Tarde de Campo sobre Plantas Bioativas mobiliza mais de 400 pessoas em Mato Castelhano/RS

30.03.2012 | 20:59 (UTC -3)
Vanessa Almeida de Moraes

Nada de grãos, nem de criações. As plantas bioativas foram o tema da Tarde de Campo realizada na quarta-feira (28) e que levou mais de 400 pessoas ao Instituto Chico Mendes – Floresta Nacional (Flona), em Mato Castelhano/RS. O evento, que foi organizado pela Emater/RS-Ascar, Prefeitura de Mato Castelhano e Instituto Chico Mendes - ICMBIO MMA - com apoio da Embrapa Florestas e URI Campus de Erechim, teve como objetivo abordar a identificação de plantas, o uso, a fitozooterapia e a preservação de plantas de grande porte e nativas.

Na primeira estação, os pesquisadores da Embrapa Florestas, Maria Cristina Medeiros Mazza e Antônio Maciel Botelho, falaram sobre o Projeto Conservabio, que iniciou na área no ano de 2008. O projeto tem por objetivos produzir conhecimentos científicos e tecnológicos para a conservação e utilização sustentável da biodiversidade vegetal na formação Floresta com Araucária. De acordo com a pesquisadora, o que se busca é dar subsídios para a formulação de políticas públicas, a diversificação de espécies para uso nos sistemas agroflorestais, recuperação de áreas ciliares e reserva legal e agregação de valor e renda das comunidades de agricultores familiares e tradicionais do entorno das Florestas Nacionais. O pesquisador Maciel Botelho frisou que o importante é não fazer a monocultura. “O ideal é o sistema agroflorestal, que garante a diversidade e a complexidade”, disse.

Desde o início do projeto, desenvolvido em parceria com o grupo da Terceira Idade, já foram identificadas mais de 200 espécies nativas, dessas, dez foram priorizadas pelas comunidades, como erva-mate, araucária, espinheira-santa, araçá, pitanga, entre outras.

Na parcela sobre fitozooterapia, a extensionista de bem-estar social Odete Fink e a veterinária Giovana Rosa da Costa, ambas da Emater/RS-Ascar, falaram sobre o uso da utilização de plantas medicinais no tratamento dos animais, tanto curativo, quanto preventivo. “Trabalhamos com desinfetante à base de linhaça, que pode ser utilizado no pós-ordenha, evitando a mastite. Outro produto que ajuda também a minimizar o custo com a produção de leite é o desinfetante para lavagem de tetos e de equipamentos utilizados na ordenha”, explicou Odete. As extensionistas também ensinaram a fazer macerados à base de alho para o controle de pulgas em pequenos animais, como cães e gatos.

A terceira estação foi sobre identificação, cuidados e uso das plantas bioativas, apresentada pelas extensionistas da Emater/RS-Ascar Sandra Gayger e Rosângela Dallagasperina. Elas fizeram um relato sobre o histórico das plantas e destacaram a importância da identificação. Segundo as extensionistas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, 80% da população fazem uso de plantas medicinais de alguma forma. O importante é escolher em dia seco, plantas sadias e em lugares sem poluição e sem contaminação. Essas recomendações servem de alerta para a colheita da Marcela, tradicionalmente feita na Semana Santa. Após a colheita, a secagem deve ser na sombra, em local ventilado, sem sujeira e livre de animais. Para a armazenagem a orientação é guardar as plantas em vidro ou papelão, em local fresco e sem claridade, e rotular com o nome da planta, data, local da colheita e para que serve.

Para a agricultora Salete Meirelles, representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ciríaco, o dia foi proveitoso e deixa como lição a importância da conscientização e a necessidade da diversidade. “Ainda bem que já tem bastante gente trabalhando no sentido de manter a diversidade”, destacou. Para as agricultoras e proprietárias do Horto Santa Gema de Plantas Medicinais, de Passo Fundo, Rita Biff e Beatriz Casanova, o evento valeu para conhecerem o caminho certo no processo. “Vimos algumas espécies diferentes com as quais não trabalhamos e também tivemos a oportunidade de conhecer esse lugar lindo”, disseram.

O coordenador do Instituto Chico Mendes, Reni Osvino Weirich, explicou que na Floresta Nacional é possível fazer experimentos, atendendo as necessidades da comunidade. “A Flona se apresenta hoje com uma grande capacidade de trabalhar questões da área ambiental e florestal, pois além de ser uma área de conservação, ela permite esse tipo de experiências. Se estivéssemos em um Parque Nacional ou em uma Reserva Biológica, não poderíamos ter feito o horto, por exemplo”, esclareceu.

Para o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Milton Rossetto, os temas apresentados foram muito interessantes. “Todo mundo em algum momento faz o uso das plantas, mas não damos a devida importância, como em outros países na questão da saúde pública. Quem sabe, a partir de ações dessa natureza, engajadas com o setor político, movimentos sociais e de classes, conseguimos trazer essas plantas efetivamente para o uso na saúde público, rompendo um pouco com a questão dos medicamentos sintéticos”, disse Rossetto em seu pronunciamento.

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