Técnicas da biotecnologia devem contribuir na propagação do pequizeiro

07.10.2009 | 20:59 (UTC -3)

Uma das espécies mais conhecidas do Cerrado, o pequi poderá ser propagado in vitro, utilizando técnicas avançadas da biotecnologia.

Essa é a proposta de um trabalho de pesquisa que começa a ser desenvolvido na Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que fica em Planaltina (DF). A idéia é fazer a propagação da árvore em laboratório, o que deve baratear as mudas das árvores, além facilitar a domesticação da planta e a seleção de mudas com características mais importantes para ampliar a produção comercial do fruto, que é rico em vitamina A e é muito apreciado pela culinária regional de diversos estados.

Normalmente a reprodução do pequi ocorre por sementes, que no caso específico da árvore, têm germinação extremamente baixa. Para contornar essas dificuldades, foram tentadas, sem muito sucesso, técnicas de enxertia e estaquia para a propagação da planta. Por isso, o desenvolvimento de novas alternativas pode ser relevante para a conservação da espécie, que pode correr riscos a longo prazo. “O pequizeiro ocorre principalmente nas áreas mais planas e altas, onde preferencialmente se instalam as lavouras, e o pequi acaba perdendo cada vez mais espaço”, explica o pesquisador responsável pelo projeto, Sebastião Pedro da Silva Neto.

A aplicação dessas novas técnicas de propagação deverá contribuir para acelerar a seleção de pequis com boa qualidade. Já existe na Embrapa Cerrados uma pesquisa que identificou um tipo de pequi sem espinho e outro tipo, que produz árvores anãs. No entanto, por reprodução natural, não é possível assegurar a perpetuação dessas características. “Como o pequi tem polinização cruzada, não se pode garantir que uma árvore tenha a mesma característica da árvore de origem”, explica Sebastião Pedro. “Já a que é resultante da propagação in vitro é um clone, o que dá certeza de como ela será”, acrescenta.

Uma das técnicas a ser aplicada nessa pesquisa é a embriogênese, que cria embriões a partir de um tecido vegetativo e não pela fecundação. O processo permite a regeneração de embriões a partir de células vegetativas ou de calos formados a partir de qualquer tecido da planta, resultando em plantas completas com a mesma carga genética da matriz que lhe deu origem. A partir do domínio desta técnica será possível a produção de grande quantidade de mudas utilizando meios de cultura líquidos e bioreatores. Embora exija mão-de-obra especializada, a propagação in vitro deve gerar mudas a preços acessíveis, pelo efeito de aumento da escala de produção e a conseqüente redução dos gastos com reagentes.

Sebastião Pedro conta que essas tecnologias já estão dominadas para algumas espécies vegetais em outros países. Já essa pesquisa com o pequizeiro deverá produzir seus primeiros resultados em cerca de dois anos.

Clarissa Lima Paes

Embrapa Cerrados

(61) 3388-9945 /

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