Tarifas dos EUA afetam embarques e preços do café

Volatilidade marca semana de preços, com exportações e vendas abaixo da média no Brasil

21.07.2025 | 17:17 (UTC -3)
Milena Camargo

Os preços do café oscilaram na semana passada, refletindo as incertezas contínuas do mercado, à medida que os participantes continuam a absorver o anúncio das tarifas americanas de 50% sobre os produtos brasileiros. Os EUA são o maior consumidor de café do mundo, enquanto o Brasil é o maior produtor e fornecedor mundial e dos EUA.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Nacional de Café do país (NCA), cerca de 66% (ou dois terços) dos adultos americanos bebiam café diariamente em janeiro de 2025, com média de três xícaras da bebida por dia. Esse nível de consumo reflete uma penetração constante no mercado consistente com os últimos quatro anos, apesar da inflação e dos preços mais altos.

“No entanto, o Índice de Preços ao Consumidor já subiu em junho, com o início do repasse das tarifas e, com as taxas sobre os produtos brasileiros, os preços do café seriam afetados, pois os importadores dos EUA serão os responsáveis por pagar os custos adicionais e repassá-los aos consumidores. Essa perspectiva também levou alguns traders a apressar os embarques do Brasil no início da semana”, diz Laleska Moda, analista de inteligência de mercado da Hedgepoint Global Markets.

“Esse movimento também se refletiu na alta dos futuros do arábica nos últimos dias, já que o Brasil tem uma maior disponibilidade de arábica no momento. Com a maioria dos outros produtores em sua entressafra, o Brasil assumiu um papel de liderança no fornecimento, empurrando o contrato de setembro para mais perto do nível de 310 c/lb na quarta e quinta-feira (17), apesar do recuo desta semana com a pressão da colheita”, explica a analista.

Os futuros do robusta subiram 8,8% no dia 14 de julho, mas os preços perderam suporte no final da semana devido à maior disponibilidade da variedade. Além disso, na quarta-feira (16), o presidente-executivo do Cecafé, Marcos Matos, afirmou que o grupo não está considerando uma pausa no fornecimento de café para os EUA. O governo e o setor brasileiro também estão trabalhando no assunto, com o café ocupando o centro das negociações em andamento sobre as tarifas dos EUA.

Separadamente, desde abril, a Associação Nacional de Café (NCA) dos EUA está em negociações com representantes do governo Trump. O objetivo é incluir o café brasileiro na lista de produtos estratégicos, o que o isentaria de novas tarifas. No entanto, nenhum acordo foi alcançado até agora.

Embora não haja riscos climáticos imediatos e 77% da safra de café do Brasil já tenha sido colhida, a incerteza continua em torno das tarifas e fluxo comercial dos EUA, o que provavelmente manterá a volatilidade do mercado. “O cenário atual também é de vendas mais lentas no Brasil. Muitos agricultores optaram por ficar fora do mercado nos últimos meses, após uma queda nos preços impulsionada pela pressão de oferta relacionada à colheita, levando a dados de comercialização abaixo da média”, diz.

Em junho, as vendas do Arábica ficaram em 29%, enquanto as do Robusta, em 35%, ambas abaixo da média de 38% do período. Com novas preocupações surgindo em torno da política comercial, as condições lentas do mercado podem continuar.

A menor comercialização também se refletiu nos embarques do Brasil. As exportações de arábica em junho atingiram apenas 1,8 milhão de sacas, 26,9% a menos do que no mesmo período de 2024 e abaixo da média de cinco anos. Enquanto as 476,3 mil sacas de robusta embarcadas em junho ficaram acima da média, as exportações ainda permaneceram 42,2% menores em relação ao ano anterior.

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