Divulgadas cooperativas que receberão recursos para capacitação
O “Show Rural Coopavel”, de 4 a 8 de fevereiro de 2013, é um evento tecnológico promovido pela Coopavel Cooperativa Agroindustrial de Cascavel/PR. Além de ser uma vitrine tecnológica que facilita o acesso de produtores rurais a equipamentos e técnicas que auxiliam a produzir mais e melhor, mesmo com as severas adversidades climáticas atuais, constitui-se em tradicional encontro de técnicos, pesquisadores, agricultores e pecuaristas de todo o Brasil. Em 2013, a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) irá apresentar algumas de suas tecnologias, com o o coletor solar, a pulverização eletrostática, as estufas de topo aberto, a meliponicultura com abelhas sem ferrão (ASF) e a metodologia de produção integrada de morango – PIMo.
Esse equipamento, que utiliza a energia solar para desinfestar misturas de solo, estercos e adubos (substratos) utilizadas em viveiros de plantas, tem a finalidade de acabar com os fungos patogênicos, bactérias e algumas sementes de plantas daninhas dos substratos que serão utilizados para o plantio de mudas produzidas em recipientes como sacos plásticos, vasos ou bandejas, principalmente em viveiros. O objetivo principal é produzir mudas livres de microrganismos de solo prejudiciais ao seu desenvolvimento. É extremamente simples, barato e pode ser construído pelo próprio usuário. O sol aquece o substrato no interior dos tubos e os patógenos são eliminados pelo calor. Normalmente, em um dia de sol, a temperatura dentro dos tubos chega a 70 graus, o que é suficiente para matar os patógenos mais comuns como Scletorinia sclerotiorum, Sclerotium rolfsii, Verticillium e Rhizoctonia solani entre outros, pois são todos sensíveis ao calor.
O mecanismo de funcionamento é o mesmo de um aparelho de energia solar para aquecer água nas residências, mas neste caso o calor produzido tem a finalidade de eliminar fungos, bactérias e algumas plantas daninhas. O coletor solar substitui o uso do gás brometo de metila, que além de caro e perigoso, está proibido para o usuário por ser prejudicial à saúde dos usuários e ao meio ambiente.
A agricultura brasileira é uma das que maior quantidade de agroquímicos utiliza por unidade produtiva, sendo que o aproveitamento real desses insumos não chega a 20%, sendo portanto uma das que maior desperdício registra em todo o mundo e tendo também como consequência grande agressão ao Meio Ambiente pela aplicação dessas moléculas em organismos não alvos.
Nas últimas décadas houve grande avanço no desenvolvimento de novas e poderosas moléculas químicas para diversos tipos de aplicação, mas as tecnologias de aplicação desses agroquímicos permaneceu semelhante ao que se praticava no início do século passado, resultando em baixíssima eficiência. As técnicas desenvolvidas pela Embrapa Meio Ambiente, entre elas a pulverização eletrostática vem colaborar sobremaneira para minimizar o desperdício desses insumos, aumentando a deposição de moléculas apenas sobre os alvos biológicos de interesse, minimizando as derivas e desperdícios e reduzindo o custo de produção. Essas melhores técnicas de aplicação associadas aos preceitos de produção integrada” de alimentos e aos cuidados específicos com a saúde dos operadores de aplicação e dos consumidores do alimento final, vêm trazendo enorme contribuição para a moderna agricultura brasileira.
As estufas de topo aberto (OTCs) são estruturas usadas para experimentos de campo com a finalidade de criar um ambiente que represente a atmosfera futura do final deste século. Uma parte das OTCs recebe aplicação de gás carbônico, aumentando a taxa de CO2 do ar (atmosfera futura) e outra parte permanece sem aplicação (atmosfera atual). No seu interior são cultivadas plantas de interesse econômico sendo parte delas inoculadas com patógenos para que ocorram pragas ou doenças. Dessa forma, são comparadas as plantas do futuro e as atuais quanto ao crescimento, à fisiologia, à produção e, principalmente, à ocorrência de pragas e doenças.
