitem aos órgãos locais de saúde acompanhar a evolução da doença e traçar medidas territoriais preventivas.
Os mapas sobre a espacialização da incidência do coronavírus no Acre subsidiam a produção de boletim informativo, divulgado diariamente pela Sesacre, sobre o avanço do vírus em diferentes bairros da capital, Rio Branco, e no interior do estado. Além de dados atualizados sobre o número de casos notificados e quantitativo confirmado, a publicação traz a distribuição geoespacial da Covid-19 no território acreano.
De acordo com o secretário de Saúde do Acre, Alysson Bestene, o georreferenciamento tem ajudado os técnicos da área a orientar a população sobre o grau de incidência de casos de coronavírus e a traçar medidas que evitem o alastramento da doença.
“A tecnologia permite, de maneira muito prática e rápida, agirmos diretamente nos focos de contaminação, inclusive com medidas preventivas e pontuais para determinadas comunidades”, relata o secretário. “Além de estar na vanguarda das mais avançadas tecnologias, a Embrapa demonstra, com esse apoio à população, o seu compromisso social. Isso é valioso neste difícil momento pelo qual todos passam”, afirma Bestene.
De acordo com o pesquisador Eufran do Amaral, chefe-geral da Embrapa Acre, os dados repassados pela Sesacre são vinculados aos mapas cartográficos de bairros e dos municípios do estado. “Dessa forma, construímos um mapa diário com escala de cor para indicar a distribuição dos casos por bairro, em Rio Branco e outras cidades acreanas. A ferramenta possibilita conhecer a localização exata dos casos confirmados”, explica.
Além disso, é possível acompanhar a evolução geoespacial das ocorrências, integrar com outras informações, como a distribuição da rede de saúde, e definir estratégias para evitar a contaminação comunitária pelo coronavírus.
Para desenvolver os mapas, é utilizado o sistema de informações geográficas (Geographic Information System, GIS), associado à base cartográfica da área urbana de Rio Branco, elaborada pela prefeitura, na escala de 1:10.000, ou seja, cada centímetro no mapa corresponde a 100 metros no terreno. Além disso, integra a base cartográfica do Estado, utilizada no Zoneamento Ecológico e Econômico (ZEE), na escala 1:250.000, em que um centímetro no mapa equivale a 2,5 quilômetros.
Estudos revelam que a relação medicina-geociências é antiga e que essa interdisciplinaridade entre as diferentes áreas do conhecimento ajuda a salvar vidas. Segundo a pesquisadora da Embrapa Territorial (SP) Marcia Dompieri, o uso da inteligência espacial (GIS) no controle de epidemias pode auxiliar na definição de estratégias de isolamento de grupos de pessoas, inclusive com segmentação por idade e renda, e de localidades mais propícias para atendimento das distintas necessidades da comunidade.
“As informações podem subsidiar, por exemplo, a movimentação de pessoas via sinal de geolocalização de celular, a identificação de locais estratégicos para a montagem de hospitais de campanha e realização de testagem de casos suspeitos, além da distribuição de alimentos e de materiais de proteção”, exemplifica a cientista ao ressaltar que o Brasil conta com centros renomados de pesquisa em geomedicina, como o Núcleo de Geoprocessamento da Fiocruz, que podem ser aliados dos órgãos de saúde dos estados. A Embrapa é capaz de apoiar esse esforço com seus laboratórios e núcleos de geoprocessamento aplicados ao setor agropecuário e que geram ativos cartográficos em todas as regiões do País. “A soma dessa expertise a esforços governamentais é fundamental para o trabalho de mapeamento e análise da disseminação espacial do coronavírus”, segundo Dompieri.
Retrato atual no AcreOs mapas do dia 12 de abril revelam que a maioria dos 77 casos confirmados no estado, 77,9%, estão na capital, e 12,9% em Acrelândia, a 106 quilômetros de Rio Branco. Segundo os dados, 35% dos casos estão concentrados nos bairros da região central da capital: Morada do Sol, Bosque, Manoel Julião e Estação Experimental. Mas a partir do dia 9 de abril foram registrados casos isolados em bairros mais afastados do centro da capital.
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Os mapas do dia 12 de abril revelam que a maioria dos 77 casos confirmados no estado, 77,9%, estão na capital, e 12,9% em Acrelândia, a 106 quilômetros de Rio Branco. Segundo os dados, 35% dos casos estão concentrados nos bairros da região central da capital: Morada do Sol, Bosque, Manoel Julião e Estação Experimental. Mas a partir do dia 9 de abril foram registrados casos isolados em bairros mais afastados do centro da capital.