O projeto Climapest (
), liderado pela Embrapa Meio Ambiente construiu seis experimentos desse tipo em diferentes regiões do Brasil, onde diversas culturas importantes e suas doenças e pragas estão sendo estudadas.
A Produção Integrada (PI Brasil) é um programa coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), passível de certificação chancelada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e que conta com o apoio de um elevado número de instituições de pesquisa, ensino e extensão para seu fomento, desenvolvimento técnico e formação de multiplicadores envolvidos no processo de conversão do sistema convencional para o sustentável.
Vem atender a busca dos setores produtivos por alternativas ao denominado sistema convencional de produção, visando racionalizar e reduzir o uso de agroquímicos, estimular o equilíbrio do ecossistema e manter a segurança e qualidade dos produtos.
No Estado de São Paulo, um exemplo de sucesso da PI Brasil foi a obtenção da certificação da PIMo na região de Atibaia, Jarinu e Valinhos em 2011. Na safra 2012 os produtores certificados já comercializaram morangos com o selo Brasil Certificado – Agricultura de Qualidade. A PIMo se apresenta como alternativa viável de orientação para implementação de boas práticas agrícolas associadas à rastreabilidade em todas as etapas do processo produtivo.
Com o monitoramento de pragas e doenças, o seu controle só ocorre quando há real necessidade. As primeiras tentativas são feitas usando-se controles físicos e biológicos. Em último caso utilizam-se os agrotóxicos. E mesmo assim, as normas da PIMo só permitem utilização de produtos registrados pelo Mapa, de forma disciplinada e com os devidos cuidados de proteção ao aplicador. Cada utilização precisa ser anotada no caderno de campo, que será depois auditado. Se todas essas etapas forem cumpridas adequadamente, no final do processo o morango PIMo recebe um selo com a chancela do Inmetro. Por priorizar o equilíbrio da planta com monitoramento da qualidade de água e solo e de pragas e doenças, promove eficiência no uso de recursos naturais e redução nos riscos de contaminação ambiental e humana. Contribui com a sustentabilidade pela redução de gastos com agrotóxicos e consequentemente redução de contaminação do ambiente, dos trabalhadores rurais e consumidores. As capacitações técnicas e obrigatoriedade de contratação de mão de obra especializada promovem aumento de emprego e renda e bem estar social.
A agroecologia se apresenta como uma importante alternativa ao agricultor familiar frente às dificuldades econômicas, tecnológicas, sociais e ambientais impostas a este setor pelo sistema convencional de produção. Essa abordagem associa o conhecimento técnico e as experiências práticas dos próprios agricultores para desenvolver sistemas agrícolas complexos que apresentem uma dependência mínima de insumos agroquímicos e/ou externos, visando garantir sua sustentabilidade econômica, social e ambiental. Nesse contexto, a criação racional de abelhas sem ferrão apresenta-se como uma atividade totalmente compatível com o manejo agroecológico, que pode contribuir com a renda dos pequenos produtores e uma melhoria na qualidade nutricional na dieta dessas famílias.
As abelhas sem ferrão constituem um grupo bastante diverso de abelhas sociais que podem ser criadas racionalmente sem oferecer perigo às pessoas e aos animais domésticos. Elas são as abelhas sociais nativas do Brasil e podem ser manejadas para a produção de mel, própolis, pólen e também para a comercialização de colmeias e matrizes. Existem diversos modelos de caixa para a criação racional em função da espécie escolhida (tamanho populacional e corporal) e da finalidade para a qual a espécie é criada. Para a confecção dessas caixas pode-se utilizar materiais recicláveis e de baixa manutenção. A criação de abelhas sem ferrão, conhecida como Meliponicultura, é uma atividade que não demanda dedicação exclusiva e pode contemplar a participação de todo módulo familiar. A presença dessas abelhas em áreas agrícolas além contribuir com a polinização de várias culturas, aumentando a produtividade e qualidade de frutos e sementes, pode contribuir com a reprodução de plantas silvestres existentes naturalmente no sistema mantendo a sua diversidade.
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