Uso na pesquisa agropecuáriaDesenvolvidos para produzir, gerenciar, compartilhar e analisar dados espaciais, os sistemas de informações geográficas são ferramentas bastante utilizadas no setor agropecuário na elaboração de zoneamentos, instrumentos de ordenamento e gestão territorial. Nesse trabalho, as áreas estudadas são divididas em porções homogêneas, seguindo critérios pré-estabelecidos para o ordenamento de classes quanto às suas potencialidades e fragilidades. “O zoneamento permite recomendar melhor utilização da terra, ter maior expectativa do retorno agropecuário e maior efetividade na concessão de crédito, uma vez que diminui os riscos da produção, entre outras funcionalidades”, afirma Amaral. Nos zoneamentos pedoclimáticos (solo e clima) ou agroclimáticos (requerimentos da cultura em relação a questões climáticas), por exemplo, os estudos visam gerar informações sobre as áreas mais adequadas para cultivos agrícolas e atividades pecuárias e florestais, considerando aspectos de solo e clima, conforme exigências da cultura ou forrageira. “Os zoneamentos são tecnologias inclusivas e podem se converter estrategicamente em política pública nas diferentes esferas de gestão: municipal, estadual e nacional. É um instrumento importante para a tomada de decisão sobre o plantio e manejo das culturas, de acordo com os padrões tecnológicos utilizados”, afirma Amaral. No Acre, o trabalho de zoneamento pedoclimático, realizado no âmbito de diferentes projetos de pesquisa, com distintos enfoques, servirá de base para a elaboração de planos agrícolas municipais. Em Cruzeiro do Sul, na regional do Juruá, o mapeamento detalhado dos solos do município, finalizado no ano passado, é um dos resultados práticos do projeto “Conhecimento compartilhado para gestão territorial local na Amazônia – Terramz”. O estudo reúne informações sobre os tipos de solos, características da hidrografia, do relevo, vegetação e grau de ocupação da terra. Executado no Acre, Amapá, Roraima, Amazonas e Maranhão, a partir de demandas específicas de cada localidade, o Terramz faz parte do Projeto Integrado da Amazônia (PIA), iniciativa financiada pelo Fundo Amazônia e operacionalizada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em cooperação com o Ministério do Meio Ambiente (MMA). A iniciativa também capacita profissionais de diferentes áreas para o uso efetivo dos dados do mapeamento. No Juruá, a agenda de cursos iniciou em março deste ano. “Os mapas produzidos por meio de metodologias participativas visam gerar tecnologias e inovações para melhoria do processo de ocupação e gestão de territórios menores, como municípios, vilas e propriedades rurais, de forma a orientar as atividades produtivas e as políticas públicas territoriais” ressalta Amaral. |
Desenvolvidos para produzir, gerenciar, compartilhar e analisar dados espaciais, os sistemas de informações geográficas são ferramentas bastante utilizadas no setor agropecuário na elaboração de zoneamentos, instrumentos de ordenamento e gestão territorial.
Nesse trabalho, as áreas estudadas são divididas em porções homogêneas, seguindo critérios pré-estabelecidos para o ordenamento de classes quanto às suas potencialidades e fragilidades. “O zoneamento permite recomendar melhor utilização da terra, ter maior expectativa do retorno agropecuário e maior efetividade na concessão de crédito, uma vez que diminui os riscos da produção, entre outras funcionalidades”, afirma Amaral.
Nos zoneamentos pedoclimáticos (solo e clima) ou agroclimáticos (requerimentos da cultura em relação a questões climáticas), por exemplo, os estudos visam gerar informações sobre as áreas mais adequadas para cultivos agrícolas e atividades pecuárias e florestais, considerando aspectos de solo e clima, conforme exigências da cultura ou forrageira.
“Os zoneamentos são tecnologias inclusivas e podem se converter estrategicamente em política pública nas diferentes esferas de gestão: municipal, estadual e nacional. É um instrumento importante para a tomada de decisão sobre o plantio e manejo das culturas, de acordo com os padrões tecnológicos utilizados”, afirma Amaral.
No Acre, o trabalho de zoneamento pedoclimático, realizado no âmbito de diferentes projetos de pesquisa, com distintos enfoques, servirá de base para a elaboração de planos agrícolas municipais. Em Cruzeiro do Sul, na regional do Juruá, o mapeamento detalhado dos solos do município, finalizado no ano passado, é um dos resultados práticos do projeto “Conhecimento compartilhado para gestão territorial local na Amazônia – Terramz”. O estudo reúne informações sobre os tipos de solos, características da hidrografia, do relevo, vegetação e grau de ocupação da terra.
Executado no Acre, Amapá, Roraima, Amazonas e Maranhão, a partir de demandas específicas de cada localidade, o Terramz faz parte do Projeto Integrado da Amazônia (PIA), iniciativa financiada pelo Fundo Amazônia e operacionalizada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em cooperação com o Ministério do Meio Ambiente (MMA). A iniciativa também capacita profissionais de diferentes áreas para o uso efetivo dos dados do mapeamento. No Juruá, a agenda de cursos iniciou em março deste ano. “Os mapas produzidos por meio de metodologias participativas visam gerar tecnologias e inovações para melhoria do processo de ocupação e gestão de territórios menores, como municípios, vilas e propriedades rurais, de forma a orientar as atividades produtivas e as políticas públicas territoriais” ressalta Amaral.
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